terça-feira, abril 23, 2019

MISSA DO DOMINGO DE PÁSCOA





1 – Ressurreição: convite para viver a vida plena


Mesmo antes do anúncio da Ressurreição de Jesus pelos Apóstolos, a Ressurreição era questionada e desmentida. Os soldados tinham sido instruídos a mentir, dizendo que o corpo de Jesus tinha sido roubado (Mt 28,11-14). Com o passar do tempo, os Apóstolos e missionários do Evangelho presenciaram cenas de desprezo e de indiferença por pessoas que ouviram o anúncio da Ressurreição de Jesus. Isto perpassou os séculos e, a Ressurreição de Jesus continua sendo contestada até hoje. A nossa fé na Ressurreição de Jesus não é uma doutrina ou uma construção teológica e, muito menos, um mito ou uma história inventada. É uma realidade que se fundamenta em fatos históricos. Num determinado momento da história da humanidade aconteceu este fato: Jesus Cristo, o Filho de Deus, encarnado na vida humana, morreu e ressuscitou.


2 – Compreender a Escritura

Podemos admitir dificuldade em compreender e, até mesmo, aceitar a Ressurreição de Jesus. Diante disso, a 1ª leitura e o Evangelho fazem referência a uma única fonte esclarecedora: a Escritura. Não alguma passagem específica da Escritura, mas a toda Escritura. Podemos até imaginar como aconteceu a Ressurreição, mas a compreensão do fato, esta se alcança pelo conhecimento da Escritura. O Evangelho que ouvimos descreve três reações diante da notícia da Ressurreição de Jesus: Maria chora desolada, João espera na entrada da sepultura e Pedro entra e não entende o que aconteceu. A explicação das reações de Maria, de Pedro e de João está no final do Evangelho: “De fato, ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos”. A chave da compreensão da Ressurreição de Jesus está na Escritura. A Ressurreição de Jesus, como cantava o salmo, é a maior de todas as manifestações da misericórdia de Deus para conosco e sua compreensão acontece pelo conhecimento da Escritura. Sem a luz da Escritura, tudo é especulação estéril.

obs : No tempo de sua vida terrena, Jesus ressuscitou o filho da viúva de Naim, a filha de um oficial romano e o seu amigo Lázaro. Em vez de ressurreição, seria melhor dizer reanimação da vida. Isto quer dizer que a pessoa volta a ter a mesma vida de antes e está sujeita à morte. Ressuscitar é diferente. A ressurreição é o ingresso num modo completamente novo de viver; ingresso numa vida sobre a qual a morte não tem mais algum poder. De tempos em tempos, Jesus dizia que ressuscitaria ao terceiro dia, mas seus amigos não haviam compreendido o que Jesus estava dizendo.  A reanimação da vida é algo que pode ser vista pelos sentidos, pelos olhos. A Ressurreição, ao contrário, é algo que necessita da luz divina para ser compreendida; disto a presença dos anjos. Hoje, para nós, necessitamos da fé para professar com nosso modo de viver, com nosso modo de pensar que Jesus, verdadeiramente, ressuscitou.


3 – Páscoa é passagem para fazer o bem

E o que diz a Escritura para o nosso tempo histórico. Sabemos que a palavra “páscoa” significa “passagem”. A vida de Jesus foi uma páscoa. Em Jesus, Deus se faz homem para passar — para fazer sua Páscoa — nesta terra. O jeito de passar entre nós é explicado por Pedro, na 1ª leitura: "Ele andou por toda a parte fazendo o bem". Jesus passou de casa em casa, de aldeia em aldeia, curando doentes, libertando pessoas do mal, ensinando e propondo a passagem (a páscoa) de um modo de viver para outro estilo de vida. A Ressurreição que, hoje, alegremente celebramos é convite para vivermos a mesma Páscoa de Jesus, ou seja, que nossas vidas sejam uma passagem por este mundo para semear o bem, para cultivar o bem, para fazer frutificar o bem semeando vida. Ao saudá-los com feliz Páscoa, desejo que vivem suas vidas fazendo o bem, recusando o fermento da maldade, como dizia a 2ª leitura, para sentir a beleza e a alegria da vida plena que vem da Ressurreição de Jesus. Feliz Páscoa a todos!