terça-feira, janeiro 21, 2025

II DOMINGO DO TEMPO COMUM









Uma festa de casamento na pequena cidade de Caná da Galileia. Música, dança, alegria! Todos os convidados celebrando o amor que unia aquele casal. As mesas cheias de comida e, claro, vinho! Porque naquela época, o vinho era o símbolo da bênção de Deus, da alegria plena.

Agora imaginem o pavor dos anfitriões quando percebem que o vinho está acabando… Não é só um problema logístico, é um desastre social! Acabar o vinho no meio da festa? Isso seria uma vergonha eterna para a família.

Maria percebe a situação. Ah, nossa Mãe tem olhos atentos para nossas necessidades, não é? E ela faz o que qualquer mãe faria: vai até Jesus.

— “Eles não têm mais vinho”, ela diz.

E aqui, irmãos, há um detalhe curioso. Jesus responde de forma que, à primeira vista, parece até um pouco fria:

— “Mulher, que temos nós com isso? Minha hora ainda não chegou.”

Mas Maria não discute. Ela simplesmente vira para os servos e diz a frase que deveria estar gravada em nosso coração:

— “Fazei tudo o que Ele vos disser.”

Aqui está a chave deste Evangelho! Maria nos ensina que o segredo para a verdadeira alegria é obedecer a Jesus. Mesmo quando não entendemos, mesmo quando parece que Ele está em silêncio… façamos tudo o que Ele nos disser!

E o que Jesus faz a seguir?

Pede que os servos encham de água seis grandes talhas de pedra. Seis talhas! Cada uma comportava uns cem litros. Agora, me digam, que sentido faz isso? Água? Eles não precisam de água; precisam de vinho!

Mas os servos obedecem. E quando tiram um pouco daquela água transformada… surpresa! O mestre-sala, aquele responsável por provar o vinho, fica admirado. Ele não sabe de onde veio o vinho, mas percebe algo extraordinário.

— “Todos servem primeiro o vinho bom e, quando já estão embriagados, servem o inferior. Mas você guardou o melhor até agora!”

Guardou o melhor até agora…

E é isso que Jesus faz conosco, meus irmãos. Ele transforma nossa água insípida — nossas inseguranças, nossos medos, nossas limitações — no vinho da graça. Mas reparem: o vinho que Jesus oferece não é qualquer vinho. É o melhor vinho.

Isso nos diz algo muito importante: Deus nunca dá o mínimo, nunca faz pela metade. Quando entregamos nossas vidas a Ele, Ele nos oferece o que há de melhor, até mesmo nas situações mais simples.

Agora, olhem para o simbolismo deste milagre.

As talhas estavam lá para a purificação ritual dos judeus. Era água que simbolizava as antigas práticas religiosas, baseadas no esforço humano. Jesus transforma essa água em vinho, um símbolo da Nova Aliança.

Ele nos diz: não é mais sobre rituais, não é mais sobre o que você pode fazer por Deus. É sobre o que Deus faz por você!

E sabem qual foi o detalhe mais lindo desse milagre? Jesus não fez isso diante de uma multidão. Não houve alarde, nem espetáculo. Apenas os servos souberam o que aconteceu.

Isso nos ensina que muitos dos milagres de Deus acontecem no escondido, no silêncio do nosso coração. E quantas vezes a transformação acontece justamente quando ninguém está vendo!

O Evangelho termina dizendo que este foi o primeiro sinal de Jesus e que, por ele, “manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele”.

E hoje, meus irmãos, Jesus continua a transformar. Ele olha para nossa vida e vê nossas talhas vazias — relacionamentos quebrados, sonhos frustrados, esperanças apagadas. Mas se fizermos o que Maria disse, se confiarmos em Jesus e obedecermos, Ele encherá nossas talhas até transbordar… com alegria, com paz, com propósito.

Porque o vinho de Jesus nunca acaba. E com Ele, a festa continua! Amém?







segunda-feira, janeiro 13, 2025

FESTA DO BATISMO DE JESUS









Esse episódio é muito mais do que um simples rito de purificação. Ele está carregado de significado teológico, revelando o mistério da Santíssima Trindade, a missão de Jesus como Salvador, e o chamado que cada um de nós recebe por meio do batismo. Hoje, vamos refletir sobre esses aspectos e como eles se aplicam à nossa vida.

 

No início do Evangelho, vemos o povo na expectativa, perguntando-se se João Batista seria o Messias. João, porém, deixa claro: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu.” João Batista reconhece seu papel como precursor. Ele prepara o caminho, mas sabe que sua missão termina quando o verdadeiro Messias chegar.

 

Essa humildade de João é um exemplo para todos nós. Muitas vezes, queremos ocupar o centro, ser os protagonistas. Mas João nos ensina que nossa missão é apontar para Jesus, não para nós mesmos. Ele reconhece que o batismo que oferece é apenas um símbolo de conversão, enquanto o batismo de Jesus traz uma transformação completa: “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo.”

 

E então, acontece algo inesperado: Jesus, o Filho de Deus, se apresenta para ser batizado. Aqui está o primeiro grande mistério. Jesus não precisava ser batizado. Ele não tinha pecados a confessar, nem precisava de purificação. Mas, ao receber o batismo de João, Ele desce até o nível humano, solidariza-se com a humanidade pecadora e assume sobre Si os pecados do mundo.

 

Esse gesto nos revela o coração de Deus. Jesus não veio para permanecer distante, mas para se fazer próximo, para caminhar conosco, para tomar sobre Si nossas dores e nosso pecado. O Batismo de Jesus é um gesto de humildade e amor, que anuncia o que Ele fará plenamente na cruz, quando se entregará por nossa salvação.

 

Mas o que acontece a seguir é ainda mais significativo. Enquanto Jesus reza, o céu se abre. Esse detalhe é importante. Até aquele momento, o céu estava fechado para a humanidade por causa do pecado. Mas agora, em Jesus, o céu se abre novamente. Ele é a ponte entre Deus e o ser humano. Ele é o caminho pelo qual voltamos a ter acesso ao Pai.

 

E então, o Espírito Santo desce sobre Jesus em forma de pomba. A pomba nos lembra o Espírito que pairava sobre as águas no início da criação. Agora, no Batismo de Jesus, começa uma nova criação. Por meio de Jesus, Deus está inaugurando uma nova aliança, um novo tempo de graça, onde o Espírito Santo nos guia e transforma.

 

E, finalmente, ouvimos a voz do céu: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer.” Essa é a grande revelação. Deus Pai confirma a identidade de Jesus como o Filho Amado, o Messias, o Salvador. Essa declaração é uma afirmação do amor eterno de Deus por Seu Filho e, por extensão, por todos nós que somos batizados em Cristo.

 

Agora, irmãos, vejamos o que tudo isso significa para nós.

 

O Batismo de Jesus não foi apenas um evento histórico. Ele tem implicações profundas para cada um de nós, porque, pelo nosso próprio batismo, participamos dessa realidade. Quando somos batizados, recebemos o mesmo Espírito Santo, somos acolhidos como filhos e filhas de Deus, e ouvimos a mesma declaração do Pai: “Tu és o meu filho amado.”

 

Nosso batismo não é apenas um rito de entrada na Igreja. É um renascimento. É um chamado à conversão, à missão, e à santidade. Pelo batismo, somos chamados a viver como filhos de Deus, a permitir que o Espírito Santo nos conduza, e a testemunhar o amor de Cristo no mundo.

 

Mas, atenção: o batismo não nos isenta de desafios. Jesus, após ser batizado, foi levado ao deserto para ser tentado. Assim também nós, mesmo após o batismo, enfrentamos tentações, dificuldades e desafios. A diferença é que, agora, não enfrentamos essas situações sozinhos. O Espírito Santo está conosco, e a voz do Pai continua a ressoar em nosso coração: “Tu és meu filho amado.”

 

Queridos irmãos e irmãs, hoje o Evangelho nos lembra que o Batismo do Senhor é também o início da nossa missão. Somos chamados a ser como Jesus, a levar a luz do Espírito Santo ao mundo, a ser instrumentos de reconciliação, paz e justiça.

 

E, como João Batista, devemos ter a humildade de reconhecer que tudo o que temos vem de Deus. Nossa missão não é crescer em importância, mas permitir que Cristo cresça em nós e através de nós.

 

Que possamos, a cada dia, renovar o compromisso assumido no nosso batismo. Que permitamos que o Espírito Santo nos guie e nos transforme. E que, em tudo o que fizermos, possamos ouvir e refletir a voz do Pai: “Tu és meu filho amado, em ti ponho o meu bem-querer.” Amém!











segunda-feira, janeiro 06, 2025

SOLENIDADE DA EPIFANIA










Este Evangelho, tão rico em simbolismo e profundidade teológica, nos chama a refletir sobre a universalidade da salvação, o significado dos dons dos magos, e o convite para buscarmos a luz de Cristo em nossa vida.

 

A estrela: o chamado à busca

No início do relato, os magos veem uma estrela no Oriente, um sinal no céu que desperta neles o desejo de buscar algo maior, algo divino. A estrela é um símbolo poderoso: ela representa o chamado de Deus que ilumina nossas trevas e nos conduz a Ele. Mas notem, irmãos, a estrela não os leva imediatamente ao destino. Eles precisam caminhar, perguntar, enfrentar desafios.

 

Assim é a nossa busca por Deus. Ele nos dá sinais, mas somos chamados a sair de nossa zona de conforto, a enfrentar incertezas e, como os magos, perseverar até encontrarmos Cristo. A estrela nos ensina que a fé é um caminho, uma jornada que exige atenção aos sinais de Deus e coragem para segui-los.

 

Os Magos: representantes de todos os povos

Os magos, vindos de terras distantes, simbolizam a universalidade da salvação. Eles não pertencem ao povo de Israel, mas vêm de culturas e religiões diferentes. Mesmo assim, reconhecem na criança de Belém o Rei dos Reis. Este gesto revela que Jesus é o Salvador de todos os povos, de todas as nações, de todas as línguas.

 

A presença dos magos é um prenúncio da missão universal da Igreja. Desde o nascimento de Jesus, Deus deixa claro que Seu amor não conhece fronteiras. É um amor que acolhe todos, sem distinção de raça, cultura ou condição.

 

Os dons: símbolos do reconhecimento

Os magos não chegam de mãos vazias. Eles oferecem três presentes: ouro, incenso e mirra. Cada um desses dons tem um significado teológico profundo:

 

Ouro: representa a realeza de Cristo. Ele é o Rei, mas um Rei cujo trono será uma cruz e cujo reinado é marcado pelo amor e pelo serviço.

Incenso: simboliza a divindade de Jesus. Ele não é apenas homem, mas Deus encarnado, digno de adoração.

Mirra: prefigura o sacrifício de Cristo. A mirra era usada para embalsamar os mortos, e este presente aponta para a paixão e morte de Jesus, que trará salvação ao mundo.

Esses presentes não são apenas gestos de generosidade; são uma profissão de fé. Os magos reconhecem quem é Jesus e respondem com aquilo que têm de mais precioso.

 

O contraste entre os magos e Herodes também nos ensina algo importante. Enquanto os magos buscam a luz, Herodes tenta apagá-la. Ele representa aqueles que, por medo, orgulho ou apego ao poder, rejeitam a verdade de Deus. Isso nos lembra que a luz de Cristo nem sempre será acolhida, e que seguir essa luz pode significar enfrentar oposição.

 

A Epifania em nossa vida hoje

Queridos irmãos e irmãs, a Epifania do Senhor não é apenas um evento do passado. É uma realidade que continua a se manifestar em nossas vidas. Assim como os magos, somos chamados a buscar a luz de Cristo. Mas como fazemos isso hoje? Permitamos que esta celebração nos inspire a refletir:

 

Reconhecemos os sinais de Deus? Deus continua a nos guiar, muitas vezes de formas inesperadas. Pode ser por meio de uma palavra, de uma pessoa, ou de uma situação. Estamos atentos a essas “estrelas” que nos conduzem a Ele?

Oferecemos nossos dons a Cristo? Assim como os magos, somos chamados a dar o que temos de mais precioso ao Senhor: nosso tempo, nossos talentos, nosso coração.

Somos luz para os outros? A estrela que guiou os magos nos convida a sermos luz na vida daqueles que ainda não encontraram Jesus. Nosso testemunho pode ser o sinal que leva outros ao Salvador.

 

Conclusão: a Luz que transforma

A Epifania do Senhor nos lembra que Jesus é a luz que brilha nas trevas e ilumina a vida de todos. Hoje, somos chamados a buscar essa luz, a deixá-la transformar nosso coração, e a levá-la aos outros. Que a estrela da Epifania brilhe em nossas vidas e nos guie sempre para mais perto de Cristo, o Salvador de todos os povos. Amém!

 







sábado, janeiro 04, 2025

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO ANO






Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos traz uma das declarações mais profundas e transformadoras já feitas sobre Jesus Cristo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” Essas palavras, pronunciadas por João Batista, são como um raio de luz que ilumina o mistério da identidade e da missão de Jesus. Hoje, somos convidados a refletir sobre o que significa essa imagem do Cordeiro de Deus e como ela nos chama a uma nova compreensão de nossa fé.

Para entender a força dessa expressão, precisamos voltar ao  Antigo Testamento. O cordeiro era uma figura central na história e na espiritualidade do povo de Israel. No Êxodo, o cordeiro pascal foi sacrificado, e seu sangue marcou as portas das casas dos israelitas, protegendo-os do anjo exterminador e libertando-os da escravidão no Egito. O cordeiro tornou-se um símbolo de salvação, de libertação pelo sacrifício.

 

E agora, João Batista aponta para Jesus e o identifica como o Cordeiro de Deus. Ele não está falando de um simples animal simbólico, mas de alguém que será o sacrifício definitivo, aquele que libertará não apenas um povo, mas toda a humanidade do maior de todos os males: o pecado.

 

Que tira o pecado do mundo

 

Notem como João Batista não diz “pecados”, no plural, mas “pecado”, no singular. Ele não está falando apenas das ações erradas que cometemos, mas do estado de separação de Deus que pesa sobre toda a humanidade. O pecado é como uma sombra que cobre o coração humano, que nos afasta do Criador e do amor verdadeiro. E Jesus, o Cordeiro de Deus, veio para remover essa sombra, para reconciliar o mundo com Deus.

 

Pensem no peso dessas palavras: “Que tira o pecado do mundo.” Ele não apenas cobre ou ignora o pecado, mas o tira, o remove completamente. Isso significa que, em Jesus, há redenção total. Não há culpa, não há ferida, não há erro que Ele não possa curar.

 

O testemunho de João

 

João Batista é uma figura incrível neste Evangelho. Ele não busca glória para si mesmo, mas vive para apontar para Jesus. Ele declara: “Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele.” Essa visão é a confirmação de que Jesus é aquele que batiza com o Espírito Santo, o Filho de Deus.

 

E mais, João diz algo que nos surpreende: “Também eu não o conhecia.” Como assim? João era primo de Jesus! Ele certamente o conhecia como homem, mas agora o reconhece como Messias. Isso nos lembra que Jesus não é apenas um homem extraordinário, mas o próprio Deus, revelado de forma surpreendente e única.

 

Irmãos e irmãs, o que essas palavras significam para nós hoje? Quando João Batista aponta para Jesus e diz: “Eis o Cordeiro de Deus”, ele nos convida a fazer o mesmo. Nosso papel, como o dele, é reconhecer Jesus como o Salvador e ajudar os outros a fazer o mesmo.

 

Mas, antes de testemunhar, precisamos nos perguntar: realmente reconhecemos Jesus como o Cordeiro de Deus em nossa vida? Permitimos que Ele tire o pecado do nosso coração? Ou carregamos culpas, medos e pesos que Ele já veio para levar?

 

Reconhecer Jesus como o Cordeiro de Deus é um convite à confiança e à transformação. Ele não é um juiz severo, mas um Salvador compassivo, que se entregou completamente por nós. E, como João Batista, somos chamados a apontar para Ele, não apenas com palavras, mas com nossas ações, com nosso exemplo.

 

Contemplemos o Cordeiro

 

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho nos convida a fixar os olhos em Jesus, o Cordeiro de Deus. Quando ouvimos essas palavras na missa, antes da comunhão – “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” – somos chamados a renovar nossa fé no sacrifício redentor de Cristo. Somos convidados a contemplar a profundidade desse amor, que não apenas nos salva, mas nos transforma.

 

Que, como João Batista, possamos reconhecer Jesus em nosso meio, proclamar com coragem que Ele é o Filho de Deus e deixar que Sua graça remova de nós tudo o que nos separa do Pai. E que cada vez que olharmos para Ele, possamos dizer com fé e alegria: “Eis o Cordeiro de Deus!”. Amém!












sexta-feira, janeiro 03, 2025

O SANTÍSSIMO NOME DE JESUS







O Santíssimo Nome de Jesus foi dado pelo Céu; tanto assim que, o Arcanjo Gabriel o confirma em sonho a São José: “Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1, 20-21). Cabia ao pai, dar o nome para o filho no costume judaico.

O Anjo deixou bem claro a José a razão desse nome: “porque Ele salvará o seu povo de seus pecados”. A palavra “Jesus”, em hebraico, quer dizer: “Deus Salva” ou “Salvador”.

No momento da Anunciação, o anjo Gabriel dá-lhe como nome próprio Jesus, que exprime, ao mesmo tempo, Sua identidade e missão. Uma vez que, “só Deus pode perdoar os pecados” (Mc 2,7), é Ele que, em Jesus, seu Filho eterno feito homem, “salvará seu povo dos pecados”, (Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens. “O Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra”, (Mc 2,10). Ele pode dizer ao pecador: “Teus pecados estão perdoados”,(Mc 2,5). E o Senhor transmite esse poder aos homens – “os apóstolos ” (Jo 20,21-23) – para que o exerçam em Seu Nome.

 

O poder do nome de Jesus

A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois, a partir de agora, é o nome de Jesus que manifesta em plenitude o poder supremo do “Nome acima de todo nome”. Os espíritos maus temem Seu nome e, é em nome d’Ele que os discípulos de Jesus operam milagres, porque tudo o que pedem ao Pai, em Seu nome, o Pai lhes concede. É no nome de Jesus que os enfermos são curados, é em Seu nome que os mortos ressuscitam, os coxos andam, os surdos ouvem, os leprosos ficam curados. Esse nome bendito tem poder!

Depois que o pecado atingiu a humanidade, somente o Nome do Deus Redentor pode salvar o homem. E este nome é Jesus. É pelo Nome de Cristo que os apóstolos operaram maravilhas, pois Ele lhes tinha dito: “Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu Nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16,17-18). Portanto, o Nome Santo de Jesus tem poder e deve ser invocado com respeito, veneração e fé.

Após o milagre do aleijado, na porta do Templo, os fariseus e doutores da lei quiseram impedir os apóstolos de pregar em nome de Jesus: “Todavia, para que esta notícia não se divulgue mais entre o povo, proibamos com ameaças, que no futuro falem a alguém nesse Nome. Chamaram-nos e ordenaram-lhes que, absolutamente, não falassem nem ensinassem em nome de Jesus” (At 4,17-18).

Eles se negam a deixar de pronunciar esse Santo Nome, porque sabem que, não há salvação em nenhum outro: “Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu, nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4,11-12).

O nome de Jesus significa, também, que o próprio nome de Deus está presente na Pessoa de seu Filho, feito homem, para a redenção universal e definitiva dos pecados. É o único Nome divino que traz a salvação, e a partir de agora pode ser invocado por todos, pois, se uniu a todos os homens pela Encarnação.

O nome do Deus Salvador era invocado uma só vez por ano, pelo sumo sacerdote, para a expiação dos pecados de Israel, depois dele aspergir o propiciatório do Santo dos Santos, com o sangue do sacrifício. O propiciatório era o lugar da presença de Deus. Quando São Paulo diz que: “Deus o destinou como instrumento de propiciação, por seu próprio Sangue” (Rm 3,25), quer afirmar que na humanidade desse último “era Deus que, em Cristo, reconciliava consigo o mundo” (2Cor 5,19).

O Nome de Jesus está no cerne da oração cristã. Todas as orações litúrgicas são concluídas pela fórmula “por Nosso Senhor Jesus Cristo (…)”. A Ave-Maria culmina no: “e bendito é O Fruto do Vosso ventre, Jesus”. O nome de Jesus está no centro da Ave-Maria; o Rosário é centrado no Nome de Jesus, por isso tem poder.

A oração oriental denominada “oração a Jesus” diz: “Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo, Senhor, tem piedade de mim, pecador”. Numerosos cristãos, como Santa Joana d’Arc, morreram tendo nos lábios apenas o nome de Jesus.

Que nós possamos, também, hoje e sempre, pronunciar com fé e devoção esse “Nome Doce e Santo” que tem poder, como aquele cego de Jericó, que clamou com fé e ficou curado: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”


quinta-feira, janeiro 02, 2025

SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS








Queridos irmãos e irmãs, celebramos hoje a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. É uma data especial, não apenas porque nos encontramos no início de um novo ano, mas porque somos convidados a olhar para Maria como modelo de fé, humildade e obediência ao plano de Deus. Neste Evangelho, repleto de simplicidade e mistério, encontramos uma cena que resume a beleza e profundidade do Natal: os pastores em Belém, a Sagrada Família, e Maria, que guarda tudo em seu coração.

 

O texto começa com os pastores, homens simples, talvez os mais humildes de sua época. Eles foram os primeiros a receber o anúncio do nascimento de Jesus, o Salvador. E vejam como reagiram: “Foram às pressas a Belém.” Aqui está a lição deles para nós. Quando Deus chama, quando ouvimos a Boa Nova, nossa resposta não pode ser morna ou adiada. Deve ser imediata, cheia de entusiasmo e desejo.

 

Ao chegar, os pastores encontram Maria, José e o recém-nascido. Não havia sinais grandiosos, nem esplendor humano, mas ali estava o maior mistério da história: Deus feito homem, o Criador nos braços de Sua criatura. E, tocados por essa visão, os pastores tornam-se anunciadores. Eles contam tudo o que o anjo havia dito sobre o menino. Sua simplicidade transforma-se em testemunho poderoso. Irmãos, também somos chamados a isso: a anunciar, com nossa vida e palavras, aquilo que Deus faz por nós.

 

Maria: A Mãe que Guarda e Medita

 

No centro desta cena, encontramos Maria, a Mãe de Deus. O Evangelho diz que, enquanto todos se maravilhavam com as palavras dos pastores, “Maria guardava todos estes fatos e meditava sobre eles em seu coração.”

 

Vejam, Maria não apenas observa os acontecimentos; ela os guarda, como quem recolhe preciosas joias. Ela os medita, buscando entender o mistério que se desenrola diante dela. Esta atitude de Maria é um convite para nós. Quantas vezes passamos pelos momentos da nossa vida sem realmente refletir, sem reconhecer a presença de Deus nos pequenos detalhes? Maria nos ensina a ter um coração contemplativo, capaz de ouvir, guardar e meditar.

 

E não é fácil, irmãos. Maria não tinha todas as respostas. Ela era uma jovem mãe, com um bebê nos braços, e certamente muitas perguntas em sua mente. Mas, ao invés de deixar que as dúvidas a paralisassem, ela confiou, entregou-se ao mistério e guardou tudo no coração.

 

Jesus: o nome acima de todos os nomes

 

O Evangelho termina com a circuncisão de Jesus, oito dias após Seu nascimento. Este ato, seguindo a Lei de Moisés, é mais do que um rito. É o momento em que o menino recebe oficialmente o nome que o anjo havia revelado: Jesus.

 

E o que significa esse nome? “Deus salva.” Não é apenas um nome; é uma missão, um destino. Ele veio para salvar o Seu povo, para libertar-nos do pecado, para reconciliar-nos com o Pai. Cada vez que pronunciamos o nome de Jesus, proclamamos a salvação que Ele nos oferece.

 

Neste início de ano, que tal fazermos um compromisso? Vamos reservar momentos para contemplar, para meditar no coração sobre o que Deus tem feito em nossas vidas. Vamos nos esforçar para ser testemunhas, como os pastores, contando aos outros sobre a alegria de conhecer Jesus. E, acima de tudo, vamos invocar o nome de Jesus com fé, para que Ele nos guie em cada passo deste novo ano.

 

Maria, como Mãe de Deus, não apenas deu à luz o Salvador; ela nos ensina a abrir nosso coração ao mistério, a confiar, a meditar e a viver na presença de Deus. Que, neste dia dedicado a ela, possamos pedir sua intercessão para sermos fiéis, como ela foi, e para guardarmos sempre em nosso coração o mistério do Deus que veio morar entre nós. Amém!