WhatsApp da Paróquia
21 99736 - 7013
No
entanto, Jesus garante aos discípulos que não os deixará sós no mundo. Ele vai
para o Pai; mas vai encontrar forma de continuar presente e de acompanhar, a
par e passo, a caminhada dos seus discípulos.
É
preciso, no entanto, que os discípulos continuem a seguir Jesus, a manifestar a
sua adesão a Ele, a amá-Lo (o amor será o culminar dessa caminhada de adesão e
de seguimento). A consequência desse amor é o cumprir os mandamentos que Jesus
deixou. Nesse caso, os mandamentos deixam de ser normas externas que é preciso
cumprir, para se tornarem a expressão clara do amor dos discípulos e da sua
sintonia com Jesus (vers. 15).
Como
é que Jesus vai estar presente ao lado dos discípulos, dando-lhes a coragem
para percorrer "o caminho" do amor e do dom da vida?
Jesus
fala no envio do "Paráclito", que estará sempre com os discípulos
(vers. 16). A palavra grega "paráklêtos", utilizada por João,
pertence ao vocabulário jurídico e designa, nesse contexto, aquele que ajuda ou
defende o acusado. Pode, portanto, traduzir-se como "advogado",
"auxiliar", "defensor". A partir daqui, pode deduzir-se,
também, quer o sentido de "consolador", quer o sentido de
"intercessor". No Novo Testamento, a palavra só aparece em João, onde
é usada quer para designar o Espírito (cf. Jo 14,26; 15,26; 16,7), quer o
próprio Jesus (que no céu, cumpre uma missão de intercessão - cf. 1 Jo 2,1).
O
"Paráclito" que Jesus vai enviar é o Espírito Santo - apresentado
aqui como o "Espírito da Verdade" (vers. 17). Enquanto esteve com os
discípulos, Jesus ensinou-os, protegeu-os, defendeu-os; mas, a partir de agora,
será o Espírito que ensinará e cuidará da comunidade de Jesus. O Espírito
desempenhará, neste contexto, um duplo papel: em termos internos, conservará a
memória da pessoa e dos ensinamentos de Jesus, ajudando os discípulos a
interpretar esses ensinamentos à luz dos novos desafios; por outro, dará
segurança aos discípulos, guiá-los-á e defendê-los-á quando eles tiverem de
enfrentar a oposição e a hostilidade do mundo. Em qualquer dos casos, o
Espírito conduzirá essa comunidade em marcha pela história, ao encontro da
verdade, da liberdade plena, da vida definitiva.
Depois
de garantir aos discípulos o envio do "Paráclito", Jesus reafirma aos
discípulos que não os deixará "órfãos" no mundo. A palavra utilizada
("órfãos") é muito significativa: no Antigo Testamento, o
"órfão" é o protótipo do desvalido, do desamparado, do que está
totalmente à mercê dos poderosos e que é a vítima de todas as injustiças. Jesus
é claro: os seus discípulos não vão ficar indefesos, pois Ele vai estar ao lado
deles.
É
verdade que Ele vai deixar o mundo, vai para o Pai. O "mundo" deixará
de vê-Lo, pois Ele não estará fisicamente presente. No entanto, os discípulos
poderão "vê-lo" ("contemplá-Lo"): eles continuarão em
comunhão de vida com Jesus e receberão o Espírito que lhes transmitirá, dia a
dia, a vida de Jesus ressuscitado (vers. 18-19).
Nesse
dia (o dia em que Jesus for para o Pai e os discípulos receberem o Espírito), a
comunidade descobrirá - por ação do Espírito - que faz parte da família de Deus
(vers. 20-21). Jesus identifica-Se com o Pai, por ter o mesmo Espírito; os
discípulos identificam-se com Jesus, por ação do Espírito. A comunidade cristã
está unida com o Pai, através de Jesus, numa experiência de unidade e de
comunhão de vida entre Deus e o homem. Nesse dia, a comunidade será a presença
de Deus no mundo: ela e cada membro dela convertem-se em morada de Deus, o
espaço onde Deus vem ao encontro dos homens. Na comunidade dos discípulos e
através dela, realiza-se a ação salvadora de Deus no mundo.