segunda-feira, janeiro 13, 2025

FESTA DO BATISMO DE JESUS









Esse episódio é muito mais do que um simples rito de purificação. Ele está carregado de significado teológico, revelando o mistério da Santíssima Trindade, a missão de Jesus como Salvador, e o chamado que cada um de nós recebe por meio do batismo. Hoje, vamos refletir sobre esses aspectos e como eles se aplicam à nossa vida.

 

No início do Evangelho, vemos o povo na expectativa, perguntando-se se João Batista seria o Messias. João, porém, deixa claro: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu.” João Batista reconhece seu papel como precursor. Ele prepara o caminho, mas sabe que sua missão termina quando o verdadeiro Messias chegar.

 

Essa humildade de João é um exemplo para todos nós. Muitas vezes, queremos ocupar o centro, ser os protagonistas. Mas João nos ensina que nossa missão é apontar para Jesus, não para nós mesmos. Ele reconhece que o batismo que oferece é apenas um símbolo de conversão, enquanto o batismo de Jesus traz uma transformação completa: “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo.”

 

E então, acontece algo inesperado: Jesus, o Filho de Deus, se apresenta para ser batizado. Aqui está o primeiro grande mistério. Jesus não precisava ser batizado. Ele não tinha pecados a confessar, nem precisava de purificação. Mas, ao receber o batismo de João, Ele desce até o nível humano, solidariza-se com a humanidade pecadora e assume sobre Si os pecados do mundo.

 

Esse gesto nos revela o coração de Deus. Jesus não veio para permanecer distante, mas para se fazer próximo, para caminhar conosco, para tomar sobre Si nossas dores e nosso pecado. O Batismo de Jesus é um gesto de humildade e amor, que anuncia o que Ele fará plenamente na cruz, quando se entregará por nossa salvação.

 

Mas o que acontece a seguir é ainda mais significativo. Enquanto Jesus reza, o céu se abre. Esse detalhe é importante. Até aquele momento, o céu estava fechado para a humanidade por causa do pecado. Mas agora, em Jesus, o céu se abre novamente. Ele é a ponte entre Deus e o ser humano. Ele é o caminho pelo qual voltamos a ter acesso ao Pai.

 

E então, o Espírito Santo desce sobre Jesus em forma de pomba. A pomba nos lembra o Espírito que pairava sobre as águas no início da criação. Agora, no Batismo de Jesus, começa uma nova criação. Por meio de Jesus, Deus está inaugurando uma nova aliança, um novo tempo de graça, onde o Espírito Santo nos guia e transforma.

 

E, finalmente, ouvimos a voz do céu: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer.” Essa é a grande revelação. Deus Pai confirma a identidade de Jesus como o Filho Amado, o Messias, o Salvador. Essa declaração é uma afirmação do amor eterno de Deus por Seu Filho e, por extensão, por todos nós que somos batizados em Cristo.

 

Agora, irmãos, vejamos o que tudo isso significa para nós.

 

O Batismo de Jesus não foi apenas um evento histórico. Ele tem implicações profundas para cada um de nós, porque, pelo nosso próprio batismo, participamos dessa realidade. Quando somos batizados, recebemos o mesmo Espírito Santo, somos acolhidos como filhos e filhas de Deus, e ouvimos a mesma declaração do Pai: “Tu és o meu filho amado.”

 

Nosso batismo não é apenas um rito de entrada na Igreja. É um renascimento. É um chamado à conversão, à missão, e à santidade. Pelo batismo, somos chamados a viver como filhos de Deus, a permitir que o Espírito Santo nos conduza, e a testemunhar o amor de Cristo no mundo.

 

Mas, atenção: o batismo não nos isenta de desafios. Jesus, após ser batizado, foi levado ao deserto para ser tentado. Assim também nós, mesmo após o batismo, enfrentamos tentações, dificuldades e desafios. A diferença é que, agora, não enfrentamos essas situações sozinhos. O Espírito Santo está conosco, e a voz do Pai continua a ressoar em nosso coração: “Tu és meu filho amado.”

 

Queridos irmãos e irmãs, hoje o Evangelho nos lembra que o Batismo do Senhor é também o início da nossa missão. Somos chamados a ser como Jesus, a levar a luz do Espírito Santo ao mundo, a ser instrumentos de reconciliação, paz e justiça.

 

E, como João Batista, devemos ter a humildade de reconhecer que tudo o que temos vem de Deus. Nossa missão não é crescer em importância, mas permitir que Cristo cresça em nós e através de nós.

 

Que possamos, a cada dia, renovar o compromisso assumido no nosso batismo. Que permitamos que o Espírito Santo nos guie e nos transforme. E que, em tudo o que fizermos, possamos ouvir e refletir a voz do Pai: “Tu és meu filho amado, em ti ponho o meu bem-querer.” Amém!