1)
Pedro faz uma verdadeira profissão de fé com os seus lábios e aprenderá a fazer
essa profissão de fé na profundidade do seu conteúdo e com a própria vida, na
sua fragilidade e na sua grandeza! Pedro e os discípulos passarão da concepção
do Messias nacionalista, triunfador, vitorioso, à maneira humana de poder e da
força, para o Messias que Jesus vai apresentar no anúncio da sua paixão, morte
e Ressurreição.
Jesus
proibiu-os de dizer que Ele era o Messias. Eles precisavam e deviam também
fazer um longo e profundo caminho até compreenderem a resposta profunda, sábia
e dinamizadora. Jesus vai elucidá-los sobre a Sua Identidade e Missão.
2)
Da verdadeira compreensão da identidade e missão de Jesus depende a
profundidade, a beleza e autenticidade da nossa vida de discípulos. Como
discípulos fixaremos o nosso olhar em Jesus. Como Ele colocamos a nossa vida em
oração aberta aos desígnios do Pai e do Espírito Santo. Eles nos revelam Jesus,
nos proporcionam uma verdadeira comunhão e constroem em nós uma estrutura coesa
de identidade e missão, à maneira de Jesus.
Jesus
faz-nos a mesma proposta “Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo,
tome a sua cruz todos os dias e siga-Me”. Este convite à verdadeira felicidade,
à verdadeira liberdade e à plenitude, significa esquecer-se de si para se doar
inteiramente na verdadeira aventura do ser discípulo.
Como
os discípulos todos temos de abandonar as falsas ideias e comportamentos de um
messianismo triunfador que não exige a nossa conversão e a nossa entrega.
3)
Vivemos num mundo em que os grandes, os fortes, os poderosos, os que pensam só
em si vivem num círculo fechado de idolatria narcisística e parecem revelar os
verdadeiros vencedores ou as forças motrizes da construção da vida e da
sociedade. É um erro colossal porque tal lógica se baseia na prepotência, na
falsidade, na deturpação da dignidade humana e na falsa imagem de Deus.
Torna-se urgente e actual a lógica e a proposta de Jesus: dar a vida. Como nos
diz a segunda leitura de hoje: “fostes revestidos de Cristo”. E assim a nossa
beleza interior permite uma renovação profunda na vida pessoal, comunitária e
social. É que ser cristão não é uma questão de teorias ou normas, mas de fiel
seguimento à pessoa de Jesus e de seguimento generoso à mesma causa. E tal
atitude é forjadora do mais belo acontecer.
4)
Assumir e tomar a Cruz todos os dias e segui-Lo. É a beleza e a exigência do
quotidiano. Quando apetece e quando não apetece. Quando há emoção e quando não
há. Quando O sentimos e quando Ele parece ausente. Quando tudo é fácil e quando
tudo é difícil e inacessível. Não é só para as festas e para ocasiões
especiais, mas na beleza escondida, e às vezes tão apagada, dos dias que passam
sem brisas, sem palmas, sem palavras animadoras, dos dias de silêncio, da
humilhação, do sofrimento, do aparente fracasso, do gólgota. Sempre de mãos
abertas, de seguimento contínuo, de começar e recomeçar, de esperança, de
confiança e de amor. Isto conduz á verdadeira vitória e glória.
E
o que dizem hoje as multidões sobre a identidade e missão de Jesus? Muitos já
não dizem nada pela indiferença total. Outros dizem mal, falseando e
corrompendo pelo vínculo a ideologias afastadas da Verdade. Outros sabem algo
mas ainda é pouco. A tarefa dos cristãos, dos discípulos de Cristo, de cada um,
diante de todo este panorama, deve ser amar sem medida, dar a vida, acolher,
dialogar, formar, ser testemunha da esperança e anunciador da Boa Nova.