domingo, novembro 17, 2013

"AS PORTAS DO INFERNO JAMAIS PREVALECERÃO SOBRE NÓS"!

Na perspectiva do solene encerramento do Ano da Fé, no próximo domingo, e na iminên­cia do término do Ano Litúrgico, propõe o tema da vigilância e da oração.

Devemos estar vigilan­tes na oração e na busca contínua de adequar a realidade presente ao Reino que Jesus inaugurou com o seu Mistério Pascal. Como se in­sistiu durante todo este ano, a fé é nosso alimento em busca da terra prometida.

No XXXIII Domingo do Tempo Comum – Ano C
As palavras de Jesus não nascem da ira. Menos ainda do desprezo ou do ressentimento. 
O próprio Lucas nos diz um pouco antes que, ao aproximar-se de Jerusalém e ver a cidade, Jesus “pôs-se a chorar”.
Seu pranto é profético. Os poderosos não choram. O profeta da compaixão sim.
Jesus chora diante de Jerusalém porque ama a cidade mais que ninguém. Chora por uma “religião velha”que não se abre ao reino de Deus. Suas lágrimas expressam sua solidariedade com o sofrimento de seu povo e, ao mesmo tempo, sua crítica radical àquele sistema religioso que põe obstáculo à visita de Deus:  Jerusalém – a cidade da paz! - “não conhece o que leva à paz”, porque, “está oculto aos seus olhos”.
A atuação de Jesus lança não pouca luz sobre a situação atual. Às vezes, em tempo de crise, como os nossos, a única maneira de abrir caminhos à novidade criadora do reino de Deus é dar por terminado aquilo que alimenta uma religião caduca, sem produzir a vida que Deus quer introduzir no mundo.
Dar por terminado algo que foi vivido de maneira sagrada durante séculos não é fácil. Não se faz isso condenando os que querem conservá-lo como eterno e absoluto. Faz “chorando”, porque as mudanças exigidas pela conversão ao reino de Deus trazem sofrimento a muitos. Os profetas denunciam o pecado da Igreja chorando.
Como viver estes tempos de “crise religiosa” com lucidez e responsabilidade, sem desviar-nos do Evangelho e sem submergir no desespero? Esta é, talvez, uma das perguntas mais inquietantes que brotam em nós que cremos em Jesus.
É claro que a fé cristã não pode ser vivida nem transmitida a partir de atitudes negativas. É um erro alimentar o vitimismo, viver da nostalgia ou acumular ressentimento. 
Tudo isso nos afasta do espírito com que Jesus vivia. É o momento de aprender a viver estes tempos de maneira mais positiva, confiante e evangélica.
O apelo de Jesus a “perseverar” deve levar-nos a pensar. É um erro “demonizar” a crise atual, vivendo-a como uma situação impossível. Deus não está em crise. 
Ele continua atuando em cada ser humano. Nenhuma crise pode impedir que o Criador continue oferecendo-se, comunicado-se e salvando seus filhos e  filhas por caminhos a nós desconhecidos. Esta humanidade tão querida por Deus vive sofrendo. Não encontra o caminho que poderia levá-la a uma vida digna e mais feliz. A crise religiosa da qual nós crentes tanto falamos é apenas um fragmento de um crise mais global que sacode tudo. 
A nós pode inquietar-nos pensar sobre o que vai ser da Igreja; mas, se olharmos as coisas do ponto de vista de Deus, o que deve preocupar-nos é o que vai ser do mundo.
O importante é “perseverar”: não desviar-nos do Evangelho; buscar sempre o reino de Deus e sua justiça, não nossos pequenos instintos de conservação; buscar o bem de todos e não só o nosso. Não nos enganemos: quem realmente pensa na felicidade de todos é Deus, não somos nós.
“Perseverar” não é repetir de maneira vazia palavras que já não dizem nada, mas inflamar nossa fé em contato direto e pessoal com Cristo. “Perseverar”não é colocar-nos na defensiva diante de qualquer mudança, mas manter a capacidade de escutar a ação de Deus em nossos dias. “Perseverar”não é exigir de outros, mas viver nós mesmos em contínua conversão. 17/11/2013

É preciso ter consciência de que a intervenção libertadora de Deus não deve ser projetada apenas para o “último dia” do mundo… Ela acontece a cada instante; e nós devemos estar numa espera vigilante e ativa, a fim de sabermos reconhecer e acolher de braços abertos a intervenção salvadora e libertadora de Deus na nossa história e na nossa vida.


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