Queridos
irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos apresenta um momento extraordinário e
profundamente simbólico no início do ministério público de Jesus. Ele volta à
Galileia “com a força do Espírito”, entra na sinagoga de Nazaré, onde cresceu,
e lê uma passagem do profeta Isaías. Essas palavras, tão conhecidas pelos
ouvintes, falavam de um tempo de libertação, cura, e salvação. E então Jesus
faz uma declaração surpreendente: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura
que acabastes de ouvir.”
Com
essa frase, Jesus não apenas interpreta o texto de Isaías; Ele o atualiza. Ele
afirma que a promessa de Deus, tantas vezes esperada e proclamada, agora se
realiza Nele. Ele é o Ungido do Senhor, o Messias, aquele que traz a Boa Nova
aos pobres, a libertação aos cativos e a cura aos aflitos.
Vamos
refletir juntos sobre o significado desse “hoje” e como ele continua a ressoar
em nossa vida.
Jesus
inicia Sua missão deixando claro que é movido pelo Espírito Santo. Isso nos
lembra que Sua obra não é apenas humana, mas divina. Ele foi enviado, ungido,
consagrado para transformar a realidade do mundo. E vejam a quem Ele se dirige:
aos pobres, aos cativos, aos cegos, aos oprimidos.
Jesus
veio para os marginalizados, para aqueles que sofrem, para quem o mundo rejeita.
Sua missão é um anúncio de esperança, mas também um convite à transformação.
Ele não veio apenas aliviar dores, mas trazer libertação integral – do corpo,
da alma, e do espírito.
Esse
anúncio nos desafia a olhar ao nosso redor e perceber os “pobres” do nosso
tempo. Quem são os que precisam dessa Boa Nova hoje? Quem são os que vivem na
escuridão, presos pelas correntes do medo, do pecado, da injustiça? E mais
importante: como podemos ser instrumentos dessa libertação
Essa
palavra “hoje” é poderosa. Jesus não fala de um futuro distante ou de uma
promessa vaga. Ele diz que o Reino de Deus começa aqui e agora, que a salvação
não é algo que esperamos passivamente, mas algo que já está acontecendo Nele.
Esse
“hoje” não é apenas o dia em que Jesus falou na sinagoga. É o “hoje” eterno de
Deus, que continua a se realizar em nossa vida. Cada vez que ouvimos o
Evangelho, cada vez que vivemos a fé, o “hoje” da salvação se atualiza.
Isso
nos desafia a perguntar: estamos vivendo o “hoje” de Deus? Ou ainda estamos
esperando que algo extraordinário aconteça no futuro, sem perceber que Cristo
já está presente em nossa vida, nos chamando a responder ao Seu amor?
O
Evangelho nos diz que todos na sinagoga estavam atentos a Jesus. Esse detalhe
nos convida a fazer o mesmo. Em um mundo tão cheio de distrações, somos
chamados a fixar nossos olhos em Cristo, a reconhecer que Ele é a plenitude das
promessas de Deus e a fonte de nossa esperança.
Fixar
os olhos em Jesus significa também permitir que Suas palavras nos transformem.
Não basta ouvir o Evangelho como algo bonito ou inspirador; é preciso deixá-lo
moldar nossa vida, mudar nossos pensamentos e orientar nossas ações.
Queridos
irmãos e irmãs, o “hoje” de Jesus não terminou na sinagoga de Nazaré. Ele
continua a se cumprir cada vez que acolhemos Sua Palavra e vivemos de acordo
com o Evangelho. Cristo ainda está entre nós, proclamando a Boa Nova,
libertando os cativos, curando os corações feridos. Mas Ele também nos chama a
ser Seus instrumentos nesse mundo.
Perguntemo-nos:
como podemos ser um reflexo desse “hoje” de Deus na vida dos outros? Como
podemos levar a esperança, a cura, e a libertação que Jesus anunciou? Talvez
seja através de um gesto simples, de uma palavra de encorajamento, de um ato de
justiça ou de misericórdia.
Hoje,
Jesus continua a dizer: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura.” Que
possamos viver com a consciência de que o Reino de Deus já está entre nós, e
que somos chamados a colaborar com Sua obra. Fixemos nossos olhos Nele, permitamos
que Sua Palavra transforme nossa vida, e sejamos portadores dessa Boa Nova para
o mundo.