Vai ter início o
conclave, reunião dos cardeais para a eleição do sucessor de São Pedro na sua
cátedra de Roma. A reunião a portas fechadas (do latim cum clave, com chave) acontece na Capela Sistina, diante da
magnífica pintura do Juízo Final de Michelangelo.
Sim, após a morte de um
papa, a Igreja continua. É dogma de fé que São Pedro, a pedra sobre a qual
Jesus quis edificar a sua Igreja, terá perpétuos sucessores. Que os cardeais
eleitores escolham o melhor para a Igreja. Que o Divino Espírito Santo os
ilumine. E que eles sejam dóceis à sua inspiração. O Divino Espírito Santo
ilumina os votantes, mas lhes deixa a liberdade. Rezemos pelo próximo Papa,
para que confirme sempre seus irmãos na fé.
É o que dizia o Cardeal
Ratzinger: “Eu não diria que o Espírito Santo escolhe o Papa, porque há muitos
exemplos contrários de papas que o Espírito Santo obviamente não teria
escolhido. Eu diria que o Espírito não assume exatamente o controle da questão,
mas sim, como um bom educador, por assim dizer, nos deixa muito espaço, muita
liberdade, sem nos abandonar completamente. Portanto, o papel do Espírito deve
ser entendido em um sentido muito mais flexível, não que ele dite o candidato
em quem se deve votar. Provavelmente, a única garantia que ele oferece é que a
coisa não pode ser totalmente arruinada”.
Não
nos escandalizemos com os problemas e falhas na Igreja: como toda família, a
Igreja, divino-humana, tem seus problemas, devidos à sua parte humana. Jesus
disse que o “Reino de Deus” aqui na terra, a Igreja, é semelhante a uma rede,
com peixes bons e maus, e a um campo com trigo e joio. A depuração será só no
fim do mundo. Quando há um deslize em nossa família, de um irmão, primo ou tio
nosso, nós não vamos propagar isso na Internet, por respeito e amor a nós
mesmos! O mesmo se diga da nossa família, a Igreja. Por que essa sanha de logo
colocar em público as falhas, deslizes e maus exemplos dos homens da Igreja?
Quando digo no Credo:
“Creio na Santa Igreja Católica”, significa que eu creio na sua origem divina,
na sua santidade, na presença contínua do Divino Espírito Santo nela, na
garantia que lhe deu o seu Divino Fundador de que as portas do inferno (a
morte) jamais prevaleceriam sobre ela. São coisas que não se veem, mas são
objeto da nossa fé.
E a Igreja é nossa
família. A noção de família é muito importante na eclesiologia. A Igreja é algo
objetivo, fundada por Nosso Senhor sobre os Bispos, segundo a sucessão
apostólica. A Igreja não é um grupo de amigos. “Na Igreja, eu não procuro meus
amigos, eu encontro meus irmãos e minhas irmãs; e os irmãos e as irmãs não se
procuram, se encontram. Esta situação de não arbitrariedade da Igreja na qual
eu me encontro, que não é uma igreja da minha escolha, mas a Igreja que se
me apresenta, é um princípio muito importante. Isto não é minha escolha,
como se eu fosse com tal grupo de amigos ou com outro; eu estou na Igreja
comum, com os pobres, com os ricos, com as pessoas simpáticas e não simpáticas,
com os intelectuais e os analfabetos; eu estou na Igreja que me precede”
(Ratzinger 24/7/2001).
Fonte: Dom Fernando Arêas
Rifan