segunda-feira, julho 29, 2019

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM








Nós não pedimos a mesma coisa a um pai, a um filho, a um amigo, a um vizinho, ao chefe da empresa. A oração dirige-se a Deus que chamamos “Pai” (“Abba” em arameu, palavra cuja melhor tradução seria “Paizinho querido”). Não se trata de pedir qualquer coisa sem mais ao nosso Pai. Jesus indica-nos os objetos do nosso pedido. Primeiro, que Deus seja reconhecido como Deus e que o seu projeto de amor sobre o mundo seja posto em ação. Em seguida, pedimos-lhe aquilo que é vital para nós: o alimento para viver, o perdão para amar, a liberdade para permanecer de pé. Eis os pedidos essenciais. Então, não hesitemos em insistir de todos os modos: se Lhe pedimos isso, Ele não pode ficar surdo.


O “Pai Nosso” é a única oração que Jesus ensinou aos seus discípulos. É também a própria oração de Jesus. “Senhor, ensina-nos a orar”. Como ensinar os outros a rezar, se nós próprios não rezamos? Jesus foi buscar à sua experiência a oração que deu aos seus discípulos. Assim, dizemos palavras que o próprio Jesus diz conosco. A sua oração e a nossa oração são uma única e mesma súplica. Jesus está sempre vivo para interceder em nosso favor. Cada dia, Jesus reza conosco a seu Pai e nosso Pai. Hoje, coloca-se o acento numa oração de louvor e ação de graças. A oração de pedido não é tão valorizada. Porém, a oração que Jesus ensina aos seus discípulos é, antes de mais, uma oração de pedido. O verbo “pedir” aparece seis vezes na passagem de hoje (ver no Evangelho). A experiência parece dizer que os nossos pedidos não são atendidos. Mas Jesus dá-nos uma chave de leitura: é o Espírito Santo que o Pai nos quer dar, o Amor infinito. Trata-se, portanto, de pedir, antes de mais, que este Amor infinito nos modele cada vez mais profundamente, para que aprendamos a ver como Deus nos vê, a amar como Ele nos ama. Ora, entrar numa aventura de amor exige paciência, e também renúncia a nós mesmos para nos abrirmos cada vez mais ao outro. Na realidade, aí está todo o sentido da nossa vida. Nós somos muitas vezes impacientes, ficamos no imediato, na superfície das coisas. Deus olha o coração, vai além das aparências, numa confiança total. Caminho exigente, este que nos conduzirá para além de nós próprios, até à Casa do Nosso Pai.