O
tema que domina o 14º Domingo do Tempo Comum gira em torno da temática do
“envio”; na figura dos 72 discípulos do Evangelho, na figura do profeta anônimo
que fala aos habitantes de Jerusalém do Deus que os ama, ou na figura do
apóstolo Paulo que anuncia a glória da cruz, somos convidados a tomar
consciência de que Deus nos envia a testemunhar o seu Reino.
É,
sobretudo, no Evangelho que a temática do “envio” aparece mais desenvolvida. Os
discípulos de Jesus são enviados ao mundo para continuar a obra redentora que
Jesus começou e para propor a Boa Nova do Reino aos homens de toda a terra, sem
excepção; devem fazê-lo com urgência, com simplicidade e com amor. Na ação dos
discípulos, torna-se realidade a vitória do Reino sobre tudo o que oprime e
escraviza o homem.
Na
primeira leitura, apresenta-se a palavra de um profeta anônimo, enviado a
proclamar o amor de pai e de mãe que Deus tem pelo seu Povo. O profeta é sempre
um enviado que, em nome de Deus, consola os homens, liberta-os do medo e
acena-lhes com a esperança do mundo novo que está para chegar.
Na
segunda leitura, o apóstolo Paulo deixa claro qual o caminho que o apóstolo
deve percorrer: não o podem mover interesses de orgulho e de glória, mas apenas
o testemunho da cruz – isto é, o testemunho desse Jesus, que amou radicalmente
e fez da sua vida um dom a todos. Mesmo no sofrimento, o apóstolo tem de testemunhar,
com a própria vida, o amor radical; é daí que nasce a vida nova do Homem Novo.
Evangelho:
precisamos ver a importância do número de setenta e dois e o envio ser de dois
a dois: (setenta e dois está relacionado ao número de nações e a universalidade
de envio e o enviar de dois em dois, está para assegurar de que mais do que uma
aula, a evangelização se dá pelo testemunho e o testemunho de duas pessoas têm
uma valor jurídico irrefutável naquela cultura).
Depois
Lucas passa a descrever a forma como a missão se deve concretizar: Há, em
primeiro lugar, um aviso acerca da dificuldade da missão: os discípulos são
enviados “como cordeiros para o meio de lobos” (vers. 3). Aqui, expressa a
situação do discípulo fiel, frente à hostilidade do mundo.
Há,
em segundo lugar, uma exigência de pobreza e simplicidade para os discípulos em
missão: os discípulos não devem levar consigo nem bolsa, nem alforge, nem
sandálias... As indicações de não levar nada para o caminho sugerem que a força
do Evangelho não reside nos meios materiais, mas na força da Palavra; a
indicação de não saudar ninguém pelo caminho indica a urgência da missão (que
não permite deter-se nas distrações. A indicação de que não devem saltar de
casa em casa sugere que a preocupação fundamental dos discípulos deve ser a
dedicação total à missão e não o encontrar uma hospitalidade mais confortável.
Apesar
do êxito da missão, Jesus põe os discípulos de sobreaviso para o orgulho pela
obra feita: eles não devem ficar contentes pelo poder que lhes foi confiado,
mas sim porque os seus nomes estão “inscritos no céu”. O missionário tem de
mostrar nos seus gestos o amor, o serviço, o perdão, a doação que ele anuncia
em palavras (se isso não acontecer, o seu testemunho é oco, hipócrita,
incoerente e não convencerá ninguém).
Exatamente
nesse Dia, quando o Senhor nos recorda, através das leituras o tema do envio,
nos recordando que a messe é grande, mas os operários são poucos e recordamos
que nossa paróquia celebra o seu Jubileu de Ouro. Mais do que ostentar o título
de ser uma igrejinha linda, um cartão postal de São São Conrado, apreciado
pelos transeuntes, ela é chamada a ser uma comunidade missionária a quem o
Senhor confiou uma árdua tarefa Evangelizadora nesse pequeno espaço urbano
cheios de desafios, tais como; individualismo, violência, pobreza e opulência,
grandes condomínios e favelas: realidades que nos interpelam e desafiam...
Por
isso, amados irmãos celebrando esse jubileu de ouro, convidamos a todos olhar
para o passado com gratidão a Deus e às todas as pessoas (padres, religiosas,
leigos e leigas) que contribuíram para a edificação do Reino de Deus; olhando
para o presente que nos interpela com os seus desafios atuais; e olhando para o
futuro com confiança em Deus, que começou essa obra e que haverá de leva-la a
bom termo, Ele que sempre esteve presente e à frente dessa obra. Que nos
sintamos enviados e fortalecidos para tomar acendo e dar continuidade a essa
bela, longa história que hoje apresentamos no altar e assumimos como nossa:
memória, gratidão e missão sejam os pilares dessa nossa celebração.