segunda-feira, abril 04, 2016

II DOMINGO DA PÁSCOA



A figura de Tomé, como discípulo que resiste a crer, foi muito popular entre os cristãos. No entanto, o relato evangélico diz muito mais deste discípulo cético. Jesus ressuscitado se dirige a Ele com palavras que têm muito de coação, mas também de convite amoroso: “Não sejas incrédulo, mas crente”. Tomé, que leva uma semana resistindo a crer, responde a Jesus com a confissão de fé mais solene que podemos ler nos evangelhos: “Meu Senhor e meu Deus”. 


O que teria experimentado Tomé ao encontrar-se com Jesus ressuscitado? O que transformou este discípulo, até então duvidoso e vacilante? Que percurso interior o levou do ceticismo à confiança? O surpreendente é que, segundo o relato, Tomé até renuncia a verificar a verdade da ressurreição tocando as feridas de Jesus. O que o abre à fé é o próprio Jesus com seu convite . 




Ao longo desses anos, mudamos muito por dentro. Tornamo-nos mais céticos, mas também mais frágeis. Ficamos mais críticos , mas também mais inseguros. Cabe a cada um de nós decidir como quer viver e como quer morrer. Cada um tem que responder a esse convite que cedo ou tarde , de forma inesperada ou como fruto de um processo interior, pode chegar-nos de Jesus: “Não sejas incrédulo, mas crente”. 

Talvez tenhamos que despertar mais nosso desejo de verdade. Desenvolver essa sensibilidade interior que todos temos para perceber, além do visível e tangível, a presença do Mistério que sustenta nossa vida. Não mais é possível viver como pessoas que sabem tudo . Não é verdade. Todos – crente ou não, ateus ou agnósticos – caminhamos pela vida envoltos em trevas. Como diz São Paulo, “buscamos Deus às apalpadelas”.



Por que não defrontar-nos com o mistério da vida e da morte confiando no amor como última Realidade de tudo? Este é convite decisivo de Jesus. Mais de um crente sente hoje que sua fé se converteu em algo cada vez mais irreal e menos fundamentado. Talvez agora não podemos mais apoiar nossa fé em falsas seguranças , aprendemos a buscar a Deus com um coração mais humilde e sincero. 






Não devemos esquecer que uma pessoa que deseja sinceramente crer , para Deus já é crente . Muitas vezes não é possível fazer muito mais . E Deus, que compreende nossa impotência e debilidade, tem seus caminhos para encontrar-se com cada um de nós para oferecer-nos sua salvação . 

Não devemos assustar-nos ao sentir que brotam em nós dúvidas e interrogações. As dúvidas vividas de maneira sadia nos resgatam de uma fé superficial que se contenta com repetir fórmulas , sem crescer em confiança e amor. As dúvidas nos estimulam a ir até o final em nossa confiança no Mistério de Deus encarnado em Jesus . 

A fé cristã crescer em nós quando nos sentimos amados e atraídos por esse Deus cujo rosto podemos vislumbrar no relato que os evangelhos nos fazem de Jesus . Então, seu convite a confiar tem em nós mais força do que nossas próprias dúvidas. “Felizes os que não viram e creram”.