Junto
a esse “poço” movimentam-se os personagens principais: Jesus e a
samaritana. A mulher aqui apresentada
sem o nome próprio, pode estar se referindo à Samaria, que procura
desesperadamente a água que é capaz de matar a sua sede de vida plena. A samaritana não tem nome, mas certamente
vários nomes lhe foram impostos por ter tido cinco maridos e conviver com o
sexto, que não é seu marido e, apesar disso, continuar com sede da água que só
Jesus, esposo da humanidade, pode dar.
Ela se aproxima, em um dia ensolarado, para buscar água. Ela não tem
nome porque é a própria humanidade que está procurando, no sufoco do calor,
algo que sacie de uma vez por todas sua sede.
Quando
Jesus diz: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’,
tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva” (Jo 4,10). Aquela mulher começa a interessar-se por essa
água misteriosa. Mas, inicialmente, ela fica confusa. Parece disposta a
remediar a situação de falência de felicidade que caracteriza a sua vida, mas
ainda não sabe bem como.
É
aqui que entra a novidade de Jesus. Ele senta-se “junto do poço”, como se
pretendesse ocupar o seu lugar; e propõe à samaritana uma “água viva”, que
matará definitivamente a sua sede de vida eterna (vv. 10-14). Jesus passa a ser
o “novo poço”, onde todos os que têm sede de vida plena encontrarão resposta
para a sua sede. Sentando junto ao poço,
Jesus se dá a conhecer como a fonte da qual a humanidade inteira bebe. A partir
de agora não se deve mais beber água da Lei ou das instituições, porque foram
superadas pela fonte de água viva que é Jesus.
Jesus
está com sede, mas quem acaba pedindo água é a mulher, pois ele tem a água
capaz de saciar para sempre a sede de todos: ‘Se tu conhecesses o dom de Deus e
quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te
daria água viva. Quem beber da água que
eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará
nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna”(Jo Jo, 4,10.14).
A
água que Jesus dá é o Espírito Santo, a força que vem de dentro e jorra para a
vida eterna. A mulher e a humanidade tem sede dessa água e, por isso, pede:
“Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir
aqui para tirá-la” (Jo 14,15).
O
abandono do “cântaro” significa o romper com todos os esquemas de procura de
felicidade falsa, para abraçar a verdadeira e única proposta de vida plena.
O
vínculo com Jesus transforma completamente a vida daquela mulher, que corre
imediatamente a comunicar a boa nova ao povo da aldeia vizinha: “Vinde ver um
homem que me disse tudo quanto fiz. Não será ele o Messias?” (Jo 4,29). A
revelação de Jesus, acolhida com fé, torna-se palavra proclamada ao próximo e
testemunhada através das escolhas concretas de vida. Eis a missão dos crentes,
que nasce e se desenvolve a partir do encontro pessoal com o Senhor.
No
diálogo entre Jesus e a Samaritana vemos traçado o percurso espiritual ao qual
somos chamados a redescobrir e a percorrer constantemente. Jesus quer nos
levar, como fez com a Samaritana, a professar a fé em sua pessoa e depois,
anunciar e testemunhar aos nossos irmãos a alegria desse encontro e as
maravilhas que o seu amor realiza na nossa existência.
Chama
a nossa atenção o caminho de conversão da samaritana. De pecadora a apóstola!
Do fundo da miséria moral da sua vida, ela subiu em poucos momentos para as
alturas da fé e do zelo em propagar o nome de Jesus.
Abramos
também nós, o coração à escuta da palavra de Deus para encontrar, como a
samaritana, esse Jesus que nos revela seu amor e a sua identidade. Que a Virgem
de Nazaré interceda sempre por nós, para que possamos obter este dom e sermos
também anunciadores da boa nova que Cristo trouxe ao mundo. Assim seja.
Fonte: presbíteros.com