O
Evangelho de hoje nos coloca diante de uma cena desconcertante. Enquanto alguns
admiravam a beleza do Templo, Jesus olha para aquela estrutura imponente e
declara: “Não ficará pedra sobre pedra.” Assim, Ele golpeia a ilusão de
segurança humana e abre espaço para uma verdade maior: tudo o que é apenas
terreno passa; somente Deus permanece.
Desde
o início, Jesus nos ensina a não colocar o coração no que brilha por fora, mas
no que sustenta por dentro. O Templo era grandioso, impressionava qualquer
olhar, porém Jesus enxergava algo mais profundo, pois Ele via ali a tentação de
confiar nas paredes e não no Senhor; de adorar a estrutura e esquecer a
presença. Desse modo, Ele expõe a fragilidade do que aparenta ser firme.
Em
seguida, os discípulos perguntam “quando” tudo isso vai acontecer. Eles querem
datas, sinais exatos, respostas prontas. Contudo, Jesus conduz o olhar deles
para outro ponto: antes de querer saber sobre o fim, aprendam a viver o
essencial. Ele descreve guerras, terremotos e conflitos, mas não com intenção
de assustar; Ele quer ensinar vigilância e liberdade interior.
Além
disso, Jesus revela algo que, se acolhido, muda tudo: nada do que acontece ao
nosso redor tem poder de destruir aquele que permanece unido a Deus. O Templo
cai, o mundo treme, o mal esperneia, mas quem se firma no Evangelho continua de
pé. A verdadeira segurança nasce de dentro, nasce da comunhão com Aquele que
não passa.
Portanto,
esse anúncio de destruição não é ameaça; é purificação. Jesus nos chama a
desmontar os templos falsos que erguemos dentro do peito. De um lado,
carregamos o templo do orgulho, onde buscamos reconhecimento demais. De outro,
mantemos o templo das certezas absolutas, onde não deixamos Deus surpreender.
Às vezes adoramos o templo da aparência, onde sustamos a verdade para agradar.
Nada disso permanece. Tudo isso desaba. E, quando cai, abre espaço para o
Reino.
Além
disso, vale lembrar: Jesus nunca destrói para humilhar; Ele arranca para
reconstruir. Ele remove o que mata para plantar o que salva. Quando o Senhor
derruba uma ilusão, não rouba a nossa paz; Ele devolve a nossa alma. Assim,
cada pedra que cai dentro de nós cria um terreno novo para a graça florescer.
Diante
desse Evangelho, desejo lhe fazer uma pergunta séria: onde você colocou a sua
segurança? No dinheiro que pode sumir? Na saúde que pode falhar? No prestígio
que pode evaporar? Em pessoas que, por melhor que sejam, continuam limitadas?
Hoje, Jesus lhe diz: “Filho, filha, isso tudo passa. Fica comigo. Eu sou a
rocha que não cai.”
Por
fim, este anúncio de Jesus é convite à vigilância amorosa. Nada de medo. Nada
de desespero. Apenas firmeza. Enquanto o mundo sacode, o discípulo reza, o
barulho cresce, o cristão escuta. Enquanto a incerteza chega, a fé se levanta.
E, assim, mesmo que não fique pedra sobre pedra, o coração continua inteiro,
sustentado por Deus.
Portanto,
caminhe com coragem. Tire os olhos das paredes e fixe-os no Senhor. Quando tudo
parecer desabar, lembre-se: quem se ancora em Cristo não cai, não desiste e não
se perde. A rocha permanece. E, se você estiver sobre ela, você também
permanecerá.

















