Para
seguir esse “caminho” é preciso amar Jesus e guardar a sua Palavra (cf. Jo
14,23).Quem ama Jesus e O escuta, identifica-se com Ele, isto é, vive como Ele,
na entrega da própria vida em favor do homem… Ora, viver nesta dinâmica é estar
continuamente em comunhão com Jesus e com o Pai. O Pai e Jesus, que são um,
estabelecerão a sua morada no discípulo; viverão juntos, na intimidade de uma
nova família (vers. 23-24).
Para
que os discípulos possam continuar a percorrer esse “caminho” no tempo da
Igreja, o Pai enviará o “paráclito”, isto é, o Espírito Santo (vers. 25-26). A
palavra “paráclito” pode traduzir-se como “advogado”, “auxiliador”,
“consolador”, “intercessor”. A função do “paráclito” é “ensinar” e “recordar”
tudo o que Jesus propôs. Trata-se, portanto, de uma presença dinâmica, que
auxiliará os discípulos trazendo-lhes continuamente à memória os ensinamentos
de Jesus e ajudando-os a ler as propostas de Jesus à luz dos novos desafios que
o mundo lhes colocar. Assim, os crentes poderão continuar a percorrer, na
história, o “caminho” de Jesus, numa fidelidade dinâmica às suas propostas. O
Espírito garante, dessa forma, que o crente possa continuar a percorrer esse “caminho”
de amor e de entrega, unido a Jesus e ao Pai. A comunidade cristã e cada homem
tornam-se a morada de Deus: na ação dos crentes revela-se o Deus libertador,
que reside na comunidade e no coração de cada crente e que tem um projeto de
salvação para o homem.
A
última parte do texto que nos é proposto contém a promessa da “paz” (vers. 27).
Desejar a “paz” (“shalom”) era a saudação habitual à chegada e à partida. No
entanto, neste contexto, a saudação não é uma despedida trivial (“não vo-la dou
como a dá o mundo”), pois Jesus não vai estar ausente. O que Jesus pretende é
inculcar nos discípulos apreensivos a serenidade e evitar-lhes o temor. São
palavras destinadas a tranquilizar os discípulos e a assegurar-lhes que os
acontecimentos que se aproximam não porão fim à relação entre Jesus e a sua
comunidade. As últimas palavras referidas por este texto (vers. 28-29)
sublinham que a ausência de Jesus não é definitiva, nem sequer prolongada. De
resto, os discípulos devem alegrar-se, pois a morte não é uma tragédia sem
sentido, mas a manifestação suprema do amor de Jesus pelo Pai e pelos homens.