segunda-feira, janeiro 25, 2016

PADRE MARCOS PRESIDE A EUCARÍSTIA NA PARÓQUIA DE SANTA ELIZABETH HUNG, VERSAILLES


Anúncio do Ano Santo

Você ouviu que Jesus desenrolou o livro de Isaías. Os livros, no tempo de Jesus eram feitos em forma de rolo. O livro de Isaias, dizem os estudiosos da Bíblia, tinha mais ou menos 4 metros de comprimento. Esse é um detalhe curioso. Tem outro detalhe, mais importante que esse: o início da pregação de Jesus e a presença do Espírito Santo em sua vida. Uma pregação marcada, essencialmente, pela libertação: “o Espírito do Senhor está sobre mim e me envia para libertar...”, diz Jesus, em síntese. Outro detalhe importante, para este tempo que estamos vivendo agora, é o anúncio do Ano Jubilar feito por Jesus no Evangelho, presente nas palavras: “para proclamar um ano da graça do Senhor”. Este “ano da graça” é um outro nome para Ano Jubilar ou, como dizemos nós, atualmente, Ano Santo. Ano da graça por ser um tempo especial, no qual se manifesta a gratuidade divina, especialmente presente no perdão dos pecados, no perdão de dívidas impagáveis dos pobres e no perdão aos escravos, oferecendo-lhes a liberdade. No Ano da Graça, portanto, celebra-se uma celebração especial que nos colega com o Ano Santo da Misericórdia, que vivenciamos neste ano de 2016. Um ano marcado pelo perdão e pela libertação.



Um programa de vida para os pobres

O programa do Ano da Graça, anunciado por Jesus, beneficia diretamente os pobres, que são os preferidos de Deus. Neste programa divino, entendemos bem porque Papa Francisco fala tanto da periferia social, porque é para lá que Deus dirige um olhar especial de graça, de amor e libertação. Dirige seu olhar para os pobres, os que vivem à margem da sociedade e à mercê dos poderosos, sem forças, sem condições de resistir aos ricos, sem qualquer tipo de proteção e, o pior de tudo, sendo presas fácil dos gananciosos. Jesus propõe seu programa como aliado dos pobres e como o libertador desses mesmos pobres. Nisto consiste a boa nova que Jesus anuncia: veio libertar os pobres e oprimidos. São Lucas é conhecido no meio acadêmico como o Evangelista dos pobres. No Evangelho de Lucas, Jesus sempre está ao lado dos pobres e a favor deles. Lucas apresenta Jesus como libertador dos pobres, aqueles que ouvimos nomeados no Evangelho: os cativos, os cegos e os oprimidos, além de tantos outros, nomeados no decorrer do Evangelho, como os samaritanos e os publicanos.








Ano Santo da Misericórdia

A boa notícia de Jesus consiste em anunciar a libertação dos marginalizados: presos, cegos, oprimidos, surdos, coxos. Ele veio para proclamar o Ano da Graça; o ano da libertação e da vida nova porque imensa é a misericórdia divina para conosco. Ano da Graça significa propor um modo novo de viver, marcado especialmente pela misericórdia nos relacionamentos sociais. O Ano Santo da Misericórdia tem esta finalidade de colaborar com o projeto divino para libertar quem vive aprisionado na vida pelo motivo que for. Libertar, por exemplo, tantas pessoas que vivem cegas porque incapazes de ver um sentido para suas vidas; libertar tantas pessoas que vivem coxas, incapazes de caminhar na vida, libertar tantos oprimidos e deprimidos, incapazes de sentir o prazer e a alegria da vida. Ter misericórdia para com esta gente não significa ficar com pena deles, ter dó, mas estender uma mão libertadora para favorecendo-lhes a libertação e a vida plena. 






Proposta de vida nova

Quando falamos de misericórdia, no contexto do Evangelho que acabamos de ouvir, entendemos a necessidade de alimentar a esperança para que a vida não seja um peso a ser carregado, mas uma festa a ser vivida com alegria. O plano de Jesus pede que todos os marginalizados sejam incluídos na sociedade para usufruir daquilo que a sociedade oferece para o bem da vida de todos, especialmente a dignidade e a alegria. O Ano Santo da Misericórdia está ajudando-nos a entender que ser misericordioso não consiste somente cultivar conceitos emocionais abstratos de dó ou de pena, mas de viabilizar um projeto libertador que favorece a vida de todos, especialmente aquela dos oprimidos sociais. A boa nova de Jesus é um projeto, um plano prático para levar as pessoas a se reintegrarem na sociedade. Esta reintegração social é um gesto misericordioso por oferecer condições de viver dignamente a vida plena que ele veio trazer. Que o Ano Santo da Misericórdia nos torne mais misericordiosos, quer dizer, mais empenhados em dedicar a vida, para que a vida seja plena para todos, como é o desejo do próprio Deus. Amém!