segunda-feira, setembro 17, 2018

XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM




1 – O símbolo do caminho

No início do Evangelho, Marcos relata que Jesus caminhava com seus discípulos e, caminhando, perguntou: “quem sou eu para o povo e para vocês?”. Chamo atenção para a palavra “caminho”. É uma palavra simbólica, que usamos para representar a nossa vida. A nossa vida, o nosso viver é um caminho; é uma caminhada. Por isso, a pergunta que ouvimos no Evangelho soa deste modo para nós: quem é Jesus para nós no caminho de nossas vidas? À medida que caminhamos na vida, mudamos nosso modo de pensar e nossos conceitos. Por isso, se temos o mesmo conceito de Jesus trazido da infância, da adolescência, de tempos passados, então algo não está de acordo, no caminho do discipulado. À medida que caminhamos na vida, à medida que convivemos com Jesus, nossa fé vai se transformando; nosso o modo de crer também muda. Muda porque nos tornamos mais amadurecidos. 

2 – O encontro com o sofrimento

No caminhar de nossas vidas, o conceito que vamos formando de Deus deve mudar; precisa amadurecer. A convivência que temos com Jesus, o modo de crer — se nossa fé produz frutos ou é apenas emocional ou apenas mental, como provoca a 2ª leitura — favorecem a serenidade naqueles encontros mais difíceis de nossas vidas. No caminho da vida, por exemplo, em alguma curva da estrada existencial, nós nos deparamos com o sofrimento; sofrimento pessoal ou sofrimento do outro, no dizer da 1ª leitura. Se caminhamos como discípulos de Jesus, se cultivamos a fé e com ela produzimos frutos, o sofrimento (meu e do outro) torna-se suportável e marcado pela esperança. Até mesmo o sofrimento passa a ter um sentido. O encontro com o sofrimento, para quem não convive com Jesus e não crê de modo frutuoso — produzindo frutos — é mais doloroso, é marcado por queixas, reclamações e pode, até mesmo, ser marcado pela revolta. É nestes momentos desafiadores do caminho da vida que podemos avaliar quem é Jesus para nós e o que representa a fé em nossas vidas.

3 – Caminho da oblatividade

No caminho da vida, diz Jesus no Evangelho, é preciso tomar a própria cruz para segui-lo. A espiritualidade e a mística cristã não interpretam este “tomar a cruz” como desejo do sofrimento ou desejo da morte. O “tomar a cruz” significa pertencer a alguém, no sentido de doar a vida por alguém. À medida que caminhamos nos caminhos da vida, podemos escolher viver para nós mesmos ou viver para ofertar a vida; para que o nosso viver produza mais vida. Jesus ensina que quem quiser salvar a própria vida, vai perdê-la; este é o viver para si mesmo. O “tomar a cruz” significa entregar a vida, fazer da própria vida uma oblação para que minha vida produza mais vida. O egoísta, aquele que não “assume a cruz”, não assume o projeto do Reino, destrói-se a si mesmo. O sentido da vida está na cruz, símbolo da oblação da vida. Mas, para bem compreender isso é preciso saber quem é Jesus para mim e transformar a fé em obras. Amém!