terça-feira, outubro 13, 2015

SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA



1 – Maria, a mulher silenciosa

Olhamos, hoje, para nossa padroeira, Nossa Senhora da Conceição Aparecida. É um olhar de carinho e de amor. Um olhar de filho que olha agradecido sua mãe por ela ser como é: simples, serena, humilde e silenciosa. Silenciosamente, ela trouxe seu filho Jesus ao mundo. Silenciosamente, ela concebeu do Espírito Santo. Silenciosamente, ela viveu sua vocação de mãe. Ela é a bendita entre todas as mulheres, ela é a cheia de graça, quer dizer, aquela que ficou repleta do Espírito Santo de Deus. Ela, como celebra o tema da novena da padroeira do Brasil, neste ano de 2015, silenciosamente participa da glória divina, enchendo nossa vida com a esperança de poder, um dia, participar desta mesma glória. Nosso olhar se volta para a imagem da Virgem de Aparecida. Nela contemplamos com maior intensidade seu silêncio e sua humildade. Sua figura simples e quase escondida ajuda-nos a entender que Maria é uma mãe silenciosa. Assim viveu sua vocação materna, assim foi discípula de Jesus Cristo, assim foi a cheia presença do Espírito Santo. Quem a contempla tão simples e tão silenciosa, talvez não perceba a força profética que vem de sua vida.
2 – O silêncio de Maria na Bíblia

Maria fala muito pouco na Sagrada Escritura. Conversa com o anjo, na Anunciação.  Canta um hino de louvor a Deus Pai, na casa de Isabel. Repreende seu filho quando o encontra depois de perdido. Pede que ajude os noivos necessitados num casamento de Caná. Depois, é silêncio. Silêncio quando a fama de Jesus crescia em toda parte. Silêncio, quando o Filho fala e todos o queriam ver e escutar. Silêncio no momento da dor e silêncio na hora gloriosa da Ressurreição. E seu silêncio trazia dentro de si a força da profecia contra a morte. Seu silêncio se calava diante do Mistério divino, que enchia a terra com a glória da Salvação, dando sentido à vida humana, como dizia São Irineu: “a glória de Deus é o homem vivente”. No homem e na mulher que vivem dignamente está a glória divina. Maria, Mãe de Jesus, a mulher silenciosa. Hoje, somos convidados a dirigir nosso olhar para os olhos da Mãe de Jesus, que chamamos aqui no Brasil de Nossa Senhora Aparecida, para se apoderar do silêncio da Virgem Mãe. Reconhecer que o silêncio traz dentro de si a força da vida nova vinda da Ressurreição. Reconhecer que o silêncio contém a semente da glória de Deus na vida de Maria.


3 – Aprender a silenciar

Precisamos aprender de Maria a silenciar e olhar para dentro de nosso coração; para dentro de nossa vida. Ver, que bem dentro de nós está a presença de Deus. A glória divina habita nossa vida, porque somos Templos vivos do Espírito Santo de Deus. Uma presença que só descobrimos através da força do silêncio. É preciso, como fez Maria, silenciar para contemplar com mais intensidade a beleza da glória divina que vive em nós, que vive no outro, no homem e na mulher, criados à imagem e semelhança de Deus. Silenciar para descobrir o sonho de Deus para a humanidade. Silenciar para meditar aquilo que, como Maria dizia no Evangelho, fazer tudo o que nosso Mestre Jesus pede para fazer. É preciso aprender a silenciar para ouvir Deus e perceber que sua glória habita nossa vida e na vida de todos aqueles e aquelas com os quais convivemos.


4 – Não tirar a glória divina na vida humana

Contemplando a singeleza da imagem de nossa Padroeira, a Virgem de Aparecida, compreendemos a força do silêncio e a necessidade do silêncio em nossa vida. Silenciar não para calar, em modo submisso, mas para poder denunciar, gritar, se preciso for, profetizar com a força da glória de Deus que vive dentro de todo ser humano: que o Reino de Deus não acontece pelo muito falar, mas semeando sementes de justiça, de fraternidade e de amor. Sementes para cultivar a alegria de ter a glória divina no homem e na mulher que vivem. Hoje, rezamos para que a Virgem de Aparecida, nossa Padroeira, nos encha de amor e de alegria. Hoje, rezamos para que a Virgem de Aparecida nos ensine a força do silêncio que nos enche de Deus e nos dá forças para combater e denunciar injustiças e presença da morte em nosso Brasil. Que a Virgem Mãe, proteja, silenciosamente, hoje e sempre, o nosso povo brasileiro, para que as injustiças e os sinais de morte e opressão não tirem a glória do homem e da mulher viventes. Amém!