Dedicamos
todo o mês de outubro a refletir sobre a importância e a necessidade da oração
na vida cristã. Iniciamos falando da necessidade da fé (27DTC-C), depois, rezar
diante das necessidades da vida (Aparecida) e, no Domingo passado, refletimos
sobre a oração perseverante. O Evangelho que ouvimos é continuação daquele do
Domingo passado (29DTC-C), de Lc 19. A 1ª leitura confirma aquilo que
refletíamos Domingo passado afirmando que Deus escuta as orações do pobre,
jamais despreza a súplica do órfão nem da viúva... está dizendo que nossas
orações são ouvidas. A mesma afirmação e o mesmo ensinamento cantamos no salmo
responsorial: “o pobre clama e Deus a ele escuta”. Para isso é preciso rezar
com fé, com confiança, com a insistência de quem pacientemente espera. Fé,
esperança e paciência fazem parte da nossa oração. No Evangelho, Jesus introduz
um elemento da oração que, na espiritualidade cristã chamamos de “disposição
interior”. O que é isso? É o clima do coração. Para ilustrar isso, Jesus mostra
dois corações orantes: um orgulhoso, do fariseu, e um humilde, do publicano.
A
oração não é formada por conjunto de palavras, é a manifestação daquilo que se
é diante de Deus. Por isso, não existe oração poderosa — dessas propagadas nas
redes sociais — mas existe o poder da oração quando o orante, a pessoa que
reza, coloca seu coração na sua prece, porque a oração não é isolada do modo de
viver e de pensar do orante. Nós rezamos como somos e colocamos na oração
aquilo que somos. A oração é um relacionamento, um encontro sincero com Deus e,
diante de Deus, não conseguimos nem fingir e nem mentir, pois ele nos conhece
mais que a nós mesmos. É diante disso que Jesus afirma que somente a oração
feita com humildade chega ao coração de Deus. A oração do publicano é aceita
porque ele não se apresenta a Deus com méritos, mas com o que é: reconhece-se
pecador e reza suplicando a misericórdia divina. Jesus nos dá uma dica
importantíssima para rezar bem: rezar com humildade porque a humildade, na
oração, é a chave que abre o coração divino para ele ouvir o que estamos
rezando.
Vou
concluir propondo uma questão bem prática: o que a oração faz na vida do
orante? A oração tem alguma força, algum poder capaz de transformar a minha
vida? Sim, quanto mais rezamos, mais gostamos de rezar e quanto mais gostamos
de rezar, mais nosso coração se torna parecido ao Coração de Jesus. Um coração
manso e humilde como o de Jesus. A oração sincera e humilde produz conversão. A
oração autêntica, a oração sincera e verdadeira sempre conduz à justificação,
quer dizer, nos torna santificados; transforma nosso coração. Quem se relaciona
muito com Deus pela oração, quem encontra tempo para ficar perto de Deus,
rezando, esta pessoa começa a se parecer com Deus; torna-se santificada. É
assim que aprendemos da vida dos santos e santas: são pessoas de muita oração,
pessoas com uma intensa vida de oração. É o que Jesus dizia no Evangelho: o
publicano voltou justificado; voltou santificado. Quanto mais rezamos, mais nos
santificamos porque a oração modela nosso coração, torna coração parecido com o
oração de Jesus; um coração justificado, santificado. Amém!
