1 – Convite para voltar para Deus
A 1ª leitura iniciava com um convite do próprio Deus dizendo: “voltai para mim com todo vosso coração”. Esta é a primeira palavra da Quaresma: um convite para voltar para Deus. Um convite que dá a entender que se está caminhando em caminhos que se distanciam de Deus. Converter-se significa retomar o caminho que conduz a Deus. Para isso, Jesus propõe três práticas, três atitudes, que caracterizam a Quaresma: a esmola, a oração e o jejum.
2 – Esmola: encontrar-se com o outro
Nós voltamos para Deus pela esmola que oferecemos a alguém. Jesus ensina que tudo o que se faz ao menor dos seus irmãos é feito a ele. Por isso, a esmola é um passo que nos conduz ao encontro com Deus. Na Bíblia e na tradição cristã, por esmola entende-se a disposição de ajudar alguém necessitado. Para isso, é preciso olhos e sensibilidade para perceber as necessidades do outro. Às vezes, são necessidades materiais, mas podem ser necessidades de acolhimento, de presença, de conforto, de apoio, de perdão... O gesto característico da esmola é o de estender a mão. Quando eu estendo a mão para ajudar quem está necessitado eu estou oferecendo uma esmola. Converter-se, do ponto de vista da esmola, é deixar o egoísmo para se tornar solidário, fraterno com o outro.
3 – Oração: encontrar-se com Deus
O segundo passo que conduz ao encontro de Deus, proposto por Jesus, é a oração. Jesus explica como deve ser esta oração: sem alarde, sem querer aparecer, sem gestualidade de braços elevados ou ajoelhados... a orientação de Jesus é clara: entrar no quarto, fechar a porta e silenciar diante de Deus. A oração é um tempo de intimidade entre eu e Deus. Jesus não diz o que devemos falar, mas ressalta que o “Pai vê em segredo”. Não sou eu que tomo a iniciativa de ver Deus, é ele que me vê. Jesus convida a fazer experiência de se colocar diante de Deus para ser visto por ele. É a orientação para se converter pelo silêncio orante.
4 – Jejum: encontrar-se consigo mesmo
A terceira prática é o jejum. O jejum sempre existiu na Bíblia seja como prática de saúde, seja como modo de se encontrar com Deus. A prática do jejum propõe que se coma somente o necessário, o essencial para me manter alimentado. Pelo jejum, eu faço a experiência do essencial e rejeito o excesso. Se a esmola me leva a entrar em contato com o irmão, se a oração me leva a entrar em contato com Deus, pelo jejum eu sou levado a entrar em contato comigo mesmo. O que é essencial para mim? Os psicólogos falam que a compulsão alimentar é sintoma de neurose; um distúrbio emocional. A pessoa que jejua se mantém no que é essencial, no equilíbrio de si; isto promove a serenidade. Jejuar é o exercício que, deixando todo tipo de excesso, não só comida, eu me converto ao que é essencial e, neste processo, eu me aproximo de Deus. Amém!