Domingo
próximo “a Igreja celebra Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Esta
solenidade é colocada no final do ano litúrgico e resume o mistério de Jesus
‘primogênito dentre os mortos e soberano de todos os poderosos da terra’,
ampliando o nosso olhar para a plena realização do Reino de Deus, quando Deus
será tudo em todos (cf. 1 Cor 15,28)” (Bento XVI).
Jesus
é Rei, “o Príncipe dos reis da terra”, a quem está reservado aquele domínio
eterno, “a glória e o poder dos séculos”. Mas seu império não é deste mundo,
nem deste século. No tempo presente seu reinado já começou, mas ainda espera
sua plena realização: “quando o Filho do homem vier em sua glória, acompanhado
de todos os seus anjos, então se sentará em seu trono de glória” (Mt 25, 31).
Diante do questionamento de Pilatos, o Senhor afirma que Ele, com efeito, é
rei, mas também acrescenta imediatamente: “meu reino não é deste mundo”.
Enganam-se aqueles que esperavam dele uma liderança nacionalista e mundana. Ele
é rei, mas seu reinado não consiste em um domínio que se impõe à força. Seu
governo não será político.
O
verdadeiro sentido de sua realeza manifesta-se do alto da Cruz. O reinado que o
Senhor Jesus exerce é um serviço de salvação. Para Jesus reinar é servir, dar a
vida, estabelecer o amor como princípio e fundamento de seu governo. Seu
reinado é também um serviço da Verdade: “Para isto nasci e para isto vim ao
mundo: para ser testemunho da Verdade”.
Esta
é uma ocasião para falarmos de laicidade e laicismo. Para a doutrina moral
católica, a sadia laicidade, entendida como autonomia da esfera civil e
política da religiosa e eclesiástica – mas não da moral – é um valor adquirido
e reconhecido pela Igreja, no mundo atual. “No domínio próprio de cada uma,
comunidade política e Igreja são independentes e autônomas” (Gaudium et Spes,
76). “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, explica Nosso
Senhor (Mt 22,21). Laicidade seria um legítimo “laicismo”, que é a
independência dos poderes da Igreja e do Estado, que não isenta “César” do
dever de dar a Deus o que é de Deus.
Laicismo,
ao contrário, como é entendido hoje, seria uma autonomia da esfera civil em
relação a Deus, à Lei Natural e à moral, equiparando-se assim ao indiferentismo
e ao relativismo religioso, terminando no ateísmo prático e teórico: “uma
economia sem Deus, um direito sem Deus, uma política sem Deus”.
“Graves
perigos atuais, que penetram nas legislações e comportamentos: relativismo
cultural, pluralismo ético, decadência e dissolução da razão e dos princípios
da lei moral natural. Reivindica-se a autonomia para as escolhas morais. Leis
que prescindem dos princípios da ética natural, deixando-se levar
exclusivamente pela condescendência com certas orientações culturais ou morais
transitórias, como se todas as concepções possíveis da vida tivessem o mesmo
valor” (CDF Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e
comportamento dos católicos na vida política”.
Fonte: Dom Fernando Arêas
Rifan