II
DOMINGO DA PÁSCOA
24 de
abril de 2022
Paróquia
São Conrado
O
Evangelho de João descreve com traços obscuros a situação da comunidade cristã
quando em seu centro falta Cristo ressuscitado. Sem sua presença viva, a Igreja
se converte num grupo de homens e mulheres que vivem "numa casa com as
portas fechadas, por medo dos judeus".
Com
as "portas fechadas" não se pode ouvir o que acontece lá fora. Não é
possível captar a ação do Espírito no mundo. Não se abrem espaços de encontro e
diálogo com ninguém. Apaga-se a confiança no ser humano e crescem os receios e
preconceitos. Mas uma Igreja sem capacidade de dialogar é uma tragédia, pois os
seguidores de Jesus são chamados a atualizar o eterno diálogo de Deus com o ser
humano.
O
"medo" pode paralisar a evangelização e bloquear nossas melhores
energias. O medo nos leva a rejeitar e condenar. Com medo não é possível amar o
mundo. Mas, se não o amamos, não o olhamos como Deus o olha. E, se não o
olhamos com os olhos de Deus, como comunicaremos a Boa Notícia?
Se
vivemos com as portas fechadas, quem deixará o redil para buscar as ovelhas
perdidas? Quem se atreverá a tocar algum leproso excluído? Quem se sentará à
mesa com pecadores ou prostitutas? Quem se aproximará dos esquecidos pela
religião? Os que querem buscar o Deus de Jesus nos encontrarão com as portas
fechadas.
Nossa
primeira tarefa é deixar entrar o Ressuscitado através de tantas barreiras que
levantamos para defender-nos do medo. Que Jesus ocupe o centro de nossas
igrejas, grupos e comunidades. Que só Ele seja fonte de vida, de alegria e de
paz. Que ninguém ocupe seu lugar, que ninguém se aproprie de sua mensagem. Que
ninguém imponha um modo diferente do seu.
Já
não temos mais o poder de outros tempos. Sentimos a hostilidade e a rejeição em
nosso entorno. Somos frágeis. Mais do que nunca, precisamos abrir-nos ao sopro
do Ressuscitado para acolher seu Espírito Santo.