Setembro
é o mês da Bíblia e, no próximo domingo, dia 29, celebraremos o dia nacional da
Bíblia, dedicado a despertar e promover entre os fiéis o conhecimento e o amor
dos Livros Sagrados, a Palavra de Deus escrita, redigida sob a moção do Divino
Espírito Santo, motivando-os para sua leitura cotidiana, atenta e piedosa e, ao
mesmo tempo, premunindo-os contra os erros correntes com relação à Bíblia mal
interpretada.
“Na
Igreja, veneramos extremamente as Sagradas Escrituras, apesar da fé cristã não
ser uma ‘religião do Livro’: o cristianismo é a ‘religião da Palavra de Deus’,
não de ‘uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo’” (Bento XVI
- Verbum Domini, 7)
É
de São Jerônimo, o grande tradutor dos Livros Santos, a célebre frase: “Ignorar
a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”. Portanto, o conhecimento e o
amor às Escrituras decorrem do conhecimento e do amor que todos devemos a Nosso
Senhor.
O
ponto central da Bíblia, convergência de todas as profecias, é Jesus Cristo. O
Antigo Testamento é preparação para a sua vinda e o Novo, a realização do seu
Reino. “O Novo estava latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo
Agostinho).
Dizemos
que a Bíblia é um livro divino e humano: inspirada por Deus, mas escrita por
homens, por Deus movidos e assistidos enquanto escreviam.
A
Bíblia não é um livro só, mas um conjunto de 73 livros, redigidos por autores
diferentes, em épocas, línguas, estilos e locais diversos, num espaço de tempo
de cerca de mil e quinhentos anos. Sua unidade se deve ao fato de terem sido
todos eles inspirados por Deus, seu autor principal e garantia da sua
inerrância.
Mas
a Bíblia não é um livro de ciências humanas. Por isso a Igreja Católica reprova
a leitura fundamentalista da Bíblia, que teve sua origem na época da Reforma
Protestante e que pretende dar a ela uma interpretação literal em todos os seus
detalhes, o que não é correto.
Além
disso, a Bíblia não é um livro fácil de ser lido e interpretado. São Pedro,
falando das Epístolas de São Paulo, nos diz que “nelas há algumas passagens
difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos
deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais
Escrituras” (II Pd 3, 16).
Daí
a advertência do mesmo São Pedro: “Sabei que nenhuma profecia da Escritura é de
interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de
uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de
Deus” (2Pd 1, 20-21). Assim, o ofício de
interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita (a Bíblia Sagrada) ou
transmitida oralmente (a Sagrada Tradição) foi confiado unicamente ao
Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo,
que disse aos Apóstolos e seus sucessores “até a consumação dos séculos”: “Ide
e ensinai a todos os povos tudo o que vos ensinei... quem vos ouve a mim ouve”.
Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan