segunda-feira, setembro 24, 2018

XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM



1 – Desejo de ser grande e poderoso

Trazemos dentro de nós, uma espécie de sede, um desejo de ser grande aos olhos do mundo. Hoje em dia, existe um desejo forte de querer aparecer, ser famoso. Esta sede de querer ser famoso, querer ter poder está muito presente na Bíblia. Hoje, Dia Nacional da Bíblia, é esta mesma Bíblia que mostra o confronto entre a lógica humana do poder, do querer aparecer e ser famoso, e a lógica divina, que não se caracteriza pela fama, pelo poder, mas pelo serviço, como acabamos de ouvir no Evangelho. Não é um tema secundário, na Bíblia, porque diz respeito a uma orientação de vida, chamando atenção ao fato que a vida humana perde o sentido se andar na estrada da fama, do poder, porque poder e fama desaparecem. Um tema que apresenta um paradoxo: enquanto a sede do poder humano busca escalar a montanha do sucesso, a sabedoria divina propõe descer à planície do cotidiano, onde o serviço se concretiza pela partilha fraterna.

2 – O perigo da disputa por poder

No Dia Nacional da Bíblia, podemos perceber como a Bíblia é atual, como a Bíblia ilumina nossa realidade social, especialmente as nossas comunidades eclesiais. Lembremos o que dizia a 2ª leitura, da carta de São Tiago: a origem das guerras, das discórdias, da falta de fraternidade, as discussões, as raivas... em nossas comunidades tem uma única fonte: as paixões humanas. A raiz, a fonte disso encontra-se na cobiça e na arrogância humana, acompanhado do desejo de posse, de autossuficiência, de exercer domínio sobre as coisas sem oferecer nada em troca. São sintomas da cultura do individualismo, do egoísmo, do querer aparecer, querer levar vantagem em tudo. É a sede do poder — de todo tipo de poder, do poder econômico, do poder da fama — que provoca ciúmes, invejas, discórdias. Quando a luta pelo poder entra na comunidade eclesial, ela começa ouvir os primeiros tons de uma música do seu próprio funeral.

3 – Uma luta pelo poder no caminho do discipulado

Lembro que no Domingo passado nós refletíamos sobre o símbolo do caminho. Caminho que, na Bíblia, é símbolo da vida. Hoje, o tema do caminho volta a aparecer no Evangelho, e de um modo bem interessante. Jesus caminha e ensina seus discípulos o sentido da doação da vida de modo extremo, pela sua morte de Cruz. No mesmo caminho, os discípulos se colocam na contramão, discutindo sobre o poder do mundo. Jesus muda direção do caminho dos discípulos com uma expressão: “entre vocês”. Quer dizer, na comunidade não adotem a sede do poder, a sede da fama... Adotem, ao contrário, o acolhimento e o serviço. De que modo acolher? Com a mesma simplicidade de uma criança. Se entre nós, que formamos esta nossa comunidade, entramos em brigas e discussões, então caminhamos na contramão de Jesus, na contramão do Evangelho. O segredo de uma comunidade cristã se resume em duas palavras: acolhimento e serviço feitos com a mesma simplicidade de uma criança. Amém!