quinta-feira, novembro 27, 2025

ENTRONIZAÇÃO DA IMAGEM DE SÃO CONRADO DE CONSTANÇA NO METRÔ









A Entronização da Imagem de São Conrado de Constança na Estação São Conrado do Metrô Rio foi um gesto de “conquista” muito significativo para nossa Paróquia e nosso bairro.

A Igreja Matriz de São Conrado de Constança está ergida desde do início do Século XX e sempre foi um referencial importante não só para os crentes e fiéis católicos  naqueles primórdios, bem  como para as milhares de pessoas que passam pela autoestrada Lagoa-Barra nos dias de hoje .

A bela igrejinha, um “outeiro debruçado sobre verde e azul do mar”, como está no hino do padroeiro São Conrado, porém, ainda estava um pouco dissociada do nome do santo e do bairro. Nesses últimos anos, no entanto, a nossa fé cristã conseguiu unificar o prédio da pequena igreja, o nome do santo e o bairro. São Conrado de Constança passou a ser, oficial e legalmente, padroeiro do bairro.

A entronização da imagem na estação do metrô é mais um passo que reforça nossa fé e identidade católica. Vale ressaltar que há apenas cinco igrejas que têm São Conrado de Constança como patrono: duas na Alemanha; uma na Suíça; uma no Peru; e a nossa. Essa brasileira é a única que ganhou a denominação de paróquia.

 

O Bairro

O bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro, surgiu a partir do loteamento das terras do comendador Conrado Jacob Niemeyer no início do século XX, com base em sua igreja homônima, construída por volta de 1903. O bairro começou a se desenvolver com a abertura de vias de acesso e loteamento de chácaras entre as décadas de 1910 e 1930, consolidando sua identidade e estrutura urbana a partir dos anos 1960.

 

A Igreja

O Comendador Conrado Jacob Niemeyer construiu a Igreja de São Conrado para servir às famílias e trabalhadores  que se estabeleciam na região. A construção dessa igreja foi fundamental para que a área ganhasse seu nome e identidade.

 

A Estrada

Em 1912, o professor Charles Armstrong abriu uma estrada para facilitar o acesso à escola onde lecionava, na Chácara do Vidigal. Essa via, posteriormente alargada e renomeada como Avenida Niemeyer, foi crucial para a ocupação do bairro.

 

Entre as décadas de 1920 e 1930, as propriedades de Conrado Jacob Niemeyer foram loteadas, levando à emancipação do bairro da Gávea e à construção de chalés e palacetes.

 

O Sinal religioso

Serve como uma representação visual do sagrado e das convicções pessoais, muitas vezes dispensando palavras, para comunicar uma mensagem profunda. Ajuda a criar um senso de pertencimento e união entre os membros de uma mesma religião, reforçando a identidade do grupo e sua tradição. 

Sendo assim, para os fiéis, o sinal religioso é um meio de se conectar com o transcendente, com a divindade, e de vivenciar a espiritualidade no dia a dia. Além disso, os símbolos e sinais carregam consigo narrativas, doutrinas e valores éticos daquela fé, servindo como um lembrete constante dos princípios que devem guiar a vida dos seguidores.

No âmbito estritamente religioso, esses sinais desempenham um papel na sociedade e na cultura, marcando territórios, influenciando atitudes e promovendo a comunicação (como no caso do respeito à diversidade religiosa).













quarta-feira, novembro 26, 2025

SEMANA DE SÃO CONRADO DE CONSTANÇA











O Evangelho de hoje nos coloca diante de uma cena desconcertante. Enquanto alguns admiravam a beleza do Templo, Jesus olha para aquela estrutura imponente e declara: “Não ficará pedra sobre pedra.” Assim, Ele golpeia a ilusão de segurança humana e abre espaço para uma verdade maior: tudo o que é apenas terreno passa; somente Deus permanece.

Desde o início, Jesus nos ensina a não colocar o coração no que brilha por fora, mas no que sustenta por dentro. O Templo era grandioso, impressionava qualquer olhar, porém Jesus enxergava algo mais profundo, pois Ele via ali a tentação de confiar nas paredes e não no Senhor; de adorar a estrutura e esquecer a presença. Desse modo, Ele expõe a fragilidade do que aparenta ser firme.

Em seguida, os discípulos perguntam “quando” tudo isso vai acontecer. Eles querem datas, sinais exatos, respostas prontas. Contudo, Jesus conduz o olhar deles para outro ponto: antes de querer saber sobre o fim, aprendam a viver o essencial. Ele descreve guerras, terremotos e conflitos, mas não com intenção de assustar; Ele quer ensinar vigilância e liberdade interior.

Além disso, Jesus revela algo que, se acolhido, muda tudo: nada do que acontece ao nosso redor tem poder de destruir aquele que permanece unido a Deus. O Templo cai, o mundo treme, o mal esperneia, mas quem se firma no Evangelho continua de pé. A verdadeira segurança nasce de dentro, nasce da comunhão com Aquele que não passa.

Portanto, esse anúncio de destruição não é ameaça; é purificação. Jesus nos chama a desmontar os templos falsos que erguemos dentro do peito. De um lado, carregamos o templo do orgulho, onde buscamos reconhecimento demais. De outro, mantemos o templo das certezas absolutas, onde não deixamos Deus surpreender. Às vezes adoramos o templo da aparência, onde sustamos a verdade para agradar. Nada disso permanece. Tudo isso desaba. E, quando cai, abre espaço para o Reino.

Além disso, vale lembrar: Jesus nunca destrói para humilhar; Ele arranca para reconstruir. Ele remove o que mata para plantar o que salva. Quando o Senhor derruba uma ilusão, não rouba a nossa paz; Ele devolve a nossa alma. Assim, cada pedra que cai dentro de nós cria um terreno novo para a graça florescer.

Diante desse Evangelho, desejo lhe fazer uma pergunta séria: onde você colocou a sua segurança? No dinheiro que pode sumir? Na saúde que pode falhar? No prestígio que pode evaporar? Em pessoas que, por melhor que sejam, continuam limitadas? Hoje, Jesus lhe diz: “Filho, filha, isso tudo passa. Fica comigo. Eu sou a rocha que não cai.”

Por fim, este anúncio de Jesus é convite à vigilância amorosa. Nada de medo. Nada de desespero. Apenas firmeza. Enquanto o mundo sacode, o discípulo reza, o barulho cresce, o cristão escuta. Enquanto a incerteza chega, a fé se levanta. E, assim, mesmo que não fique pedra sobre pedra, o coração continua inteiro, sustentado por Deus.

Portanto, caminhe com coragem. Tire os olhos das paredes e fixe-os no Senhor. Quando tudo parecer desabar, lembre-se: quem se ancora em Cristo não cai, não desiste e não se perde. A rocha permanece. E, se você estiver sobre ela, você também permanecerá.

























terça-feira, novembro 25, 2025

SEMANA DE SÃO CONRADO DE CONSTANÇA











O Evangelho de hoje é curto, simples e absolutamente profundo. Jesus está no Templo. Ele observa. Ele não fala nada no início; apenas olha. De um lado, os ricos depositam grandes quantias. De outro, quase despercebida, chega uma viúva pobre. Ela deposita duas pequenas moedas. Nada impressionante aos olhos humanos. Mas, de repente, o silêncio se quebra, e Jesus revela o segredo daquele gesto. Ele diz: “Essa viúva pobre deu mais do que todos os outros.”

Esse comentário de Jesus vira tudo de cabeça para baixo, pois, até hoje, nós medimos o valor das coisas pela quantidade. Jesus mede pela qualidade. Nós enxergamos números; Jesus enxerga o coração. Nós reparamos no brilho das moedas; Jesus repara no amor com que elas são oferecidas.

A viúva não deu do que sobrava. Ela deu o que tinha. E, quando uma pessoa entrega o que tem, entrega também quem é. Por isso, aos olhos de Deus, aquele pequeno depósito transformou-se em entrega total. Ele não viu duas moedas, mas a confiança, o abandono. Ele viu amor puro, sem cálculo, sem medo, sem reservas.

Esse Evangelho nos arranca da comodidade. Ele nos faz perguntar: O que eu ofereço a Deus? Dou a Ele o resto, o que não me custa? Dou apenas quando sobra? Porque a verdade é simples e dura: Deus não precisa do nosso dinheiro, mas Ele deseja o nosso coração. E o coração se revela na medida da entrega.

Isso vale para tudo: tempo, perdão, serviço, escuta, atenção, presença. Às vezes, oferecemos muito do que vale pouco, e pouco do que vale muito. Falamos de amor, mas guardamos reservas. Dizemos que confiamos, mas seguramos as rédeas. Declaramos entrega, mas oferecemos migalhas.

Enquanto isso, aquela viúva nos olha através dos séculos e nos diz, sem palavras: “Confia. Dá tudo. Deus não falha.”

Ela entendia algo que nós, com todas as nossas teorias, às vezes esquecemos: quando damos a Deus o pouco que temos, Ele transforma esse pouco em abundância. Mas quando seguramos tudo, acabamos vazios.

Jesus viu aquela mulher. Notem isso: Ele viu. Ele sempre vê os pequenos, os escondidos, os que dão em silêncio, longe dos aplausos. Nada passa despercebido aos olhos d’Ele. A viúva não subiu ao Templo para aparecer; ela subiu para amar. Por isso, o gesto dela se tornou eterno.

Hoje, meus irmãos, o Senhor nos convida a dar mais que moedas, a dar a vida, e, portanto, entregar nosso orgulho, nosso medo, nosso apego, nossa necessidade de controlar tudo. Cristo não pede que demos muito; pede que demos de verdade. O Reino não cresce com grandes gestos esporádicos, mas com pequenas entregas diárias, feitas com amor sincero.

Talvez Deus hoje te peça não duas moedas, mas duas decisões: a de confiar e a de entregar. A de parar de esperar condições perfeitas para amar e a de começar agora.

A viúva deu pouco, mas se deu toda. Por isso, ela se tornou grande.

Que o Senhor nos ajude a viver essa ousadia: oferecer a Ele não o que sobra, mas o que somos. E, assim, descobrir que o verdadeiro tesouro nasce da verdadeira entrega.













segunda-feira, novembro 24, 2025

SOLENIDADE DE CRISTO REI










Hoje a Igreja nos reúne para celebrar uma verdade que muda tudo: Jesus Cristo é o Rei do Universo. Pode parecer uma frase imensa, até ousada demais. Mas, na verdade, ela descreve não só o que Ele é, mas o que Ele realiza em nós.

Quando pensamos em “rei”, nossa mente corre para imagens de poder, tronos dourados, exércitos armados, ordens que ninguém ousa contrariar. E, no entanto, quando olhamos para Cristo, encontramos algo totalmente diferente. O trono d’Ele é uma cruz, a coroa é feita de espinhos, o manto é o sangue derramado por amor. Ele reina, mas não domina; governa, mas não oprime; manda, mas serve primeiro.

Logo percebemos que o reinado de Jesus não se impõe pela força, e sim pela verdade. Não cresce pelo medo, mas pela misericórdia. Não conquista territórios externos, conquista o coração. E, quanto mais deixamos que Ele reine aqui dentro, mais tudo ganha um sentido novo: as dores, as escolhas, os relacionamentos, os passos que damos.

No Evangelho desta solenidade, sempre vemos Cristo diante de Pilatos ou elevado na cruz, mas, é curioso: o mundo tenta julgá-Lo, tenta decidir o destino do próprio Autor da vida. Mas, aos poucos, percebemos que é Ele quem julga o mundo. Ele não precisa levantar a voz para mostrar quem é. Basta o silêncio, basta o olhar, basta o amor que insiste até o fim. A cruz O revela como Rei não porque vence inimigos, mas porque vence o último inimigo: o pecado que nos separa do Pai.

Além disso, a sua realeza é universal porque nada escapa ao seu olhar, e ninguém está fora do seu alcance. Ele reina sobre o tempo e sobre a eternidade, sobre a história e sobre cada capítulo pessoal da nossa vida. E, quando reconhecemos isso, tudo muda. As coisas que antes pareciam gigantes começam a encolher. As dores que antes pareciam insuportáveis ganham propósito. Os medos que nos paralisavam começam a perder a força.

Entretanto, existe uma pergunta que esse dia coloca diante de nós: Cristo reina mesmo no meu coração?

Não basta proclamar com os lábios; é preciso entregar com a vida.

Ele reina quando escolhemos o perdão em vez da vingança, quando preferimos a verdade às justificativas fáceis.

Ele reina quando deixamos o orgulho cair e a humildade florescer, quando a nossa vontade se dobra diante da vontade do Pai.

Se o lugar d’Ele é o centro, então o nosso lugar é aos pés da cruz, onde aprendemos que obedecer a Cristo não nos encurta, nos amplia; não nos aprisiona, nos liberta.

E, por favor, não pense que Jesus quer arrancar algo de nós. Ele deseja mostrar que o coração só encontra paz quando descansa no Rei que não falha, não engana, não abandona. Um Rei que não usa o poder para se proteger, mas para nos salvar.

A festa de hoje, portanto, é um convite. Um convite forte, urgente, amoroso: deixe Cristo reinar: na sua mente, para purificar pensamentos confusos, no seu olhar, para enxergar com esperança, nos seus afetos, para amar com verdade, nos seus passos, para não se perder, e, finalmente, na sua história, para transformar feridas em testemunho.

E, enquanto Ele toma o trono do nosso coração, o mundo começa a ver frutos. O Reino acontece. A paz brota. A justiça floresce. A caridade ganha corpo. A luz vence a escuridão.

Então, irmãos, de joelhos diante do Rei crucificado e ressuscitado, peçamos hoje a maior graça: que Jesus Cristo seja, de fato, o Rei da nossa vida. Nas decisões, e não somente quando tudo vai bem, mas também quando tudo parece desabar.

 

Porque, onde Ele reina, nada se perde; tudo se encontra.

 

Onde Ele reina, nada termina; tudo começa.



















Reconstituição da Coroa de Espinhos

segunda-feira, novembro 17, 2025

XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM












O Evangelho de hoje nos coloca diante de uma cena que parece distante, mas que toca exatamente o mundo em que vivemos. Alguns discípulos admiram o Templo, com suas pedras enormes e enfeites preciosos, pois eles olham para fora e acham que a grandeza está naquilo que brilha. Jesus, porém, olha mais fundo e diz algo que deve ter quebrado o encanto deles: “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra.”

A princípio, isso soa como ameaça, quase como um susto. Mas Jesus não quer assustar ninguém. Ele quer libertar seus discípulos da ilusão de que a segurança vem das coisas grandes, estáveis, bonitas. Ele quer que entendam que tudo o que é somente humano, mais cedo ou mais tarde, cai. E isso inclui estruturas, riquezas, aplausos, e até aquilo que achamos inabalável.

Logo depois, Ele abre o coração e mostra o caminho: “Quando ouvirdes falar de guerras, revoluções, medos, perseguições, falsas promessas, não tenhais pavor.” Como não ter pavor? Só existe uma resposta: perseverança na fé.

Jesus descreve um mundo cheio de ruídos, conflitos, confusões. É o nosso. Mas Ele não termina na tragédia. Ele termina na esperança: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida.”

Aqui está a chave da homilia de hoje.

A firmeza não é teimosia, é fidelidade; nem é rigidez, mas confiança. Ela não é fechar os punhos, é segurar a mão de Deus no meio do caos.

Permanecer firme é continuar fazendo o bem quando o mal faz barulho:

manter o coração limpo quando o mundo tenta sujá-lo.

segurar o Evangelho quando muitos o descartam.

não negociar valores só para agradar os outros.

acreditar no amor de Deus mesmo quando a vida aperta.

A promessa de Jesus não é uma vida sem cruz. A promessa é que a vitória virá para quem não soltar a fé. Não se conquista o céu correndo, mas permanecendo. Essa é a sabedoria do Reino: o segredo não está em fazer muito, mas em não desistir jamais.

Talvez hoje você esteja segurando pedras que começam a cair: uma incerteza, uma doença, um medo, uma injustiça, uma perda. O Senhor não diz que essas pedras não cairão, Ele diz que você não cairá, se permanecer Nele.

Por isso, este Evangelho é consolo. Ele nos lembra que nada do que é do mundo dura para sempre, mas aquilo que nasce de Deus é eterno. E quando Jesus diz que até nossos cabelos são contados, Ele está dizendo, com toda delicadeza divina: “Eu estou aqui, não desanimes.”

Portanto, irmãos e irmãs, permaneçamos firmes. Firmes na oração, firmes na caridade, firmes na verdade, firmes na Eucaristia, firmes em Cristo. Porque a firmeza na fé não evita batalhas, mas conquista a vida eterna.

 

E no fim, quando tudo o que é frágil cair, só ficará de pé aquilo que foi construído sobre Deus. Amém.


segunda-feira, novembro 10, 2025

DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE SÃO JOÃO







Hoje a Igreja celebra a Dedicação da Basílica de São João de Latrão, a catedral do Papa, a “mãe e cabeça de todas as igrejas de Roma e do mundo”. Mais do que uma festa para recordar pedras antigas e paredes sagradas, esta solenidade nos convida a olhar para o verdadeiro templo que Deus deseja habitar: o coração humano.

No Evangelho, Jesus entra no Templo de Jerusalém e se depara com um cenário de desrespeito: cambistas, vendedores, barulho, comércio. A casa de oração havia se transformado em um mercado. Então Ele faz um gesto firme, mas profundamente simbólico: expulsa os vendedores e declara com autoridade: “Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!”

Este episódio não retrata a ira de um homem; revela a pureza do amor de Deus. Jesus não destrói o templo, Ele o purifica. O que Ele combate não é o sacrifício, mas a falsidade. O que o indigna não é a oferta, mas a hipocrisia. O zelo que o consome é o amor apaixonado de quem não suporta ver o sagrado reduzido à aparência.

E quando os judeus exigem um sinal, Jesus fala algo misterioso: “Destruí este templo, e em três dias o levantarei.” Eles pensam que Ele se refere ao prédio, mas Ele falava do próprio corpo. A partir desse momento, o templo deixa de ser um edifício e passa a ser uma Pessoa: Cristo é o novo Templo. É nele que Deus e a humanidade se encontram. É nele que o amor habita plenamente.

Por isso, celebrar a Dedicação de uma basílica é, antes de tudo, renovar nossa consciência de que nós somos templos vivos do Espírito Santo. A Igreja de pedra é sinal da Igreja de carne. Cada parede consagrada aponta para o mistério da alma consagrada. Cada altar físico é reflexo do altar interior onde Deus quer oferecer a Sua graça.

Mas como está o nosso templo? Quantas vezes o deixamos cheio de ruídos, de negociações internas, de trocas e interesses. Quantas vezes Deus quer falar, e o coração está ocupado demais com o barulho das próprias vontades. Jesus continua entrando em nossos templos pessoais, derrubando mesas, virando cadeiras, expulsando tudo o que não é amor.

A purificação de Jesus é um ato de misericórdia. Ele não destrói o que é sagrado, Ele o devolve ao seu sentido original. O templo que Ele quer em nós é um espaço de oração, silêncio e comunhão. Um lugar onde o Espírito Santo possa repousar com liberdade.

Hoje, o Senhor nos pede: deixem-me purificar seus templos. Deixem-me varrer o orgulho, o medo, a indiferença. Deixem-me habitar plenamente no coração de vocês. Porque não há templo mais belo que uma alma em estado de graça.

A Basílica do Latrão permanece como sinal visível da Igreja universal, mas o verdadeiro santuário é aquele que cada um carrega dentro de si. Se o mantivermos limpo, iluminado e acolhedor, Deus fará dele a Sua morada permanente.

Peçamos hoje, com humildade: Senhor, entra no templo do nosso coração, remove o que te ofende, reacende o que te glorifica e faz de nós moradas vivas do Teu amor.









quinta-feira, novembro 06, 2025

PAPA LEÃO XIV E O DIA DE FINADOS

 












Neste Dia de Finados, em que a Igreja recorda o fiéis já falecidos, o Papa Leão XIV encorajou os peregrinos presentes na Praça São Pedro para a oração mariana do Angelus a "não ficar preso ao passado e às lágrimas de nostalgia", e nem ao presente "como num túmulo", mas ao futuro que vem de Jesus, do "nosso estar com Cristo" e da esperança na ressureição, que "ilumina o destino de cada um de nós". E cada um "tem o seu lugar, brilhando em toda a sua unicidade", recordou o Pontífice por ocasião do mistério celebrado na Solenidade de Todos os Santos de sábado, 1º de novembro: "uma comunhão de diferenças que, por assim dizer, alarga a vida de Deus a todos os filhos e filhas que desejaram fazer parte dela".

 

"Conhecemos interiormente a preocupação de Deus em não perder ninguém, sempre que a morte parece nos fazer perder para sempre uma voz, um rosto, um mundo inteiro. Na verdade, cada pessoa é um mundo inteiro. O dia de hoje, portanto, é um dia que desafia a memória humana, tão preciosa e tão frágil. Sem a memória de Jesus – da sua vida, morte e ressurreição – o imenso tesouro de cada vida fica sujeito ao esquecimento. Porém, na memória viva de Jesus, mesmo aqueles de quem ninguém se lembra, mesmo aqueles que a história parece ter apagado, emergem na sua dignidade infinita."

 

Por isso, disse Leão XIV, "os cristãos recordam desde sempre os defuntos em cada Eucaristia e, até ao dia de hoje, pedem que os seus entes queridos sejam mencionados na oração eucarística. Desse anúncio nasce a esperança de que ninguém se perderá". A própria visita ao cemitério, continuou o Papa, "onde o silêncio interrompe o frenesi de tantos afazeres", precisa ser "um convite à memória e à esperança", como todos nós professamos no Credo, de esperar "a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir":

 

“Não fiquemos presos ao passado, às lágrimas da nostalgia. Nem tampouco estejamos lacrados ao presente, como num túmulo. Que a voz familiar de Jesus nos alcance, e alcance a todos, porque é a única que vem do futuro. Ele nos chama pelo nome, prepara-nos um lugar, liberta-nos do sentido da impotência com o qual corremos o risco de renunciar à vida.”