segunda-feira, maio 30, 2016

IX DOMINGO DO TEMPO COMUM




O homem contemporâneo encontra-se diante de tantos problemas impossíveis de resolver apenas com sua ciência e tecnologia que começa a perguntar-se se não teríamos equivocado em algo essencial. Difunde-se a sensação de que nos encontramos num “atoleiro histórico”, do qual não sairemos se não soubermos retificar nosso grupo. 

A primeira coisa que precisamos corrigir talvez seja falsa “divinização” que, em vez de tornar-nos mais humanos , parece tornar-nos mais desumanos. Não foi um grande erro pretender “matar Deus” para “divinizar” ingenuamente o ser humano ? Não nos atribuímos um poder excessivo, que na realidade não temos ? Fazer do ser humano um “deus” não é esperar dele algo que transcende suas possibilidades? 




O homem moderno criou seu próprio mundo, mas esse mundo não faz senão refletir-lhe sua própria sombra. Transformamos a terra numa “imensa fábrica”, mas já não temos ninguém que nos diga quem somos e para que havemos de viver. 

Procuramos construir um lar, mas nos sentimos cada vez mais presos num mundo complexo, “burocratizado e administrado”, onde não é fácil ser humano. Sacudimos de cima de nós toda norma moral, mas nos encontramos eticamente indefesos num mundo cada vez mais incapacitado para o amor responsável e solidário. 

O ser humano não é “deus'. E o melhor que podemos fazer é reconhecer isso. Talvez a própria cultura moderna já nos esteja convidando a renunciar a um poder “divino”, para encontrar nossa verdadeira dignidade no reconhecimento de um Deus que não é nosso “inimigo”, mas quem melhor nos pode ajudar a viver com sentido, responsabilidade e esperança .





Como aquele centurião de Cafarnaum que, embora consciente de seu poder e autoridade, não duvidou em reconhecer sua limitação para acolher Jesus com fé e receber dele aquilo que não podia obter com suas próprias forças.

“Senhor , eu não sou digno de que entres em minha casa”, quem pronuncia estas palavras a partir do fundo de seu ser está se aproximando de Deus com verdade e dignidade.