O
Evangelho de hoje inicia-se com um jogo de olhares: os fariseus estão de olho
em Jesus e Jesus olha de modo atento — observa — a atitude daqueles que ocupam
os primeiros lugares para serem vistos e admirados. Para nossa reflexão, o
interesse está no que Jesus faz com o seu olhar. Ele olha e daquilo que Jesus
vê, tira um ensinamento para a vida. O simples ato de escolher lugares na mesa
para Jesus comunica uma lição de vida. Ouvir a Palavra e meditá-la para
assimilarmos a sabedoria divina; olhar para as coisas simples da vida para
aprender um ensinamento que favoreça uma existência mais livre e feliz, como é
o caso de não escolher os primeiros lugares para ser visto e ser admirado.
O
olhar humilde de Jesus. «Naquele tempo, Jesus entrou, a um sábado, em casa de
um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam.»
Quando
Jesus entrou em casa de um dos principais dos fariseus, para tomar uma refeição
para a qual tinha sido convidado, todos estavam a observá-los. Encontramos aqui
diversas espécies de olhares, como podem ser os nossos:
O
olhar de Jesus é cheio de bondade e de amor, e exprime um desejo divino de
ajudar a todos os presentes. Assim era quando olhava os doentes e aflitos que
Lhe apareciam nos caminhos da Terra Santa.
Aproveita
o momento para dar a todos uma lição prática de humildade muito apropriada ao
momento que estão vivendo.
O
olhar de alguns presentes era cheio de orgulho e de importância, com um falso
complexo de superioridade, como se não houvesse no mundo honras e homenagens
capazes de os deixar contentes.
Não
é difícil, infelizmente, encontrar pessoas que pensam que ninguém as merece e
tratam os outros com altivez, como se fossem inferiores.
Alguns
eram simples curiosos. Tinham ouvido contar muitas maravilhas acerca de Jesus e
estavam na esperança de poderem testemunhar alguma delas.
Finalmente,
outros olhavam Jesus com uma atitude inquisitorial, à procura de O
surpreenderem em alguma coisa que servisse de pretexto para o condenar.
Jesus
convida-nos a imitá-l’O, não na realização de milagres, mas na humildade:
«Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de
coração, e achareis alívio para as vossas almas, pois o meu jugo é suave e o
Meu fardo é leve.» (Mt 11, 29-30).
Que
espécie de olhar é o nosso para as pessoas que vivem conosco ou com elas nos
encontramos em qualquer circunstância? De curiosidade? Olhar crítico, à procura
de motivos para nos escandalizarmos e as podermos condenar? Ou é um olhar cheio
de humildade que nos faz aprender sempre com o que vemos e movidos por um
desejo sincero de ajudar as pessoas?
As
pessoas humildes encontram sempre motivos para se edificarem com os outros e
alimentam um desejo grande de as ajudar.
Atuar com o olhar em Deus. «Mas quando
ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e
serás feliz por eles não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na
ressurreição dos justos.»
A
presença de certas pessoas junto de nós leva-nos a modificar muitas coisas:
evitamos falar delas e procuramos ser amáveis e simpáticos.
Lembremo-nos
de que vivemos continuamente na presença de Deus. Se nos lembrarmos desta
verdade, como seremos diferentes em muitas ocasiões, nas palavras e nas
atitudes!
Sobretudo,
lembremo-nos de que Ele nos contempla com amor infinito em cada instante e
deseja ajudar-nos. Nunca estamos sós, nunca estamos sem Alguém que se interesse
por nós sinceramente.
Desta
lembrança de que estamos sempre na presença de Deus, há-de nascer muitos e bons
frutos de humildade:
Reta
intenção. Procuremos ter retidão em tudo, porque Deus vê-nos onde quer que
estejamos. Conhece as nossas intenções, os nossos desejos, a verdade das nossas
afirmações, e há-de julgar-nos por isso.
Alegria
interior. Muitas vezes, as nossas tristezas e aborrecimentos têm origem na
nossa soberba, no nosso orgulho ferido. Por isso, o Senhor convida-nos, como o
melhor dos amigos, para nos ajudar: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados
e oprimidos, e Eu vos aliviarei.»
Desprendimento.
Não perderemos tempo atrás dos louvores humanos, nem ficaremos tristes quando
eles não vierem. Basta-nos que o Senhor esteja contente conosco, que nos
sorria: D’Ele nos vem a verdadeira recompensa.