segunda-feira, dezembro 31, 2018

RETROSPECTIVA 2018 DA PARÓQUIA SÃO CONRADO



Caros irmãos, queridos paroquianos ,
Pontuo alguns momento centrais para relembrarmos o ano de 2018 :

·      15 de janeiro , início da restauração da Igreja .
·      19 de março , Dedicação do Altar , Eucaristia presidida por Dom Roque.
·      25 de março , Domingo de Ramos , retorno das celebrações no interior da Igreja já restaurada;
·      10 de maio , chegada da relíquia "ex ossibus " de São José de Anchieta;
·      9 de junho , Solene inauguração da Capela de São José de Anchieta , Eucaristia presidida pelo Cardeal Dom Orani João Tempesta;
·      18 a 25 de julho Santas Missões com os Seminaristas do Seminário de São José;
·      26 de novembro , inauguração do Salão Cônego Djalma , Festa de São Conrado.

No próximo ano de 2019  comemoraremos os 50 anos da criação da Paróquia de São Conrado , lembrando que a Igreja teve sua pedra fundamental abençoada em 27 de junho de 1914 , mas somente em 03 de julho de 1969 , a antiga Capela de São Conrado tornou-se Paróquia , chamamos isso de “Decreto de Criação” e o mesmo foi assinado pelo então Cardeal Arcebispo Dom Jaime de Barros Câmara .

No Brasil, neste dia 01 de janeiro de 2019 , participamos da posse do novo governo. Rezemos para que seja abençoado e favorecedor da vida, da paz e da prosperidade para todos, especialmente para os mais pobres do nosso povo. Deus abençoe este novo ano e que Nossa Senhora, Mãe de Jesus, interceda por todos nós. Feliz ano de 2019. Amém!  

Padre Marcos Belizário Ferreira 
Pároco da Paróquia de São Conrado 





SAGRADA FAMILIA DE NAZARÉ



A fidelidade é a manifestação da fé. Maria e José cumprem fielmente a peregrinação anual a Jerusalém, aí se associam a Jesus. Este fará, vinte anos mais tarde, a sua peregrinação, a sua Páscoa, e andará de novo “perdido” durante três dias, antes de ser “reencontrado”, desta vez pelos seus discípulos, na manhã de Páscoa. 

O questionamento faz parte da fé. Maria e José estão “estupefatos” e interrogam Jesus: “Porque nos fizeste isto?” E não compreendem a resposta do seu filho. Maria “guardava tudo isso no seu coração”, sem dúvida para não esquecer. A meditação permite entrar no pensamento de Deus para se lhe submeter. Se Jesus, voltando a Nazaré, era submisso a seus pais, estes aceitarão submeter-se à vontade de Deus. Maria disse o “sim” da anunciação, para que tudo se realizasse segundo a vontade de Deus. Um “sim” que ela voltará a dizer ao pé da cruz, mesmo no questionamento… Maria e José realizaram uma verdadeira peregrinação efetuando, não somente a caminhada de Nazaré a Jerusalém, mas sobretudo a caminhada do questionamento ao ato de fé.







sexta-feira, dezembro 28, 2018

AS LIÇÕES DE NATAL, POR DOM FERNANDO ARÊAS RIFAN



Dom Fernando Arêas Rifan*
          

          
  Ainda no clima natalino, reflitamos um pouco na profunda e perene mensagem do Natal, nas personagens desse maravilhoso acontecimento, com seus maus e bons exemplos para nossa advertência e incentivo, e especialmente na sua figura principal, Jesus.

Exemplo dos que tiveram um mau natal temos em Herodes, o rei contemporâneo do nascimento de Cristo, que por inveja queria eliminar o que ele pensava ser seu rival e, por isso, mandou matar todas as crianças de Belém e arredores, sendo assim o precursor daqueles que escandalizam as crianças e as levam para o mal, matando a sua inocência. 

Mau natal também passaram os judeus, especialmente os doutores da lei, que sabiam que era tempo da vinda do Messias e o local do seu nascimento, indicaram o caminho aos Reis Magos, mas não foram ver Jesus, cumprindo-se o que disse São João no prólogo do seu Evangelho: “Ele veio ao que era seu e os seus não o receberam” (Jo 1, 11). 

Bom natal tiveram os pastores, que guardavam suas ovelhas naquela noite e que, avisados pelos anjos, vieram ver e adorar o Menino Deus. Foram os primeiros convidados. São exemplo de amor ao trabalho, pessoas pobres, simples e retas. 
Igualmente os Reis Magos que, fazendo grandes sacrifícios, guiados pela estrela misteriosa, vieram do Oriente para adorar o Menino Deus. 

Lugar importante no Natal teve São José, homem justo e trabalhador, o escolhido pelo Pai Eterno para substituí-lo junto ao seu Filho feito homem, Jesus, como Pai adotivo e esposo da Virgem Mãe.

Mas um papel primordial no Natal teve a Virgem Santíssima, a cheia de graça, a escolhida para ser a Mãe do Verbo incarnado, a que foi preparada para ser assim a colaboradora fiel da obra da Redenção do mundo, iniciado com a vinda de Jesus. 

Mas o Natal é de Jesus, o maior dom que o Pai nos deu. “Deus amou de tal maneira o mundo que lhe deu o seu Filho unigênito” (Jo 3, 16). O presépio de Belém é o princípio da pregação de Jesus, o resumo da sua boa nova, o Evangelho. Dali, daquele pequeno púlpito, silenciosamente, ele nos ensina o desprezo da vanglória desse mundo, o valor do espírito de pobreza e do desprendimento, o nada das riquezas, a necessidade da humildade, o apreço das almas simples, a paciência, a mansidão, a caridade para com o próximo, a harmonia na convivência humana, o perdão das ofensas, a grandeza de coração, a pureza de alma, enfim, todas as virtudes cristãs, que fariam o mundo muito melhor, se as praticasse. É a receita da felicidade. É a fórmula da paz. 

É por isso que o Natal cristão é festa de paz e harmonia, de confraternização em família, de troca de presentes entre amigos, de gratidão e de perdão. Ao menos deveria ser.

Desse modo a mensagem do Natal vai continuar durante todo o Ano Novo, que assim será abençoado e feliz. Mais uma vez: FELIZ NATAL E ABENÇOADO ANO NOVO!

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

quinta-feira, dezembro 27, 2018

26 DE DEZEMBRO, SANTO ESTEVÃO


Martírio cristão: uma história que nunca terminou

Santo Estêvão foi a primeira pessoa que, por vontade própria, abraçou o martírio para testemunhar a fé em Jesus Cristo. Ele era um jovem pertencente à primeira geração cristã e morreu apedrejado por lideranças judaicas.
Estêvão tinha sido eleito diácono da comunidade. Na época, ser diácono significava servir aos pobres e às viúvas, recolhendo e distribuindo alimentos, conforme o sentido grego da palavra “diakonía“, que remete à noção de serviço. Foi só mais tarde que o termo “diaconado” passou a se referir, especificamente, ao primeiro grau do sacramento da ordem sacerdotal.
Estêvão era um verdadeiro ministro da caridade, mas não se limitava ao trabalho social que lhe cabia: ele não perdia as oportunidades de falar de Cristo, e testemunhava com tanto fervor e zelo que chamou a atenção dos judeus.
Levado à presença das autoridades judaicas, Estêvão foi caluniado e acusado de subverter as leis de Moisés. No entanto, inspirado pelo Espírito Santo, o jovem diácono relembrou toda a história da salvação, mostrando que não havia blasfemado nem contra Deus nem contra a Lei.
As lideranças, porém, ficaram mais furiosas ainda e o levaram aos gritos para fora da cidade, apedrejando-o até a morte. Entre os acusadores estava Saulo de Tarso, o futuro apóstolo São Paulo, que ainda não tinha se convertido.

Antes de cair morto, Santo Estevão repetiu as palavras de Jesus no Calvário e pediu a Deus que perdoasse os seus agressores.
Santo Estêvão é recordado no dia 26 de dezembro.

25 DE DEZEMBRO, DIA DO NATAL DE JESUS



 Celebrar o nascimento de Jesus é, em primeiro lugar, contemplar o amor de um Deus que rompeu as distâncias e veio ao encontro do homem, apesar da infidelidade e das recusas do homem. No dia de Natal, nunca será demais insistir nisto: o Deus em quem acreditamos é o Deus do amor e da relação, que continua a nascer no mundo, a apostar no homem, a querer dialogar com ele, a encontrar-Se com ele, e que não desiste de um projeto de felicidade para o homem que criou.

 Jesus Cristo é a Palavra viva e definitiva de Deus, que revela aos homens o caminho da salvação. Celebrar o seu nascimento é acolher essa Palavra. “Escutar” essa Palavra é acolher o projeto que Jesus veio apresentar-nos e fazer dela a nossa referência, o critério fundamental que orienta as nossas opções. A Palavra viva de Deus (Jesus) é, de facto, a nossa referência e orienta as nossas opções? Os valores do Evangelho são os nossos valores? É preciso escutar essa Palavra viva e ver nela a Palavra perfeita, plena e definitiva com que Deus nos diz que caminho percorrer.

A transformação da “Palavra” em “carne” (em menino do presépio de Belém) é a espantosa aventura de um Deus que ama e que, por amor, aceita revestir-Se da nossa fragilidade para nos dar vida em plenitude. Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração, esse incrível passo de Deus, expressão extrema de um amor sem limites.

 Acolher a “Palavra” é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena, a fim de nos tornarmos verdadeiramente “filhos de Deus”. O presépio que hoje contemplamos é, apenas, um quadro bonito e terno, ou uma interpelação a acolher a “Palavra”, de forma a crescermos até à dimensão do homem novo?

 Hoje, como ontem, a “Palavra” continua a confrontar-se com os sistemas geradores de morte e a procurar eliminar na origem tudo o que rouba a vida plena e a felicidade do homem. Sensíveis à “Palavra”, embarcados na mesma aventura de Jesus – a “Palavra” viva de Deus – como nos situamos diante de tudo aquilo que rouba a vida ao homem? Podemos pactuar com a mentira, o oportunismo, a corrupção, a violência, a exploração dos pobres, a miséria, as limitações aos direitos do homem, a destruição da dignidade dos mais fracos?






quarta-feira, dezembro 26, 2018

25 DE DEZEMBRO, MISSA DO GALO


O caminho até Belém, “a casa do pão”


Na homilia, para descobrir juntos o mistério do Natal, o Papa Francisco convidou a percorrer, com Maria e José, o caminho até Belém, cujo nome significa “casa do pão”. Nessa “casa”, diz o Pontífice, “o Senhor marca encontro com a humanidade” para oferecer o alimento que dá vida, porque aqueles do mundo “não saciam o coração”.

O homem tornou-se ávido e voraz. Para muitos, o sentido da vida parece ser possuir, estar cheio de coisas. Uma ganância insaciável atravessa a história humana, chegando ao paradoxo de hoje em que alguns se banqueteiam lautamente enquanto muitos não têm pão para viver. Belém é o ponto de viragem no curso da história. Lá Deus, na casa do pão, nasce numa manjedoura; como se quisesse nos dizer: Estou aqui ao vosso dispor, como vosso alimento.

Deus, então, oferece de comer, diz o Papa, “não dá uma coisa, mas Se dá a Si mesmo. Em Belém, descobrimos que Deus não é alguém que agarra a vida, mas Aquele que dá a vida”.
Com Jesus, nasce um modelo de vida

O Santo Padre apresenta, assim, “um novo modelo de vida” através da imagem do corpo pequeno do Menino Jesus e para renascer no amor e romper a espiral da avidez e da ganância: “não devorar e acumular, mas partilhar e dar”.

“ Diante da manjedoura, compreendemos que não são os bens que alimentam a vida, mas o amor; não a voracidade, mas a caridade; não a abundância ostentada, mas a simplicidade que devemos preservar. ”

No Natal, acrescenta o Papa, recebemos Jesus, “Pão do céu na terra”, um alimento sem data de validade e que ajuda a mudar o nosso coração, já que o centro da vida não é mais o “eu, faminto e egoísta”, mas Jesus, que nasce e vive por amor.

Nesta noite, chamados a ir até Belém, casa do pão, nos interroguemos: Qual é o alimento de que não posso prescindir na minha vida? É o Senhor ou outra coisa qualquer? [...] Será verdade que preciso de tantas coisas, de receitas complicadas para viver? Quais são os contornos supérfluos de que consigo prescindir para abraçar uma vida mais simples? [...] No Natal, reparto o meu pão com aqueles que estão sem ele?

O exemplo dos pastores de Belém

Depois de Belém, a casa do pão, o Papa Francisco convida a refletir sobre Belém, cidade de David, um pastor e, como tal, escolhido por Deus para guiar o seu povo. Assim como o Filho de David, nasceu e foi acolhido pelos pastores, uma figura que vence medos e ama todos, sem exceção, disse o Papa.

Os próprios pastores de Belém são pessoas simples que “não primavam por garbo, nem devoção”, além de permanecerem sempre vigilantes:

“ O mesmo vale para nós. A nossa vida pode ser uma expetação, em que a pessoa, mesmo nas noites dos problemas, se confia ao Senhor e O deseja; então receberá a sua luz. Ou então uma pretensão, na qual contam apenas as próprias forças e meios; mas, neste caso, o coração permanece fechado à luz de Deus. O Senhor gosta de ser aguardado e não é possível aguardá-Lo no sofá, dormindo. ”

Os pastores têm essa característica de não ficarem parados, diz o Papa, mas de ir e arriscar por Deus, “contar a beleza são gestos de amor”.

«Vamos a Belém…» (Lc 2, 15): assim disseram e fizeram os pastores. Também nós, Senhor, queremos vir a Belém. O caminho, ainda hoje, é difícil: é preciso superar os cumes do egoísmo, evitar escorregar nos precipícios da mundanidade e do consumismo. Quero chegar a Belém, Senhor, porque é lá que me esperas. E me dar conta de que Tu, colocado numa manjedoura, és o pão da minha vida. Preciso da terna fragrância do teu amor, a fim de me tornar, por minha vez, pão repartido para o mundo. Toma-me sobre os teus ombros, bom Pastor: amado por Ti, conseguirei também eu, amar, tomando pela mão os irmãos.


PAPA FRANCISCO











MISSA DA NOITE DO NATAL DE JESUS


1 – Natal e insistência no HOJE



A Liturgia tem quatro Missas diferentes no Natal. A Missa da Vigília, a Missa da Noite, a Missa da Aurora e a Missa do Dia. Nestas Missas existe a repetição da palavra HOJE, como, por exemplo: Hoje, Jesus nasceu para nós; Hoje, surgiu a luz para o mundo... A Igreja não reza, não canta o ontem, mas o HOJE. Desse modo, a Liturgia não transforma o Natal em lembrança do passado, mas acontecimento do nosso HOJE. No contexto do HOJE, a Palavra proclamada no Natal propõe os pastores como exemplo. Diz que os pastores ouviram o anúncio, deixaram o rebanho e foram ao presépio. Três atitudes que podemos imitar HOJE, no Natal que celebramos. Primeiro: ouvir o anúncio que é convite para celebrar o Natal. Segundo, tomar uma atitude; os pastores priorizaram o convite e deixaram o seu rebanho e, terceiro, como os pastores, ir ao encontro do presépio e participar do Natal. Não ficar olhando de fora, mas HOJE entrar no Natal.



2 - A luz da alegria divina e sua rejeição


Como celebramos o Natal no nosso HOJE? O Evangelho do Prólogo de João ajuda-nos a refletir. É um dos textos mais bonitos do Novo Testamento que fala do Natal como a luz divina acendendo-se nas trevas do mundo. Mas, na metade do texto, João decepciona-se porque a luz e a vida divina vieram ao mundo e foram rejeitadas. O Natal é Deus oferecendo sua luz para o nosso HOJE. O Natal é Deus oferecendo sua vida para o nosso HOJE. O Natal é convite para se deixar iluminar pela luz divina e viver a vida divina no nosso HOJE. E, neste nosso HOJE, sabemos que o mundo tem dificuldade de se iluminar com a luz divina. Todos os dias, na mídia e nas redes sociais, vemos e ouvimos a recusa da luz divina e a preferência pelas trevas da violência, da corrupção, do pecado. O Natal celebra o convite para se deixar iluminar pela luz divina, convite para acolher a vida divina no nosso HOJE.

3 - Exemplo silencioso de Maria

Voltemos ao exemplo dos pastores. Eles vão ao presépio e encontram Maria, a Mãe de Jesus. Discreta, meditativa, silenciosa. Discretamente coloca-se de lado porque o centro é Jesus. Torna-se silenciosa para melhor poder compreender o Natal com o coração que reza, que medita, que não tem explicação para tudo. Assim Maria viveu seu Natal: na discrição, no silêncio e na meditação. É convite para viver o Natal no nosso HOJE de modo discreto, de modo silencioso e dedicando tempo à meditação orante. Claro que se participa das festas da família, mas não deixe de encontrar tempo para silenciar, meditar e rezar neste Natal, como fez Maria, a Mãe de Jesus. E aquele exemplo dos pastores? Continua valendo. Os pastores ouvem o convite e vão ao presépio; podemos fazer o mesmo: ir e entrar silenciosamente no presépio para, HOJE, neste Natal encontrar-se com Jesus. Os pastores viram o Menino na manjedoura e contaram o que viram; convite para viver o Natal, no nosso HOJE, testemunhando, mostrando a todos a alegria do Natal que celebramos em nosso HOJE. Feliz Natal!













Oração diante do presépio do jardim da Igreja Matriz São Conrado



Fonte: www.liturgia.pro


segunda-feira, dezembro 24, 2018

IV DOMINGO DO ADVENTO




1 - A pequenez: caminho divino

Neste último Domingo do Advento, a um dia do Natal, vou refletir com vocês um tema pouco lembrado entre nós: o tema da “pequenez”. É um tema querido na espiritualidade franciscana; fazer-se pequeno. Em tempos de coach com treinamentos para pensar grande, ter sucesso, vencer... a pequenez soa quase como pecado. Na Liturgia de hoje, a pequenez apresenta-se como caminho. Caminho que conduz à humildade. Não humildade como sinônimo de pobre ou de pessoa pouca estudada. Humildade no conceito Bíblico: tornar-se pequeno para ingressar no Mistério de Deus, para caminhar nos caminhos de Deus. Humildade e pequenez, dois conceitos complicados para a mentalidade social atual, fortemente marcada pelo sucesso, pela fama, pelo vencer, porque os fracos são perdedores e não necessitados de fraternidade. Entrar no caminho da pequenez para ser humilde é viajar na contramão da mentalidade de nossos dias.


2 - Deus escolheu a pequenez para se encarnar

A “pequenez” é tema importante para nós cristãos, principalmente quando considerado na perspectiva de caminho. Deus escolheu o caminho da pequenez na Encarnação. Belém, dizia Miquéias na 1ª leitura, “pequenina entre os mil povoados de Judá”; é da pequenez de Belém que Deus entra na história humana. Em vez do caminho do poder, de mega eventos, a pequenez de um lugar desconhecido. Por que Deus age deste modo? O caminho da pequenez, como dito, conduz à humildade e a humildade nos torna simples e os simples são capazes de penetrar no Mistério divino, como contemplamos na pessoa de Maria. Por isso, o Natal interroga nossa vida pessoal, tentada todos os dias pelo poder da riqueza, da fama, do sucesso. Interroga nossas famílias, quanto à dificuldade para viver simples e despojado. Interroga nossas pastorais quando pensamos com cabeça de marketeiro, julgando que mega eventos e muito barulho são caminhos evangelizadores.


3 - A visita de Maria

A escolha de Maria também ajuda-nos a compreender onde conduz a estrada da “pequenez”. Maria não toma o caminho das grandes cidades, vai para Ain Karin, uma vila pequena, perdida nas montanhas de Judá. É um caminho que se destina ao serviço. O caminho da pequenez conduz à humildade, à simplicidade e se concretiza no serviço. Ain Karin, onde morava Isabel e Zacarias, era uma periferia de Judá. O Natal nos leva a caminhar na direção das periferias para servir. Deus, em Jesus, deixa o céu e vem para a periferia do mundo, ensinando que este é o caminho da salvação da humanidade. Periferias sociais, não apenas geograficamente, mas também socialmente, daqueles que vivem nas margens existenciais de tantas vidas sem sentido, até mesmo dentro de nossas casas. O Natal questiona nosso estilo de vida, as escolhas de nossos caminhos, indica o caminho da “pequenez” que nos torna humildes, simples, serviçais para, como dizia a 2ª leitura, em tudo viver fazendo a vontade de Deus. Amém!





sábado, dezembro 22, 2018

PREPARANDO O NATAL DE JESUS




Ana agradece com três novilhos, uma medida de farinha, um odre de vinho e, sobretudo, com o dom do próprio filho, a graça da maternidade. Samuel, devolvido ao Senhor, torna-se um laço vivo entre Ana e Deus.

Maria também dá graças ao Senhor, com grande efusão de alma: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Seivedor», Jesus ainda não tinha nascido. Mas a Virgem já dava graças por Ele e O oferecia a Deus¬Pai, porque tinha dado início à obra da salvação, santificando João Batista no seio de sua mãe.

Ana e Maria, cheias de alegria, agradecem o dom da vida que está nelas, sinal da bondade de Deus. Ao mesmo tempo, com simplicidade e pureza de coração, entregam-se ao Senhor porque «a sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem» (v. 50).

É bom que também nós nos demos conta de que a pobreza e a simplicidade de coração são condições essenciais para agradar a Deus e ser cheios da sua riqueza. Os frutos das obras de Deus desenvolvem-se no silêncio e na calma, não na agitação ou na violência. Deus atua com discrição e no segredo. Não se podem forçar os tempos do Espírito.

Como Maria, somos convidados, na proximidade do Natal, a partilhar esta delicadeza do Senhor, confiando todos os nossos projetos e a nossa vida Àquele que nos amou por primeiro e quer o nosso bem. Ofereçamos-lhe o nosso louvor, porque Ele «escolheu o que era louco aos olhos do mundo para confundir os sábios, escolheu aquilo que no mundo era fraco para confundir os fortes , para que ninguém possa gloriar-se diante de Deus» (1 Cor 1, 27-29).

O louvor e a ação de graças, como as outras dimensões da oração, nascem do silêncio que possibilita a escuta do Senhor que fala, e que possibilita dar-nos contas das maravilhas que faz em nós e à nossa volta. O barulho e a agitação dispersam, distraem. Um salmista rezava: "Ponde, Senhor, vigilância à minha boca, guardai a porta dos meus lábios" (SI 141(140),3). O tempo de Natal implica sempre alguma agitação. É natural, mas há que ter o cuidado de não perdermos o essencial.

Muitas pessoas do nosso tempo, também religiosos, perderam o sentido do silêncio; parece terem medo dele. Desperdiçaram um grande valor, um dom importante, e correm o risco de perder a si mesmos. Pelo silêncio, entramos na profundidade de nós mesmos, conhecemos as nossas verdadeiras exigências, aceitamo-Ias e, com a ajuda do Espírito, realizamo-Ias.

Demasiadas pessoas andam imersas em tagarelices, rumores, músicas, imagens; estão sem defesas, sem refúgio interior; andam 
fora de si, alienados. Por isso, não se reconhecem, nem reconhecem o que Deus faz e quer fazer nelas. Por isso, não cantam os louvores de Deus! Nem vistam os que precisam, porque não ouvem os seus gritos!


ENTREGAS DAS CESTAS DE NATAL PARA MORADORES DE VILA CANOAS - 20/12/18







PREPARANDO O NATAL COM OS FUNCIONÁRIOS DA PARÓQUIA - 21/12/18




quinta-feira, dezembro 20, 2018

A NOVA CRIAÇÃO, POR DOM FERNANDO ARÊAS RIFAN




Dom Fernando Arêas Rifan*


   “Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem  à sua imagem; - séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz; - vinte e um séculos depois do nascimento de Abraão, nosso pai; - treze séculos depois da saída de Israel do Egito, sob a guia de Moisés; - cerca de mil anos depois da unção de Davi, como rei de Israel; - na septuagésima quinta semana da profecia de Daniel; - na nonagésima quarta Olimpíada de Atenas; - no ano 752 da fundação de Roma; - no ano 538 do edito de Ciro, autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; - no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo: JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses, nasceu da Virgem Maria, em Belém de Judá. Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador! Ele é Emanuel, Deus Conosco”. Este é o solene anúncio oficial do Natal, feito pela Igreja na primeira Missa da noite de Natal!

        O Natal é a primeira festa litúrgica, o recomeçar do ano religioso, como a nos ensinar que tudo recomeçou ali. O nascimento de Jesus foi o princípio da revelação do grande mistério da Redenção que começava a se realizar e já tinha começado na concepção virginal de Jesus, o novo Adão. Deus queria que o seu projeto para a humanidade fosse reformulado num novo Adão, já que o primeiro Adão havia falhado por não querer se submeter ao seu Senhor, desejando ser o senhor de si mesmo e juiz do bem e do mal. Assim, Deus enviou ao mundo o seu próprio Filho, o Verbo eterno, por quem e com quem havia criado todas as coisas. Esse Verbo se fez carne, incarnou-se no puríssimo seio da Virgem, por obra do Espírito Santo, e começou a ser um de nós, nosso irmão, Jesus. Veio ensinar ao homem como ser servo de Deus. Por isso, sendo Deus, fez-se em tudo semelhante a nós, para que tivéssemos um modelo bem próximo de nós e ao nosso alcance. Jesus é Deus entre nós, o “Emanuel – Deus conosco”, a face da misericórdia do Pai. Uma nova criação!

            São Francisco de Assis inventou o presépio, a representação iconográfica do nascimento de Jesus, para que refletíssemos nas grandes lições desse maior acontecimento da história da humanidade, seu marco divisor, fonte de inspiração para pintores e místicos.

            Que tal se fizéssemos um Natal contínuo, pensando mais no divino Salvador, na sua doutrina, no seu amor, nas virtudes que nos ensinou, unindo-nos mais a ele pela oração e encontro pessoal com ele, imitando o seu exemplo, praticando as obras de misericórdia, convivendo melhor com nossa família...

            Desse modo a mensagem do Natal vai continuar durante todo o Ano Novo, que assim será abençoado e feliz. FELIZ NATAL E ABENÇOADO ANO NOVO!

quarta-feira, dezembro 19, 2018

Papa Francisco no Domingo da Alegria em 2018



Papa: mesmo nos problemas e sofrimentos, Deus nos guia sempre,
“Deus guia amorosamente nossa vida, e o faz sempre. Mesmo em meio aos problemas e aos sofrimentos, esta certeza alimenta a esperança e a coragem”, disse o Papa no Angelus deste III Domingo do Advento, domingo da alegria.

“A consciência de que nas dificuldades podemos sempre dirigir-nos ao Senhor, e de que Ele jamais refuta nossas invocações, é um grande motivo de alegria”: disse o Papa Francisco na oração do Angelus ao meio-dia deste III Domingo do Advento (16/12), chamado domingo da alegria.

De fato, o Santo Padre enfatizou que neste domingo a liturgia nos convida à alegria, destacando as palavras com as quais o profeta Sofonias se dirige à pequena porção do povo de Israel: “Alegra-te, filha de Sião, grita de alegria, Israel, exulta e aclama com todo o coração, filha de Jerusalém!” (3,14). “Gritar de alegria, exultar, alegrar-se: este é o convite deste domingo”, prosseguiu.

“Os habitantes da cidade santa são chamados a alegrar-se porque o Senhor revogou a sua condenação”, frisou o Pontífice e acrescentou – atendo-se à liturgia dominical - que Deus perdoou, não quis punir, consequentemente, para o povo não há mais motivo de tristeza e de desconforto, mas tudo leva a uma gratidão alegre a Deus, que quer sempre resgatar e salvar aqueles que ama.

Domingo Gaudete, domingo da alegria

O amor do Senhor pelo seu povo é incessante, comparável à ternura do pai pelos filhos, do esposo pela esposa, como diz ainda Sofonias: “Alegrar-se-á por tua casa, renovar-te-á por seu amor, exultará por ti com grito de alegria” (v. 17). “Este é – assim se chama – domingo da alegria. O terceiro domingo do Advento, antes do Natal”, destacou Francisco.

Este apelo do profeta é particularmente apropriado no tempo em que nos preparamos para o Natal, disse o Papa, “porque se aplica a Jesus, o Emanuel, o Deus-conosco: a sua presença é a fonte da alegria”.

“As palavras do anjo Gabriel à Virgem são como um eco das palavras do profeta. O que diz o arcanjo Gabriel?: ‘Alegrai, cheia de graça, o Senhor é convosco’ (Lc 1,28). Isso é, ‘alegrai-vos’, diz a Nossa Senhora. Numa aldeia perdida da Galileia, no coração de uma jovem mulher desconhecida para o mundo, Deus acende a centelha da felicidade para o mundo inteiro.”

E hoje o mesmo anúncio é dirigido à Igreja, chamada a acolher o Evangelho para que se torne carne, vida concreta, e diz à Igreja, a todos nós: «Alegrai-vos, pequena comunidade cristã, pobre e humilde, mas bonita a meus olhos porque desejai ardentemente meu Reino, tendes fome e sede de justiça, teceis com paciência com textura de paz, não segui os poderosos do momento, mas permaneceis fielmente ao lado dos pobres. E assim não tendes medo de nada, mas vosso coração é na alegria”.

Na presença do Senhor, nosso coração na alegria

“Se nós caminharmos assim, na presença do Senhor, nosso coração estará sempre na alegria. A alegria de alto nível, quando há, repleta, e a alegria humilde de todos os dias, isto é, a paz. A paz é a menor alegria, mas é a alegria.”

Francisco lembrou que também São Paulo na liturgia deste domingo nos exorta a não angustiar-nos sem esperança por nada, mas em toda circunstância apresentar a Deus nossos pedidos, nossas necessidades, nossas preocupações, “com orações e súplicas” (Fil 4,6).

“Nenhuma preocupação, nenhum medo jamais conseguirá tirar-nos a serenidade que vem não de coisas humanas, das consolações humanas: não; a serenidade que vem de Deus, do saber que Deus guia amorosamente nossa vida, e o faz sempre. Mesmo em meio aos problemas e aos sofrimentos, esta certeza alimenta a esperança e a coragem.”

segunda-feira, dezembro 17, 2018

III DOMINGO DO ADVENTO



1 - Alegria cristã 



Este 3º Domingo do Advento é denominado com o termo latino “Dominica gaudete.” “Domingo da alegria”, em português. Por isso, os paramentos são cor de rosa. Deixa-se o roxo, que no Advento simboliza a vigilância, e veste-se com uma cor mais sobriamente alegre. A antífona de entrada convida a alegrar-se, as duas leituras e o salmo responsorial falam de alegria. Por quê? — Porque estamos próximos do Natal. Daqui a nove dias celebraremos o Natal. Mas, diante da insistência da alegria, vamos considerar o que a Bíblia entende por alegria. Primeiramente, a fonte da alegria é a fé confiante em Deus. Quem crê em Deus não se inquieta com os desafios da vida, dizia São Paulo, na 2ª leitura. Dizia também que a alegria produz bondade, paz interior e serenidade. Ou seja, a alegria, que tem sua fonte em Deus, é um suporte espiritual e psicológico especialmente importante e necessário para os momentos desafiadores da vida. Alegria não entendida como euforia festiva, mas como suporte interior. 



2 - Presença divina no meio do povo

A fé como fonte da alegria interior. A profecia de Sofonias, na 1ª leitura, anuncia a presença divina no meio do povo. A fé que Deus está no meio de nós produz alegria. Alegria que produz segurança, que vai promover, na sociedade e na vida pessoal de cada pessoa, paz e serenidade. Quando estamos seguros somos alegres, temos paz dentro de nós, vivemos na serenidade em qualquer situação existencial. Não estamos falando da alegria demonstrada por risadas a todo momento, mas a alegria como uma virtude, uma força espiritual que nos torna serenos. Na 2ª leitura, São Paulo dizia que a alegria não promove a inquietação com nada, e que a alegria produz a bondade, nos faz ser bons, acolhedores, amáveis com os outros. Os rabugentos não são bons porque vivem sem paz interior, vivem tristes dentro de si. Por isso, a alegria, enquanto virtude é capaz de mudar nossas vidas. A alegria muda nosso comportamento.


3 - O que devemos fazer?

Diante da provocadora profecia de João Batista, as pessoas começam a interrogá-lo: o que devemos fazer? A resposta de João resume-se numa palavra: honestidade. Ser honesto com o pobre que passa frio é repartir a túnica; a honestidade promove a solidariedade e isso traz alegria interior. Honestidade na cobrança dos impostos, porque a desonestidade produz corrupção capaz de roubar todo um povo, como aconteceu conosco, no Brasil. A honestidade produz a alegria da consciência tranquila, elimina a cultura do "levar vantagem em tudo". Nos relacionamentos sociais cotidianos, os pequenos atos de corrupção favorecem o clima da desconfiança e impede o respeito fraterno. Preparar-se para o Natal, portanto, significa colocar ordem na vida pessoal e, para isso, acendemos a luz da alegria. Havendo descontentamento, luz amarela; se existir tristeza, luz vermelha, se existir alegria, a luz clara da paz estará brilhando em nossos corações, em nossas vidas. Amém!