O que queremos encontrar em nossa caminhada, em nossa corrida no início deste novo ano, que estamos iniciando? Trata-se de uma pergunta necessária e, até mesmo, fundamental. Precisamos correr, precisamos caminhar, mas precisamos conhecer um endereço, ter uma meta, ter um local de chegada. A Palavra de Deus que acabamos de ouvir oferece uma meta capaz de iluminar a nossa existencial: o rosto de Deus. Na 1ª leitura, a bênção de Aarão invoca o desejo que o rosto divino brilhe sobre quem acolhe esta bênção. Por isso, na corrida que iniciamos neste ano de 2016, queremos e suplicamos a luz divina do rosto divino sobre todos nós. O Evangelho conta que os pastores foram apressados ao presépio e se encontraram com o rosto divino, na pessoa do Menino Jesus. Buscar o rosto de Deus, na pessoa de Jesus, é se propor a viver 2016 com simplicidade, com a bem-aventurança dos pobres em espírito, quer dizer, despojados e desapegados dos bens terrenos, para conviver 2016 com a liberdade interior. Como os Reis Magos, que celebraremos depois de amanhã, queremos caminhar para encontrar o rosto de Deus no rosto de Jesus e deixar que a luz do seu rosto ilumine nossos olhos, nossas mentes e nossos corações.
Através da espiritualidade mariana, podemos reconhecer Maria como uma buscadora da face divina. O Sl 27, muito possivelmente, vivia nos lábios e no coração de Maria buscando a face de Deus. A face, o rosto, não conota somente a face divina, mas demonstra-se como reveladora da face humana. Isto é tão verdade que, em vez de dizer que o homem e a mulher têm um rosto, pode-se dizer que o homem e a mulher são um rosto. O homem é um rosto, a mulher é um rosto. O rosto, juntamente com o nome, define a identidade da pessoa. O que seríamos sem um rosto? É pelo rosto que nos colocamos em relação e, até mesmo, podemos conhecer os segredos do coração do outro. Maria, a Mãe de Deus, apresenta-nos hoje o rosto divino, em seu Filho Jesus.
Buscar o rosto de Deus é um projeto espiritual, é colocar-se diante da possibilidade de fazer um caminho na espiritualidade e na mística cristã. Um exemplo disso é a próxima festa natalina que celebraremos no próximo Domingo, refletindo sobre os Reis Magos se colocando a caminho para conhecer o rosto de Deus, no Rei menino que acaba de nascer.
Trata-se de propor um caminho interior, bem diferente do caminho que a sociedade propõe — caminho exterior — que continuamente conduz a prestar contas à idolatria da eficiência, como refletido em “Iluminados pela Palavra”. Deus dispensa o ativismo ou o “eficientismo” social, mas não dispensa o caminho que conduz o homem e a mulher a buscar a face divina.
Estamos deixando um ano tumultuado que, certamente, envergonhará a História do Brasil, devido as tantas falcatruas, roubos, corrupções, conchavos políticos imorais unicamente para salvar o poder e sem nenhum tipo de interesse pelo povo. Não sabemos como será 2016, apenas temos certeza que precisaremos beber o cálice amargo de um governo incompetente e corrupto. Mesmo assim e apesar do direito de se revoltar contra os fatos, não podemos nos impedir de buscar o rosto divino, pois nele está a nossa bênção e o encontro com a paz interior. A Liturgia de hoje propõe como modelo desta busca o Coração da Mãe de Deus. Um coração silencioso, simples e perseverantemente confiante. Como a Mãe de Deus, queremos aprender de seu Filho a caminhar no caminho da fé sem jamais perder a alegria da esperança e o dom divino da paz, mesmo prevendo dias turbulentos para nossas famílias e para todo o povo, em 2016.
PAROQUIANOS RENOVAM SUAS PROMESSAS BATISMAIS