Através das mãos de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e
Padroeira do Brasil e guiados pelo Espírito Santo, os bispos encerram a primeira
fase dos trabalhos da 51ª Assembleia Geral da CNBB 2013.
Na tarde de sábado e na manhã deste domingo, 14 de
abril, os bispos que participam da 51ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida
(SP)
participaram de um retiro, orientado por dom Esmeraldo Barreto de Farias,
arcebispo de Porto Velho
No final da manhã, todos se reuniram para a celebração eucarística, no Santuário Nacional. Concelebraram a missa os bispos da região Amazônica:
dom José Valmor Teixeira e dom Elói Roggia.
No final da manhã, todos se reuniram para a celebração eucarística, no Santuário Nacional.
Em sua homilia, dom Esmeraldo recordou que a fé cristã
não pode ser um ato privado. “A comunidade é o lugar da vivência da fé”.
Dom Esmeraldo também foi o pregador do retiro. O tema para a reflexão durante o retiro foi “O Bispo, mestre e testemunha da fé”.
Três meditações foram dirigidas por dom
Esmeraldo ao grupo de mais de 360 bispos presentes no centro de eventos da
Basílica.
Na primeira meditação, na tarde do
sábado, 13 de abril, ele afirmou que “Um bispo encontra a sua identidade e o
seu lugar no seio da comunidade dos discípulos do Senhor, onde recebeu o dom da
vida divina e a primeira instrução na fé.
Sobretudo quando da sua cátedra episcopal exerce na presença da assembleia dos fiéis a sua função de mestre na Igreja, cada Bispo deve poder repetir como santo Agostinho: "Se se considerar o lugar que ocupamos, somos vossos mestres; mas, pensando no único Mestre, somos condiscípulos vossos na mesma escola".
"Na Igreja, escola do Deus vivo, Bispos e fiéis são
todos condiscípulos e todos têm necessidade de ser instruídos pelo Espírito".
Na última meditação feita por dom Esmeraldo na manhã
deste domingo, o bispo de Porto Velho lembrou que "Somente unido a Jesus Cristo, aos seus sofrimentos,
no caminho da Páscoa, o bispo pode viver a missão". A união com Jesus Cristo ressuscitado significa
necessariamente comunhão com o Servo, com aquele que assumiu a nossa natureza
humana e que também diz para nós hoje: ‘sem mim, nada podeis fazer’ (Jo 15,5).
O caminho da fé abre o horizonte da esperança e esta “não decepciona porque o amor foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”
Com essa experiência de oração, os bispos encerram a primeira fase dos trabalhos desse encontro anual.
Durante a semana que contou, praticamente, com três
turnos diários de atividades, os bispos deram início aos debates em torno do
tema central da assembleia: “comunidade de comunidades: uma nova paróquia”. Os
outros dois temas que estão sendo aprofundados, “Questão Agrária” e “Diretório
da Comunicação” também foram amplamente discutidos.
“REFORMA AGRÁRIA”
Em sua participação na coletiva de imprensa da
sexta-feira, 12 de abril, o bispo de Balsas (MA) e presidente da Comissão
Pastoral da Terra (CPT), dom Enemesio Angelo Lazzaris falou sobre a
apresentação do Documento “A Igreja e a questão agrária no Século XXI”. Dom Enemesio explicou que o Documento é uma
continuidade das reflexões que a CNBB tem feito ao longo dos anos. E citou o
ano de 1954, quando se realizou a 2ª Assembleia Geral dos Bispos e cujo tema
central foi a “Reforma Agrária”, o bispo também lembrou o ano de 1980 quando na
18ª AG o tema foi “Igreja e problemas da terra” e mais recentemente, em 2006,
quando foi lançado o Documento “Os pobres possuirão a terra”.
Também ressaltou que o Documento apresentado na
51ª AG 2013, composto por um breve histórico, quatro capítulos e conclusão “quer fazer entender de maneira crítica as velhas e novas razões do sofrimento e da violência que marcam e ensanguentam a nossa terra hoje talvez mais que ontem”. E reforçou dizendo que “de maneira clara o documento faz entender que a sempre prometida Reforma Agrária não foi prioridade de nenhum dos governos democráticos, menos ainda do governo atual”.
51ª AG 2013, composto por um breve histórico, quatro capítulos e conclusão “quer fazer entender de maneira crítica as velhas e novas razões do sofrimento e da violência que marcam e ensanguentam a nossa terra hoje talvez mais que ontem”. E reforçou dizendo que “de maneira clara o documento faz entender que a sempre prometida Reforma Agrária não foi prioridade de nenhum dos governos democráticos, menos ainda do governo atual”.
Fez uma alerta para a situação opressora que se encontram os povos indígenas, quilombolas, sem terras e escravizados do campo, que estão em condições degradantes. “Precisamos atuar, precisamos anunciar as coisas boas, mas precisamos denunciar as tantas formas de opressão, os gritos, as injustiças que este povo sofre”.
No final da coletiva o presidente da CPT disse que o
episcopado apela para que os poderes executivo, legislativo e judiciário
permita que os camponeses tenham vez e voz. “Declaramos apoio aos pequenos que
buscam oportunidade de vida na terra, na floresta e nas águas. Apoiamos as
organizações camponesas e suas lutas pela terra e por políticas públicas que
lhes garantam acesso ao serviço saúde.
Estamos juntos na resistência contra toda forma de
violência que atinge a vida dos trabalhadores e suas famílias. Nos colocaremos
contra a grilagem e esforçaremos sempre mais para combater o trabalho escravo”.
O arcebispo de Mariana (MG) e ex-presidente da CNBB,
dom Geraldo Lyrio Rocha, estava presente na coletiva e pediu a palavra para
falar sobre o assunto.
Com a palavra dom Geraldo questionou se a questão
agrária está sendo discutida em nosso país e se há algum partido político
levantando este assunto. “Não é que a questão não exista, é que se faz vista
grossa, se silencia”.
Dom Geraldo aproveitou para ressaltar que o Documento
“quer dizer um grito dos que estão pedindo socorro e a Igreja quer ser
porta-voz de todos aqueles que são vítimas desta situação gravíssima em nosso
país”.
E esclareceu: “Sabemos que esse Documento vai provocar
reações porque é um documento que toma posição clara e definida. É lógico que
esperamos que ele tenha repercussão no Congresso Nacional, que ele possa trazer
uma contribuição para um debate mais amplo na sociedade”.
Os Temas da “Questão Agrária” e “Diretório da
Comunicação” voltam a ser aprofundados no plenário nesta última semana. A Assembleia
dos Bispos termina no próximo dia 19/04, sexta-feira.