quinta-feira, maio 08, 2025

A IGREJA CONTINUA







Vai ter início o conclave, reunião dos cardeais para a eleição do sucessor de São Pedro na sua cátedra de Roma. A reunião a portas fechadas (do latim cum clave, com chave) acontece na Capela Sistina, diante da magnífica pintura do Juízo Final de Michelangelo.

Sim, após a morte de um papa, a Igreja continua. É dogma de fé que São Pedro, a pedra sobre a qual Jesus quis edificar a sua Igreja, terá perpétuos sucessores. Que os cardeais eleitores escolham o melhor para a Igreja. Que o Divino Espírito Santo os ilumine. E que eles sejam dóceis à sua inspiração. O Divino Espírito Santo ilumina os votantes, mas lhes deixa a liberdade. Rezemos pelo próximo Papa, para que confirme sempre seus irmãos na fé.

É o que dizia o Cardeal Ratzinger: “Eu não diria que o Espírito Santo escolhe o Papa, porque há muitos exemplos contrários de papas que o Espírito Santo obviamente não teria escolhido. Eu diria que o Espírito não assume exatamente o controle da questão, mas sim, como um bom educador, por assim dizer, nos deixa muito espaço, muita liberdade, sem nos abandonar completamente. Portanto, o papel do Espírito deve ser entendido em um sentido muito mais flexível, não que ele dite o candidato em quem se deve votar. Provavelmente, a única garantia que ele oferece é que a coisa não pode ser totalmente arruinada”.  

Não nos escandalizemos com os problemas e falhas na Igreja: como toda família, a Igreja, divino-humana, tem seus problemas, devidos à sua parte humana. Jesus disse que o “Reino de Deus” aqui na terra, a Igreja, é semelhante a uma rede, com peixes bons e maus, e a um campo com trigo e joio. A depuração será só no fim do mundo. Quando há um deslize em nossa família, de um irmão, primo ou tio nosso, nós não vamos propagar isso na Internet, por respeito e amor a nós mesmos! O mesmo se diga da nossa família, a Igreja. Por que essa sanha de logo colocar em público as falhas, deslizes e maus exemplos dos homens da Igreja?

Quando digo no Credo: “Creio na Santa Igreja Católica”, significa que eu creio na sua origem divina, na sua santidade, na presença contínua do Divino Espírito Santo nela, na garantia que lhe deu o seu Divino Fundador de que as portas do inferno (a morte) jamais prevaleceriam sobre ela. São coisas que não se veem, mas são objeto da nossa fé.

E a Igreja é nossa família. A noção de família é muito importante na eclesiologia. A Igreja é algo objetivo, fundada por Nosso Senhor sobre os Bispos, segundo a sucessão apostólica. A Igreja não é um grupo de amigos. “Na Igreja, eu não procuro meus amigos, eu encontro meus irmãos e minhas irmãs; e os irmãos e as irmãs não se procuram, se encontram. Esta situação de não arbitrariedade da Igreja na qual eu me encontro, que não é uma igreja da minha escolha, mas a Igreja que se me apresenta, é um princípio muito importante. Isto não é minha escolha, como se eu fosse com tal grupo de amigos ou com outro; eu estou na Igreja comum, com os pobres, com os ricos, com as pessoas simpáticas e não simpáticas, com os intelectuais e os analfabetos; eu estou na Igreja que me precede” (Ratzinger 24/7/2001). 

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan