FESTA
DE SÃO PAULO APÓSTOLO
25 de
janeiro de 2022
Paróquia
São Conrado
Paulo
é o nome grego de Saulo, homem hebreu de religião judia, oriundo de Tarso da
Cilícia, cidade situada no sudeste da atual Turquia, e que viveu no século I
depois de Cristo. Paulo foi, portanto, contemporâneo de Jesus de Nazaré, embora
provavelmente não tenham chegado a encontrar-se em vida.
Saulo
de Tarso foi educado no farisaísmo, uma das seitas do judaísmo do século I.
Como ele próprio conta na sua Epístola aos Gálatas, seu zelo pelo judaísmo
levou-o a perseguir o nascente grupo dos cristãos (Gal 1, 13-14), que
considerava contrários à pureza da religião judaica, até o dia em que, na
estrada de Damasco, o próprio Jesus mostrou-se a ele e o chamou para segui-lo,
como antes havia feito com os apóstolos. Saulo respondeu a esse chamado
batizando-se e dedicando a sua vida à difusão do evangelho de Jesus Cristo (At
26, 4-18).
A
conversão é um dos momentos-chave da vida de São Paulo, porque é precisamente
quando ele começa a entender o que é a Igreja como Corpo de Cristo: perseguir
um cristão é perseguir o próprio Cristo. Na mesma passagem, Jesus apresenta-se
como “Ressuscitado", situação a que após a morte chegarão todos aqueles
que seguirem os passos de Jesus, e como “Senhor", reforçando o seu caráter
divino, uma vez que a palavra “senhor", kyrie, é usada na Bíblia grega
para referir-se ao próprio Deus. Podemos, pois, dizer que recebeu do próprio
Jesus o evangelho que devia pregar, e logo, pela ajuda da graça e pela sua
própria reflexão, soube tirar dessa primeira luz muitas das principais
implicações do evangelho, tanto para uma maior compreensão do mistério divino
como para mostrar as suas consequências para a situação e atuação dos homens
com ou sem fé em Cristo.
Paulo
é apresentado no momento da sua conversão com características de profeta e
recebe juntamente com a fé uma missão bem concreta. Como diz outro livro do
Novo Testamento, os Atos dos Apóstolos, o Senhor disse a Ananias, o homem que
devia batizar Paulo: “Vai, porque este homem é para mim um instrumento
escolhido, que levará o meu nome diante das nações, dos reis e dos filhos de
Israel. Eu lhe mostrarei tudo o que terá de padecer pelo meu nome" (At 9,
15-16). O Senhor também disse o mesmo a Paulo: “Eu sou Jesus, a quem persegues.
Mas levanta-te e põe-te em pé, pois eu te apareci para te fazer ministro e
testemunha das coisas que viste e de outras para as quais hei de manifestar-me
a ti. Escolhi-te do meio do povo e dos pagãos, aos quais agora te envio para
abrir-lhes os olhos, a fim de que se convertam das trevas à luz e do poder de
Satanás a Deus, para que, pela fé em mim, recebam perdão dos pecados e herança
entre os que foram santificados" (At 26, 15-18).
São
Paulo levou a cabo a sua missão de pregar o caminho da salvação realizando
viagens apostólicas, fundando e fortalecendo comunidades cristãs nas diversas
províncias do Império Romanos por que passava: Galácia, Ásia, Macedônia, Acaia,
etc. Os escritos do novo testamento revelam-nos um Paulo escritor e pregador.
Quando chegava a um lugar, Paulo ia à sinagoga, lugar de reunião dos judeus,
para pregar o evangelho. Depois, dirigia-se aos pagãos, isto é, aos não judeus.
Depois
de deixar alguns lugares, quer por ter deixado a pregação inconclusa, quer para
responder as perguntas que as comunidades lhe faziam, Paulo começou a escrever
cartas, que desde o início foram recebidas nas igrejas com a maior reverência.
Escreveu para comunidades inteiras e para pessoas em particular. O Novo
Testamento transmitiu-nos 14 que tem a sua origem na pregação de Paulo: uma
Carta aos Romanos, duas Carta aos Coríntios, uma Carta aos Efésios, uma Carta
aos Filipenses, uma Carta aos Colossenses, duas cartas aos Tessalonicenses,
duas Cartas a Timóteo, uma Carta a Tito, uma Carta a Filêmon e uma Carta aos
Hebreus. Embora não sejam fácil de datar, podemos dizer que a maioria delas foi
escrita na década que vai do ano 50 e 60.
O
centro da mensagem pregada por Paulo é a figura de Cristo na perspectiva de que
a salvação dos homens foi cara. A redenção efetuada por Cristo, cuja ação
mantém relação estreita com a ação do Pai e a do Espírito Santo, marca um ponto
de inflexão na situação do homem e na sua relação com Deus. Antes da redenção,
o homem caminhava no pecado, cada vez mais distante de Deus, mas agora está no
Senhor, no Kyrios, que ressuscitou e venceu a morte e o pecado, e que constitui
uma só verdade com os que creem e recebem o batismo. Nesse sentido, podemos
dizer que a chave para compreender a teologia paulina é o conceito de conversão
(metánoia), como passo da ignorância à fé, da Lei de Moisés à Lei de Cristo, do
pecado à graça.