Há
palavras de Jesus que são como pequenas faíscas: parecem simples, mas quando
tocam o coração, acendem um fogo que não se apaga. A de hoje é uma dessas. “Se
vós tivésseis fé, ainda que fosse do tamanho de uma semente de mostarda,
diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos
obedeceria.”
Que
provocação! Jesus fala de fé, mas não da fé dos livros, nem da fé que se diz de
boca. Ele fala da fé viva, aquela que não se explica, se experimenta. A fé que
não enfeita o discurso, mas sustenta a alma.
Os
discípulos pedem: “Aumenta a nossa fé!” E Jesus responde com algo
desconcertante. Ele não promete dar mais fé, Ele revela que o problema não é a
dimensão da fé, é a falta de confiança. A fé não cresce porque a gente não a
planta. A fé não floresce porque a gente a guarda no bolso, só para
emergências.
E
aqui está o ponto: a fé não é emoção, é decisão. Fé é continuar caminhando
mesmo quando o chão parece sumir. É acreditar que o invisível é mais real do
que o visível. É dizer “sim” a Deus, mesmo quando tudo em nós grita “não”.
Jesus
escolhe a semente de mostarda, a menor de todas. Porque a fé não precisa ser
enorme, basta ser viva. E semente viva, quando cai em terra boa, quebra o chão
e se transforma em árvore. Ou seja: Deus não pede fé grandiosa, Ele pede fé
sincera.
Mas
perceba: a fé verdadeira não é uma varinha mágica. Não é poder para conseguir o
que se quer, mas força para permanecer quando tudo parece perdido. Ter fé não é
mandar nas amoreiras, é aprender a obedecer ao jardineiro.
E,
como se não bastasse, Jesus continua e fala dos servos. Ele lembra que, após
fazer tudo o que devia, o servo não espera aplauso. Somente diz: “Somos servos
inúteis, fizemos o que devíamos fazer.”
Aqui
está outra lição profunda: fé e humildade andam juntas. Quem crê de verdade não
exige recompensa, serve. Essa pessoa não se gaba, antes, se doa. Ela não mede
resultados, confia no fruto que virá. A fé madura é silenciosa, mas firme. É
discreta, mas incansável.
Olhe
bem: Jesus une a fé com o serviço, porque a fé que não se traduz em amor é só
teoria. Ter fé não é mover montanhas no mundo, é mover montanhas no coração: o
medo, o orgulho, o rancor, a dúvida.
Como
está a sua fé?
Por
isso, talvez o Senhor esteja nos dizendo hoje: “Não me peça mais fé. Use a que
você já tem.” A fé não precisa ser aumentada, precisa ser vivida. É quando
damos o primeiro passo que o chão aparece. É quando confiamos no escuro que a
luz se acende.
Então,
pergunte-se hoje: como está a sua fé? Ela dorme ou se levanta com você todos os
dias? É semente guardada ou plantada? É frase de costume ou caminho de entrega?
Se
você tiver um pouquinho de fé, da dimensão de uma semente, confie. Porque Deus
não precisa de muito para fazer o impossível. Ele só precisa de um coração que
diga: “Senhor, eu creio… mas ajuda a minha falta de fé.”
E
quando a fé é verdadeira, mesmo pequena, o impossível se ajoelha diante dela.