II
DOMINGO DA QUARESMA
13
de março de 2022
Paróquia
São Conrado
A
transfiguração de Jesus é uma manifestação do belo, manifestação da beleza
divina no rosto e nas vestes de Jesus. Diante de Jesus transfigurado pela
beleza divina, Pedro, totalmente envolvido na e pela beleza de Deus em Jesus,
tornou-se desejoso de ficar emergido na beleza divina para sempre; queria morar
na beleza divina, fazendo referência à bondade: "Mestre, é bom estarmos
aqui" (E).
A
Palavra do 2DTQ-C está repleta de beleza, a começar pela contemplação do céu.
Deus faz sua promessa a Abraão pedindo que contemple a beleza do céu estrelado
(1L). A promessa divina não se configura unicamente na quantidade incontável de
um céu estrelado, mas na qualidade do mesmo, caracterizado pela beleza
iluminada das estrelas. Uma promessa assinada pela beleza da criação divina
(cf. TB da CF2022, 216). É na beleza divina que procuramos e nos encontramos
com o rosto divino (SR).
Beleza
divina marcada pela luz que, em forma de “tocha de fogo” (teofania) (1L), passa
no meio do sacrifício, o purifica e santifica. “O Senhor é minha luz”, canta o
salmista (SR), luz da beleza purificadora e santificante.
Tudo
que reluz, que brilha, tudo que ilumina manifesta beleza e atrai. Somos
atraídos pela beleza porque a beleza toca o coração, tem a força de atingir o
centro da vida, e isso é bom; enche o coração de bondade. O Texto Base da
CF2022 (n. 214) diz que educar para o belo é educar para o transcendente, não se
limitando “ao estômago” e, pior ainda, ao que é vergonhoso (2L). Paulo
confronta-se com a limitação de muita gente, cristãos incluídos, incapazes de
perceber a paradoxal beleza da Cruz de Jesus Cristo, refulgente com a beleza da
bondade divina e a grandeza do seu amor.
É
com esta disposição, de desejar que todos sejam atraídos pela beleza divina,
que a Igreja propõe a educação pelo belo e a educação para a beleza. Educar
para a beleza do Evangelho, educar para a beleza transfiguradora de entrar em
contato com a divindade de Jesus, como aconteceu com Pedro, João Tiago,
encontrando naquela experiência o desejo de permanecer eternamente envolvido
pela bondade divina: "Mestre é bom estarmos aqui" (E).
Como
Pedro, João e Tiago, os discípulos e discípulas de todos os tempos são
convidados a deixar-se envolver na beleza divina e, possuídos pelo encantamento
dessa beleza, não querer jamais abandonar o Tabor e ali permanecer para sempre.
É um desejo saudável, próprio de quem tem coração contemplativo, de quem vai em
busca da face de Deus (SR) e se envolve com a beleza divina, desejando estar
com Deus eternamente.
É
para essa beleza envolvente de Deus que somos convocados a nos educar nesta
CF2022, para que o envolvimento com a beleza de Jesus, refletida especialmente
no Evangelho, encante o mundo e transfigure vidas. A educação para a beleza do
Evangelho acolhe o convite sempre necessário de Jesus para descer do Tabor (E)
e encantar o mundo com a bondade e a verdade do Evangelho (Cf. TB da CF2022, n.
214).
A
espiritualidade do 2DTQ-C convida os celebrantes a serem contemplativos da
beleza divina. É uma espiritualidade dinâmica, inspirada na confissão do
salmista como buscador da face divina. Para buscar Deus é preciso sair da tenda
e contemplar a beleza do céu estrelado. É preciso deixar, ao menos por um
tempo, a estrada cotidiana que conduz a Jerusalém, para se envolver no silêncio
contemplativo do Tabor, onde Jesus se manifesta em toda sua beleza divina.
Essa
celebração desperta a espiritualidade dos celebrantes para as coisas do alto,
para a luz de Deus, para a transcendência (2L). É preciso acordar os olhos do
coração para ser educado pela beleza divina transfigurando-se diante de nós.
Sempre existe um brilho mais intenso, esplendente, encontrado por quem se
dispõe a subir o Tabor para, na contemplação, buscar o rosto luminoso de Deus.