segunda-feira, julho 28, 2025

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM








O Evangelho de hoje começa com um pedido simples, mas profundo: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Os discípulos não pedem técnicas, nem palavras sofisticadas, mas querem aprender a se relacionar com Deus do jeito certo. E Jesus responde oferecendo não uma fórmula mágica, mas um caminho de vida: o Pai-Nosso. Essa oração é breve, direta, mas contém tudo o que precisamos: louvor, confiança, perdão, reconciliação e proteção.

Pedi e recebereis

Logo depois, Jesus conta uma parábola sobre um homem que, à meia-noite, bate à porta de um amigo pedindo pão para alimentar outro amigo viajante. O cenário parece incômodo: quem gosta de ser acordado no meio da noite? — mas Jesus conclui que, mesmo que o amigo não atendesse por amizade, atenderia por insistência. Isso nos introduz no ponto central do Evangelho: a oração exige perseverança.

Por isso, Jesus afirma com força:

“Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto.”

Não se trata de um incentivo a uma relação utilitarista com Deus, como se a oração fosse uma forma de conseguir tudo o que queremos. Pelo contrário: o texto mostra que o pedido deve nascer da confiança, a busca deve nascer do desejo de Deus, e a insistência deve brotar da certeza de que Ele nos escuta.

Aqui, Jesus toca num aspecto teológico essencial: Deus é Pai. Ele não é um juiz distante, nem um patrão severo. Ele é Pai que dá o melhor aos seus filhos. Por isso, Jesus compara com algo muito humano: “Qual o pai que dá uma cobra ao filho que pede um peixe?” Se nós, com todas as nossas limitações, sabemos dar coisas boas aos nossos filhos, quanto mais Deus, que é amor puro, dará o que é bom a quem pede com fé.

No entanto, reparem bem: Jesus não diz que o Pai dará qualquer coisa que pedirmos, mas “o Espírito Santo àqueles que o pedirem.” Este é o grande segredo do texto. O maior dom de Deus não é uma solução imediata para nossos problemas, mas a presença do Espírito Santo. Porque quem tem o Espírito Santo tem força para enfrentar as dificuldades, sabedoria para fazer escolhas e alegria mesmo nas lutas.

Do ponto de vista catequético, este Evangelho nos ensina três coisas importantes:

Primeiro, rezar é aprender a chamar Deus de Pai, ou seja, entrar numa relação filial baseada na confiança, não no medo.

Segundo, rezar exige perseverança, porque muitas vezes Deus trabalha no silêncio, nos moldando por dentro antes de responder por fora.

Terceiro, o que mais precisamos pedir não são coisas, mas o próprio Espírito Santo, pois Ele é o dom que nos faz viver como filhos e filhas no dia a dia.

 

 

Na vida prática, isso significa que devemos rezar com insistência não para convencer Deus, mas para deixar que a graça convença a nós mesmos. Quantas vezes pedimos paz, e Deus nos dá a chance de perdoar? Quantas vezes pedimos força, e Deus nos coloca diante de uma prova que nos amadurece? O Pai sabe o que precisamos, antes mesmo de pedirmos. Mas Ele quer que peçamos, porque a oração abre espaço para que Ele nos transforme.

Portanto, irmãos e irmãs, não desanimemos na oração. Se parece que o céu está em silêncio, continuemos batendo, porque a porta vai se abrir no tempo certo. E quando se abrir, talvez não encontremos exatamente o que pedimos, mas sempre encontraremos Aquele que é a resposta: o Espírito Santo, que nos guia, consola e fortalece.

Que hoje possamos fazer da nossa oração não um instrumento de controle, mas um ato de confiança. Porque quem pede com fé, recebe muito mais do que imaginava: recebe o próprio Deus. Amém!