Todos
nós trazemos no mais profundo de nosso ser uma fome insaciável. De felicidade.
Onde encontramos um ser humano podemos estar certos de que nos encontramos
diante de alguém que procura exatamente a mesma cosia que nós: ser feliz.
No
entanto, quando nos perguntam o que é a felicidade e como encontrá-la, não
sabemos dar uma resposta muito clara. A felicidade é sempre algo que nos falta.
Algo que ainda não possuímos plenamente.
Por
isso, a escuta singela das bem-aventuranças provoca sempre em nós um eco
especial. Por um lado, seu tom fortemente paradoxal nos desconcerta. Por outro,
a promessa que encerram nos atrai, porque oferecem a resposta a essa sede que
existe no mais profundo de nosso ser.
Nós
cristãos esquecemos que o Evangelho é um chamado a ser felizes. Não de qualquer
maneira, mas pelos caminhos que Jesus sugere e que são completamente diferentes
dos caminhos que a sociedade atual propõe. Este é seu maior desafio.
De
acordo com Jesus, é melhor dar do que receber, é melhor servir do que dominar,
compartilhar do que açambarcar, perdoar do que vingar-se. No fundo, quando
procuramos ouvir sinceramente o que há de melhor nas profundezas de nosso ser,
intuímos que Jesus tem razão. E, do íntimo de nosso ser, sentimos necessidade
de bradar também hoje as bem-aventuranças e as maldições que Jesus bradou.
Felizes
os que sabem ser pobres e compartilhar o pouco que têm com seus irmãos.
Malditos os que só se preocupam com suas riquezas e seus interesses.
Felizes
os que conhecem a fome e a necessidade, porque não querem explorar, oprimir e
pisotear os outros. Malditos os que são capazes de viver tranquilos e
satisfeitos, sem preocupar-se com os necessitados.
Felizes
os que choram as injustiças, as mortes, as torturas, os abusos e o sofrimento
dos fracos. Malditos os que se riem da dor dos outros, enquanto desfrutam seu
bem-estar.