segunda-feira, maio 12, 2025

IV DOMINGO DA PÁSCOA








Queridos irmãos e irmãs, no breve, porém denso Evangelho de hoje, encontramos palavras de Jesus que ecoam como um convite amoroso e, ao mesmo tempo, como uma declaração solene. A imagem do pastor e das ovelhas não é somente uma metáfora poética, mas principalmente uma chave para compreendermos nossa relação com Deus e a profundidade do amor com que somos conduzidos.

Logo no início, Jesus afirma: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem.”. Aqui está revelado o primeiro aspecto essencial da vida cristã: escutar, pois não se trata de ouvir qualquer som, mas de escutar com o coração e de reconhecer, no meio de tantas vozes que nos cercam diariamente — vozes de medo, de desânimo, de confusão — a voz mansa, firme e inconfundível do Bom Pastor. Aquela voz que não manipula, não grita, não oprime. Ao contrário, ela chama pelo nome, consola, orienta e conduz.

Por isso, a fé não começa com grandes gestos. Começa com escuta e silêncio interior e, portanto, quando paramos de viver no ruído da pressa para permitir que a Palavra de Deus penetre na alma. E mais do que escutar, somos chamados a seguir, porque o seguimento é a prova de que ouvimos de verdade. Quem escuta e não se move, mas permanece longe, e quem escuta e responde com a vida, caminha na luz.

 

A salvação é dom.

Em seguida, Jesus nos oferece uma promessa que transcende o tempo: “Eu dou-lhes a vida eterna, e elas jamais se perderão.” Isso significa que o nosso destino não é o caos, a morte ou o esquecimento. É a eternidade. E não por nossos méritos, mas por sua misericórdia. A salvação é dom. É graça concedida àqueles que permanecem unidos ao Pastor. Aqui, Jesus nos assegura: quem está em suas mãos não se perde. Mesmo que caia, será levantado, e caso se afaste, será buscado. E mesmo que se machuque, será curado.

Logo depois, Ele acrescenta uma verdade ainda mais forte: “Ninguém vai arrancá-las de minha mão.” Que frase poderosa! Vivemos num mundo instável, onde tantas coisas nos são tiradas — segurança, paz, saúde, estabilidade — mas Jesus declara que há um lugar de onde ninguém pode nos remover: Suas mãos. O maligno pode tentar. As provações podem sacudir. As dúvidas podem se insinuar. Mas quem permanece em Cristo está guardado no amor do Pai.

Além disso, Jesus nos conduz a uma visão mais alta, mais profunda, mais teológica: “Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai.” Aqui encontramos o mistério da providência divina. Tudo começa no Pai. É Ele quem nos entrega ao Filho. É Ele quem nos gera na fé. E é Nele que repousamos com segurança. A vontade do Pai é que ninguém se perca. E essa vontade é fiel. Não falha. Não se desfaz.

Por fim, Jesus sela esta revelação com uma das declarações mais impactantes de todo o Evangelho: “Eu e o Pai somos um.” Esta frase não é uma figura de linguagem. É uma revelação da Trindade. Aqui Cristo revela sua divindade com clareza. Ele não é apenas um enviado, um profeta ou um mestre. Ele é um com o Pai. Compartilha a mesma essência, a mesma glória, o mesmo poder. Crer nisso é entrar no coração da fé cristã. É reconhecer que, ao ouvir Jesus, ouvimos o próprio Deus. Ao seguir Jesus, seguimos o caminho eterno. Ao confiar em Jesus, confiamos no Pai.

 

E como viver isso, na prática?

Em primeiro lugar, cultivando a escuta da Palavra. Ler o Evangelho diariamente, mesmo que por poucos minutos, nos afina à voz do Pastor. Em segundo lugar, fortalecendo a confiança. Quando vierem as tribulações — e elas virão — lembre-se: ninguém pode te arrancar das mãos de Cristo. E por fim, testemunhando. Se o mundo está confuso, sejamos nós aqueles que seguem a voz certa. Se o mundo está com medo, sejamos nós as ovelhas que vivem com paz, porque sabem em quem confiam.

Portanto, irmãos e irmãs, que esta Palavra se torne carne em nós. Que possamos ouvir, seguir, confiar e viver com a certeza de que estamos nas mãos do Bom Pastor. E que, ao final de tudo, quando cruzarmos o vale da sombra da morte, possamos escutar aquela voz conhecida a nos dizer: “Vem, bendito do meu Pai… entra na alegria do teu Senhor.”