sábado, outubro 04, 2025

DIA DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA SAGRADA COMUNHÃO









Irmãos e irmãs, a palavra que hoje ouvimos toca o cerne da autoridade de Cristo e do lugar que Ele ocupa na economia da salvação: “Quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.”

Assim, quando alguém fecha o ouvido ao anúncio do Evangelho, esse gesto não se esgota numa recusa humana qualquer; ele atinge a trama mesma da revelação, porque o Verbo encarnado procede do Pai e torna visível o rosto daquele que nos ama desde sempre. Portanto, hostilizar o Mensageiro é, em última instância, recusar o próprio Pai que o envia.

Logo, percebamos a lógica do enviado. Na Escritura, o enviado, o “apóstolo”, traz consigo a presença do que envia. Não se trata de representação formal, mas de comunhão hipostática: o Filho revela o Pai, e o Pai age no Filho.

Assim, a rejeição dirigida a Jesus assume dimensão teológica: ela separa o homem da fonte primeira do amor. Os Pais da Igreja sempre entenderam isso como ofensa que ultrapassa o indivíduo, porque nega o dom que sustenta a criação e a história redentora.

 

Caridade paciente

Além disso, a frase afirma também o valor do ministério apostólico e da missão. Os missionários, os sacerdotes, os catequistas e os leigos que anunciam o Evangelho não são empresários de ideias; são portadores de uma presença gratuita. Por isso, quando alguém recusa a pregação ou atrapalha a caridade que brota da Palavra, ele coloca-se contra a economia sacramental que Deus instituiu. A comunidade cristã, ao enviar, assume responsabilidade por este dom, e ao acolher, reconhece no outro o espaço onde Cristo se oferece.Por outro lado, precisamos distinguir rejeição de incompreensão. Nem toda resistência é malícia deliberada; muitas vezes nasce do medo, da ferida cultural, das ofensas sofridas. Portanto, a resposta evangélica não é retaliar, mas insistir em caridade paciente e testemunho coerente.

Mesmo quando o Messias é recusado, a vida santa e a simplicidade do testemunho tornam-se argumentos que falam mais alto do que palavras retóricas. Os grandes mestres espirituais aconselham que se suporte a incompreensão com oração e serviço, porque assim se reabilita o rosto do Pai.

Em seguida, essa realidade exige de nós decisões práticas e urgentes. Primeiro, cuidemos da formação de quem envia: preparemos pregadores e mensageiros com oração, estudo e humildade, para que neles a Palavra se torne credível. Segundo, tornemos a casa da Igreja hospital de acolhida, onde se cuidam feridas e se responde à dor com justiça e compaixão, de modo que menos corações se fechem. Terceiro, pratiquemos a paciência corajosa: rezemos pelos que rejeitam, acompanhemos com obras, abramos canais de diálogo sem ceder na verdade.

 

Transformar pelo amor

Ademais, a passagem nos adverte contra a tentação de confundir recepção fria com neutralidade religiosa. Quando a sociedade exclui a mensagem cristã do espaço público, não estamos diante de mero desacordo civil, estamos diante de uma prova para a fé: permanecer fiel sem vontade de impor, anunciar sem violência, testemunhar sem manipular. A forma mais pura de evangelização não busca domínio, mas transforma pelo amor que se faz serviço concreto e justiça.

Ainda, convictos de que a vitória última pertence ao Senhor, mantenhamos a esperança. O Rejeitado pelos homens é o mesmo que ressurge e vence a morte. Assim, a aparente derrocada do Mensageiro não anula o mandato do Pai, antes o confirma; cada rejeição que sofremos torna-se ocasião para maior fidelidade e oração. A missão prossegue porque o Espírito sustenta os enviados e renova a coragem das comunidades.

Finalmente, façamos hoje um exame sincero: em que ocasiões nós próprios rejeitamos o Mensageiro? Em que atitudes fechamos as portas ao dom do Pai, preferindo segurança ou conforto ao risco do seguimento? Ao identificar essa resistência, peçamos conversão e abertura. Que a Mãe que ouviu e guardou a Palavra nos ajude a acolhê-la sempre com docilidade, e que o Espírito nos dê coragem para continuar a anunciar o Cristo que revela o Pai, mesmo quando a porta se fecha. Amém.