I Domingo do Advento, 2015
Jesus não dedicou a
explicar uma doutrina religiosa para que seus discípulos a aprendessem
corretamente e a difundissem depois por todos os lugares. Não era este seu
objetivo. Ele lhes falava de um “acontecimento' que já estava em andamento.
“Deus está se introduzindo no mundo. Ele quer que as coisas mudem. Ele só busca
que a vida seja mais digna e feliz para todos”.
Jesus chamava a isto “reino de Deus'. Precisamos
estar atentos à sua vinda. Precisamos viver despertos: abrir os olhos do
coração, desejar ardentemente que o mundo mude, crer nesta boa notícia que
tanto demora para tornar-se realidade plena, mudar a maneira de pensar e de
agir, viver buscando e acolhendo o “reino de Deus”.
Não causa
estranheza ouvir tantas vezes, ao longo do evangelho, o apelo insistente de
Jesus: “vigiai”, “estai atentos à sua vinda”, “vivei despertos”. É a primeira
atitude daquele que se decide a viver a vida como Jesus a viveu.
“Viver despertos” significa não cair no
ceticismo e na indiferença diante da marcha do mundo. Não deixar que nosso
coração se endureça. Não ficar apenas em queixas, críticas e condenações.
Despertar ativamente a esperança.
“Viver despertos” significa viver de maneira
mais lúcida, sem deixar-nos arrastar pela insensatez que às vezes parece
invadir tudo. Atrever-nos a ser diferentes. Não deixar que se apague em nós o
desejo de buscar o bem para todos.
“Viver despertos” significa viver com paixão a
pequena aventura de cada dia. Não nos desinteressar dos que necessitam de nós.
Continuar fazendo esses “pequenos gestos' que aparentemente não servem para
nada, mas que sustentam a esperança das pessoas e tornam a vida um pouco mais
amável.
“Viver despertos” significa despertar nossa fé.
Buscar a Deus na vida e a partir da vida. Intuí-lo muito perto de cada pessoa.
Descobri-lo atraindo-nos a todos nós para a felicidade. Viver não só de nossos
pequenos projetos, mas atentos ao projeto de Deus.
Podemos compreender também que é preciso
iluminar nosso olhar com a luz com que Deus olha para o nosso mundo. Por isso,
é preciso sentir e ver com o coração de Deus. Entender, por exemplo, que Deus
não quer, em absoluto, a destruição da sua obra criadora. Tudo foi criado muito
bem, diz a Bíblia. E Deus viu que tudo era muito bom, fala o livro do Genesis.
Por que haveria de destruir tudo de um momento para o outro? Da mesma forma,
não podemos esquecer que Jesus Cristo veio a este mundo para torná-lo melhor,
para fazê-lo mais humano pela Palavra do Evangelho. O fim do mundo pela morte,
não é obra de Deus, mas uma escolha, da humanidade, pela morte e pela
destruição da vida. Quem é de Deus promove a vida e jamais a morte.
Os sinais do fim do mundo indicam a escolha da
morte da parte humana, por isso entendemos que a 2ª vinda de Jesus não será
destruidora, mas libertadora: “levantai a cabeça, vossa libertação está
próxima”. Daqui a alguns dias, iniciaremos o Ano Santo da Misericórdia. Este é
o caminho de Deus, o caminho da misericórdia. Um caminho de promove a vida, que
acolhe a vida, que vai em socorro de quem padece na vida. Um caminho totalmente
diferente da crueldade insana daqueles que expulsam a vida para o mar e a matam
de modo cruel e sem nenhuma misericórdia. A misericórdia, de outro lado, é a
salvação que Deus nos propõe; é o caminho para a humanidade se restaurar e para
que cada um de nós, como dizia a 1ª leitura, nos tornemos semeadores e cultivadores
da justiça, da verdade e da paz. Amém!
Procissão e reentronização da imagem de
São Conrado