Como
Jesus lê o jornal de cada dia? Como você acha que Jesus lê o jornal e ouve as
notícias de cada dia? No tempo que Jesus esteve fisicamente entre nós, os
jornalistas não escreviam as notícias no papel e nem as comunicavam pela rádio
ou televisão; davam a notícia oralmente, contando o que tinha acontecido. É o
que ouvimos no Evangelho; contaram a Jesus o assassinato de alguns galileus
que, possivelmente, tinham provocado os soldados de Pilatos. Provocaram os
soldados com violência e foram mortos violentamente. A violência produz
violência e morte. Jesus não ouve as notícias para se revoltar, mas para propor
a necessidade da conversão, a necessidade da mudança de mentalidade: deixar a
mentalidade da violência, que produz morte, por uma proposta nova, capaz de
produzir frutos como uma figueira que produz frutos doces e abundantes no
decorrer do ano.
A
conversão, repito, não acontece de um momento para o outro. Ao contrário, exige
que seja cultivada como se cultiva uma planta, como se cultiva a figueira, diz
Jesus. A comparação de Jesus mostra-nos que a vida cristã não é uma árvore
ornamental, bonita no seu formato; é uma árvore que produz frutos e, para isso,
existe a necessidade de ser cuidada, ser cultivada. O vinhateiro, aquele que
cuida da figueira, é a Igreja.
OBS1
A conversão necessita ser aprendida com a pedagogia pastoral do cultivo da
figueira, uma planta que duas vezes ao ano produz frutos abundantes e doces
(E). Facilmente se compreende que Deus não espera uma religião de atividades
exteriores — muito comum na Quaresma com propostas de sacrifícios em forma de
renúncias pequenas — mas o esforço de cultivar uma nova mentalidade, adubada
pelo Evangelho, que produza frutos deliciosos e abundantes em todas as épocas
do ano.
OBS2
Do ponto de vista pastoral, percebe-se claramente a necessidade de educar o
povo para a conversão, favorecendo a experiência espiritual de contato com Deus
em vista de uma efetiva transformação existencial e, não apenas de algum
hábito, como deixar de comer doce, por exemplo, durante a Quaresma. Quem se
converte não estaciona num esforço particular, como não comer doce, para ficar
no nosso exemplo, mas assume a consequência da conversão: a missão
O
dono da figueira é Deus Pai, que vem buscar frutos na vida de cada um nós. Que
frutos de conversão — de pensar e de agir como Deus — produzimos para Deus,
para nossa família; produzimos aqui na comunidade? Jesus explica bem o trabalho
da Igreja: não se cansar de propor a conversão. Isto é como cuidar de uma
árvore: espera paciente, afofa a terra, coloca adubo, rega, ensina, educa na
fé... mas tem uma coisa: a reação. Para se converter é preciso reagir e o modo
de reagir é produzindo frutos de vida, de bondade, de paciência; frutos de amor
fraterno. Isto acontece quando adubamos nossas vidas com o adubo do Evangelho.
que fertiliza a vida para produzir frutos evangelizados. Amém!