sábado, janeiro 09, 2016

ESTUDOS E APROFUNDAMENTOS PARTE II: QUAL A DISTINÇÃO ENTRE ORAR E REZAR?


A errônea doutrina protestante

Para os protestantes não é necessário pedir os bens eternos, porque eles propugnam, erradamente, que a salvação depende exclusivamente de Deus, sem nenhuma necessidade de cooperação do homem. Segundo a doutrina de muitas seitas protestantes, Deus já elaborou desde a eternidade duas listas: a boa lista, dos que irão para o céu; e a má lista, dos que irão para o inferno. Assim, quem está em uma lista, nada pode fazer para passar para a outra. Se está em uma lista boa pode pecar com liberdade, porque se salvará; e quem está na lista má, pode rezar e fazer todas as penitências e boas obras que queira, pois não se salvarão, já que estão condenados. Assim, a oração de pedidos para eles não tem nenhum sentido, nenhuma eficácia para a obtenção da vida eterna. Porque, tanto a salvação como a condenação já estão predeterminadas desde a eternidade. Nestas condições, a única oração que tem algum sentido é a oração de graças e glorificação de Deus pela seleção gratuita que Deus fez de nos incluir na lista boa. Por isso, uma vez que entre nós a palavra “rezar”, ainda que tenha um sentido extensivo e amplo, remete ao todo – como já se explicou – à ideia de oração de pedidos, os protestantes preferem dizer “orar”, porque têm a vista, preponderantemente, a oração gratulatória (de ação de graças) e doxológica (glorificação de Deus). Enquanto os bens desta vida, tampouco têm muito sentido para eles a oração de pedidos. Pois, segundo a doutrina protestante, se temos fé – indício que estaríamos na lista dos predestinados – Deus nos premia também com o êxito na vida terrena. Não cabe refutar aqui esta falsa doutrina. Nossa intenção é apenas assinalar a errônea - e, diga-se de passagem, monstruosa – concepção teológica que está por trás de uma opção linguística aparentemente inócua.

É positivo persistir com os pedidos

Para sustentar que “não devemos orar repetitivamente”, os protestantes, como bem indica a consulta apelam à Bíblia. Provavelmente se referem ao Evangelho de São Mateus (6, 7): “Quando orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força de muitas palavras”.
A interpretação do texto de São Mateus não é, todavia, a interpretação que os protestantes dão. Significa simplesmente que a eficácia da oração não provém da loquacidade, senão e sobretudo das boas disposições do coração. Em princípio, se as disposições são boas, quanto mais se reza, melhor! E o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor deu o exemplo de uma oração longa a repetitiva no Monte das Oliveiras, quando prostrado com o rosto na terra rezou por mais de uma hora, dizendo: “Meu pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, seja feita a tua vontade” (cf. Mt. 26, 39-44; Lc. 22, 41-45).

Quanto à necessidade da insistência na oração, no Evangelho de São Lucas se (11, 5-8) lê a impressionante lição do Divino Mestre: “E Jesus acrescentou: “Imaginai que um de vós tem um amigo e, à meia-noite, o procura, dizendo: ‘amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu chegou de viagem e nada tenho a oferecer’. O outro responde lá de dentro: ‘Não me incomodes. A porta já está trancada. Meus filhos e eu já estamos deitados, não posso me levantar para te dar os pães’. Digo-vos: mesmo que não se levante para dá-los por ser seu amigo, vai levantar-se por causa de sua impertinência e lhe dará o que for necessário”. A reiteração de nossos pedidos a Deus deve, pois, chegar a este ponto de impertinência, segundo o conselho do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. 
por aí se vê como os protestantes, abandonando a sabedoria da Igreja e arrogando-se ao direito ao livre exame, se distanciam da reta interpretação das sagradas Escrituras, fazendo ilações literais, sem levar em conta outras passagens sobre o mesmo tema, as quais são indispensáveis para chegar ao verdadeiro sentido de todos eles.

Impertinência do filho, enternece a mãe

Enquanto a negação do valor do Rosário, uma vez mais é o resultado da análise retorcida que caracteriza toda a teologia protestante. O Rosário é composto das mais sublimes orações: o Pai Nosso, a Ave Maria e Glória ao Pai. Contudo, ele não se restringe à repetição mecânica dessas orações. Sua concepção é outra: enquanto os lábios proferem palavras sublimes, a mente se eleva à contemplação dos principais mistérios de nossa Fé e o coração se abrasa no amor a Deus e à santíssima Virgem. Que exercício de devoção poderia haver que seja mais precioso do que este? Os Papas indicam para os sacerdotes, o Rosário imediatamente após a Santa Missa e o Breviário, e para os leigos, logo após os Sacramentos. O Rosário é de uma suave impertinência que enternece o coração da Mãe de Deus, uma aparente contradição em termos – uma impertinência enternecedora! – que para os católicos não constitui nenhuma dificuldade (a Bíblia o explica), mas que não entra na cabeça dos protestantes. Uma pena! Uma pena, pois eles não têm a Virgem como mãe. É o pior que poderia acontecer!




Tradução/colaboração: Francisco Bilac Pinto