segunda-feira, junho 26, 2017

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM



 Angústia interior 

A 1ª leitura e o salmo responsorial falam de crise interior. Crise que provoca ansiedade, aflição, medo, angústia. São aquelas crises que nos atacam nos momentos de provações e de desafios existenciais. O profeta Jeremias apresenta-se, na 1ª leitura, como um homem angustiado, aflito; perturbado interiormente. Ele se vê rodeado por ameaças e por gente que não o compreende e, pior ainda, o critica injustamente. É uma situação bem delicada que, não poucas vezes, é experimentada também por nós. Veja o que o diz o salmista, outro angustiado na Liturgia deste Domingo: considera-se um estranho até mesmo dentro de casa, alguém que sofre insultos, que fica confuso, sem saber para onde correr. É desse estado de alma, dessa angústia interior que a 1ª leitura e o salmo responsorial nos falam na Palavra que ouvimos.


 Desabafo de Jeremias 

Qual o motivo de tanta angústia em Jeremias e no salmista? A reposta está no início do salmo responsorial: “por vossa causa é que sofri insultos”. Angustiados e confusos por causa de Deus. Uma experiência que, na minha vida de padre, encontro em muitas pessoas. Gente que se doa na comunidade, gente que testemunha o Evangelho, vivendo honestamente e, mesmo assim, é desprezado, é ridicularizado, é motivo de brincadeiras, motivo de gozações da parte de amigos e, até mesmo de familiares. Mesmo alguém do porte de Jeremias, que tinha experiência pessoal profunda com Deus, sentiu-se abalado, quanto mais nós sofremos, que nem sempre estamos fortalecidos o suficiente para suportar tais provocações. Em Jeremias nós vemos a primeira reação: o desabafo diante de Deus. O mesmo faz o salmista: desabafa diante de Deus e clama por justiça a seu favor. É uma atitude a ser imitada quando estamos perturbados, quando estamos com o coração pesado e sofrendo: desabafar diante de Deus.


Jesus fortalece os evangelizadores 

Outras três atitudes diante da perturbação interior, nós encontramos no Evangelho. Jesus é muito consciente que seus discípulos iriam sofrer perseguições, iriam ser confundidos, conheceriam tribulações no coração. Tudo isso é experimentado por quem deseja viver a Palavra de modo sincero. Por isso, Jesus recomenda, no Evangelho que ouvimos, a não ter medo. Por que não devemos ter medo? Por três motivos. Primeiro porque o Evangelho, com sua força explosiva, precisa ser anunciado claramente e de cima dos telhados; isto incomoda muita gente e essa gente incomodada pode tornar-se agressiva. Segundo, porque as ameaças de morte e a agressividade têm um poder limitado e não devem intimidar, pois não podem matar nossa paz interior e, por terceiro, porque somos protegidos por Deus, que cuida das aves do céu e sabe, até mesmo, quando perdemos um fio de cabelo. Como pessoa humana, temos angustia; como discípulos e discípulas de Jesus, não nos intimidamos porque a força do Evangelho é maior. Amém!