Domingo, 31 de julho de 2016, Missa
conclusiva das Jornadas Mundiais da Juventude no Campus Misericordiae de
Cracóvia. Na sua homilia o Papa disse aos mais de um milhão e meio de jovens
que as JMJ “continuam amanhã, em casa” e exortou-os a dizerem não ao doping do
sucesso a todo o custo e à droga de pensarem só em si mesmo e nas próprias
comodidades.
O estímulo da homilia foi o Evangelho de S. Lucas que no seu capítulo 19 nos
conta o encontro de Jesus com Zaqueu, cobrador de impostos e colaborador dos
ocupantes romanos. Francisco sublinhou três obstáculos que Zaqueu teve que
ultrapassar para encontrar Jesus e que, nas palavras do Santo Padre, “podem
dizer algo também a nós”.
Desde logo, a baixa estatura de Zaqueu, ele era pequeno e também nós hoje
podemos correr o risco de ficar à distância de Jesus porque temos “uma baixa
opinião de nós mesmos” – disse o Papa que sublinhou que “somos os filhos amados
de Deus” e que “Deus conta contigo por aquilo que és, não pelo que tens: a seus
olhos, não vale mesmo nada a roupa que vestes ou o telemóvel que usas; não Lhe
importa se andas na moda ou não, importas-Lhe tu. A seus olhos, tu vales; e o
teu valor é inestimável” – declarou Francisco.
Um segundo obstáculo encontrado por Zaqueu foi “a vergonha paralisadora”, ou
seja, o risco de fazer uma “triste figura”. Antes de subir ao sicómoro, Zaqueu
deverá ter pensado que era “uma figura pública” e podia fazer-se “ridículo aos
olhos de todos” – afirmou o Papa – mas a “atração de Jesus era mais forte”.
Francisco exortou os jovens a arriscarem a colocarem-se em jogo, a não se
envergonharem e a não deixarem anestesiar a alma mas a apostarem “no amor
formoso, que requer também a renúncia, e um «não» forte ao doping do sucesso a
todo o custo e à droga de pensar só em si mesmo e nas próprias comodidades”.
O terceiro obstáculo de Zaqueu – revelou o Papa – foi a “multidão murmuradora”
ao seu redor, pois Jesus não devia entrar na casa dele, na casa dum pecador. “É
árduo aceitar um “Deus, rico em misericórdia” – disse o Santo Padre mas Deus
“convida-nos a uma verdadeira coragem: ser mais fortes do que o mal amando a
todos, incluindo os inimigos. Poderão rir-se de vós, porque acreditais na força
mansa e humilde da misericórdia. Não tenhais medo, mas pensai nas palavras
destes dias: «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt
5, 7)” – disse Francisco.
O Santo Padre declarou ainda aos jovens:
“Não vos detenhais à superfície das coisas e desconfiai das liturgias mundanas
do parecer, da maquilhagem da alma para aparecer melhor. Em vez disso, instalai
bem a conexão mais estável: a de um coração que vê e transmite o bem sem se
cansar. E aquela alegria que gratuitamente recebestes de Deus, gratuitamente
dai-a (cf. Mt 10, 8), porque muitos esperam por ela.”
Finalmente, destaque especial para as palavras de Jesus a Zaqueu que parecem
ditas de propósito para nós hoje – assinalou Francisco na conclusão da sua
homilia:
“«Desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa». Jesus dirige-te o
mesmo convite: «Hoje tenho de ficar em tua casa». A JMJ – poderíamos dizer –
começa hoje e continua amanhã, em casa, porque é lá que Jesus te quer encontrar
a partir de agora. O Senhor não quer ficar apenas nesta bela cidade ou em belas
recordações, mas deseja ir a tua casa, habitar a tua vida de cada dia: o estudo
e os primeiros anos de trabalho, as amizades e os afetos, os projetos e os
sonhos. Como Lhe agrada que tudo isto seja levado a Ele na oração! Como espera
que, entre todos os contactos e os chat de cada dia, esteja em primeiro lugar o
fio de ouro da oração! Como deseja que a sua Palavra fale a cada uma das tuas
jornadas, que o seu Evangelho se torne teu e seja o teu «navegador» nas
estradas da vida!”