terça-feira, setembro 11, 2018

XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM



No XXIII Domingo do tempo comum, as crianças da catequese e a comunidade paroquial homenagearam Nossa Senhora na sua Natividade.

1 – A libertação profetizada
Palavras alarmantes se fazem presentes nas leituras deste Domingo: cadeias, laços, depressão, doença, surdez, mudez, cegueira... Palavras que indicam limitações, impedimentos, incapacidade de comunicação, impossibilidade de relacionamentos sadios, como aqueles indicados na 2ª leitura, que privilegiam ricos e poderosos. Todas as palavras têm como antônimo a palavra “libertação”; a libertação divina, especificamente. Este anúncio, feito em forma de profecia, na 1ª leitura, é cantado no salmo responsorial e é relatado, de forma concreta, na cura que Jesus realiza no surdo-mudo. Quero chamar atenção para a ação libertadora de Deus entre nós.

2 – As metáforas de Isaias
Isaias se serve de duas metáforas para apresentar a ação libertadora de Deus. Fala de "deprimidos", que são pessoas enfraquecidas no corpo e no emocional, profundamente abatidas diante da prepotência dos fortes, que sempre levam a melhor. A segunda metáfora: "cegos e surdos". Na Bíblia, cegueira e surdez indicam a limitação do corpo e do espírito para um relacionamento sadio. Tanto a depressão como a surdez e a mudez indica ausência de esperança: sem ânimo, sem olhar, sem ouvidos para a esperança. É o retrato da escravidão do coração entristecido e deprimido. É o mesmo cenário que vemos de nossa sociedade: reclamações, raivas, desânimo, inconformismo porque os poderosos são libertados por juízes amigos. É contra tal situação que o Evangelho propõe uma palavra ainda mais forte: “effathà”, que significa: abre-te. Abrir-se tem a ver com libertação. Liberte-se da depressão, das reclamações, da mudez diante das injustiças, da surdez de não querer ouvir o grito dos fracos.

3 – Effathà = abre-te
Chama atenção o fato de que o milagre acontece com uma única palavra de Jesus: "effathà"; palavra aramaica que significa "abre-te". Uma única palavra e Jesus liberta o homem para relacionar-se, para comunicar-se. Onde Deus coloca sua Palavra, onde o Evangelho é anunciado, acolhido e vivenciado ouve-se e realiza-se a mesma palavra de Jesus “effathà”. Onde o Evangelho é ouvido, ali a surdez e a mudez deixam de existir e passa-se a ouvir o grito dos pobres e dos oprimidos; ali se profetiza a ação libertadora de Deus que produz vida plena e relacionamentos fraternos, sem distinção e privilégios para ricos e poderosos, como dizia a 2ª leitura. "Effathà" é um grito de libertação que cura e salva. A Bíblia não reconhece ao homem a capacidade e o poder de produzir a libertação total; esta pertence unicamente a Deus com sua Palavra que abre, liberta. A nós, o convite para assumir o projeto divino, propondo abrir-se ao projeto do Evangelho que salva e liberta plenamente. Amém!