Em 16 de junho de 1645, o Pe. André de Soveral e
outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por 200 soldados holandeses e índios
potiguares. Os fiéis estavam participando da missa dominical, na Capela de
Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú - no município de Canguaretama
(RN). O que motivou a chacina? A intolerância calvinista dos invasores que não
admitiam a prática da religião católica: isso custou-lhes a própria vida.
Os mártires são lembrados em duas datas, no dia 16 de julho em
Canguaretama, e dia 3 de outubro em São Gonçalo do Amarante. Esta
última data é lembrada a caráter estadual: pela lei Nº 8.913/2006 e declara
feriado estadual.
São
lugares de romarias e peregrinações a Capela dos Mártires de
Cunhaú e Uruaçu em São Gonçalo do Amarante; o Santuário dos Mártires,
no bairro Nossa Senhora de Nazaré em Natal, e a capela de Nossa
Senhora das Candeias no antigo engenho de Cunhaú.
MÁRTIRES DE CUNHAÚ
O movimento de insurreição contra o domínio holandês
já começara em Pernambuco, mas, na capitania do Rio Grande do Norte, tudo
parecia normal. Bastou, porém, a presença de uma só pessoa para que o clima se
tornasse tenso: Jacó Rabe, um alemão a serviço dos holandeses. Ele chegara a
Cunhaú no dia 15 de julho de 1645.
Rabe era um personagem por demais conhecido dos moradores de Cunhaú. Suas passagens por aquelas paragens eram freqüentes, sempre acompanhado dos ferozes tapuias, semeando por toda parte ódio e destruição. A simples presença de Rabe e dos tapuias era motivo para suspeitas e temores.
Rabe era um personagem por demais conhecido dos moradores de Cunhaú. Suas passagens por aquelas paragens eram freqüentes, sempre acompanhado dos ferozes tapuias, semeando por toda parte ódio e destruição. A simples presença de Rabe e dos tapuias era motivo para suspeitas e temores.
"Além dos tapuias, Jacó Rabe trazia, desta vez, alguns potiguares e
soldados holandeses. Ele dizia-se portador de uma mensagem do Supremo Conselho
Holandês, do Recife, aos moradores de Cunhaú.
No dia 16 de julho, Domingo, um grande número de colonos estava na igreja, para a missa dominical celebrada pelo Pároco, Pe. André de Soveral. Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa.
Como havia um certo receio pela presença de Jacó Rabe, alguns preferiram ficar
esperando na casa de engenho.
Chegou a hora da missa. Os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, dirigiram-se à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados apenas por cumprir o preceito religioso, os fiéis não portavam armas, mas só alguns bastões que encostaram nas paredes do pórtico.
O Pe. André inicia a celebração. Após a elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor, para a adoração dos presentes, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina.
Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelo flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares.
Chegou a hora da missa. Os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, dirigiram-se à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados apenas por cumprir o preceito religioso, os fiéis não portavam armas, mas só alguns bastões que encostaram nas paredes do pórtico.
O Pe. André inicia a celebração. Após a elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor, para a adoração dos presentes, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina.
Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelo flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares.
Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, 'entre mortais ânsias se confessaram ao sumo sacerdote Jesus Cristo, pedindo-lhe, com grande contrição, perdão de suas culpas", enquanto o Pe. André estava 'exortando-os a bem morrer, rezando apressadamente o ofício da agonia" (Verdonk).
Três meses depois aconteceu o martírio de mais 80
pessoas, e sempre pelas mãos dos calvinistas holandeses. Entre elas estava o
camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto
repetia a frase: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento". Isso
aconteceu na Comunidade de Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante (a 18 km de
Natal).
Contam os cronistas que as notícias dos graves e dolorosos acontecimentos de Cunhaú se espalharam rapidamente por toda a capitania do Rio Grande do Norte e capitanias vizinhas. A população ficou assustada e temia novos ataques dos tapuias e potiguares, instigados pelos holandeses.
Também desta vez tudo aconteceu sob o comando de Rabe, ajudado pelo chefe potiguar Antônio Paraopaba.
Os índios já tinham sido avisados das intenções dos dois e lá estava o chefe potiguar com os seus comandados: mais de duzentos índios, bem armados.
Logo que desceram dos batéis, os flamengos ordenaram aos moradores que se despissem e se ajoelhassem. A um sinal dado por eles, os índios, que estavam emboscados, saíram dos matos e cercaram os indefesos colonos.
Teve início, então, a terrível carnificina, descrita com impressionante realismo pelos cronistas portugueses. Nas descrições, nota-se o contraste entre a crueldade dos algozes e a resignação e o perdão das vítimas:
"Começaram a dar tão desumanos e atrozes tormentos aos homens que já muitos dos que padeciam tomavam por mercê a morte. Mas os holandeses usaram da última crueldade entregando-os aos tapuias e potiguares, que ainda vivos os foram fazendo em pedaços, e nos corpos fizeram anatomias incríveis, arrancando a uns os olhos, tirando a outros as línguas e cortando as partes verendas e metendo-lhas nas bocas..." (Santiago).
A descrição da morte de Mateus Moreira é o ponto mais expressivo de toda a narrativa de Uruaçu e constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio.
"Os algozes arrancaram-lhe o coração pelas costas, e ele morreu exclamando: 'Louvado Seja o Santíssimo Sacramento."
Contam os cronistas que as notícias dos graves e dolorosos acontecimentos de Cunhaú se espalharam rapidamente por toda a capitania do Rio Grande do Norte e capitanias vizinhas. A população ficou assustada e temia novos ataques dos tapuias e potiguares, instigados pelos holandeses.
Também desta vez tudo aconteceu sob o comando de Rabe, ajudado pelo chefe potiguar Antônio Paraopaba.
Os índios já tinham sido avisados das intenções dos dois e lá estava o chefe potiguar com os seus comandados: mais de duzentos índios, bem armados.
Logo que desceram dos batéis, os flamengos ordenaram aos moradores que se despissem e se ajoelhassem. A um sinal dado por eles, os índios, que estavam emboscados, saíram dos matos e cercaram os indefesos colonos.
Teve início, então, a terrível carnificina, descrita com impressionante realismo pelos cronistas portugueses. Nas descrições, nota-se o contraste entre a crueldade dos algozes e a resignação e o perdão das vítimas:
"Começaram a dar tão desumanos e atrozes tormentos aos homens que já muitos dos que padeciam tomavam por mercê a morte. Mas os holandeses usaram da última crueldade entregando-os aos tapuias e potiguares, que ainda vivos os foram fazendo em pedaços, e nos corpos fizeram anatomias incríveis, arrancando a uns os olhos, tirando a outros as línguas e cortando as partes verendas e metendo-lhas nas bocas..." (Santiago).
A descrição da morte de Mateus Moreira é o ponto mais expressivo de toda a narrativa de Uruaçu e constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio.
"Os algozes arrancaram-lhe o coração pelas costas, e ele morreu exclamando: 'Louvado Seja o Santíssimo Sacramento."
O Beato João Paulo
II, os chamou de Protomártires do Brasil, reconhecendo-os como “os
primeiros a testemunharem com o sangue em terras brasileiras a Fé em Cristo e o
Amor à Igreja Católica”. Também considerou-se o reconhecimento pelos Bispos do
Brasil da fidelidade do leigo Mateus Moreira à Santa Eucaristia, que rezou na
hora do martírio “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”, proclamando-o em
2005 Padroeiro dos Ministros da Eucaristia no Brasil.
“São estes os sentimentos que invadem nossos corações,
ao evocar a significativa lembrança da celebração dos quinhentos anos da
evangelização no Brasil, que acontece este ano. Naquele imenso País, não foram
poucas as dificuldades de implantação do Evangelho. A presença da igreja foi se
afirmando lentamente mediante a ação missionária de várias ordens e
congregações religiosas e de sacerdotes do clero diocesano.
Homilia de João Paulo II, na missa de Beatificação em 05 de março de 2000.
Os mártires, que
hoje são beatificados, saíram, no fim do século XVII, das comunidades de Cunhaú
e Uruaçu, do Rio Grande do Norte. André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro –
presbíteros e 28 companheiros leigos pertencem a esta geração de mártires que
regou o solo pátrio, tornando-o fértil para a geração de novos cristãos. Eles
são as primícias do trabalho missionário, os protomártires do Brasil. Um deles,
Mateus Moreira, estando ainda vivo, foi-lhe arrancado o coração das costas, mas
ele ainda teve forças para proclamar a sua fé na Eucaristia, dizendo: Louvado
seja o Santíssimo Sacramento”
COMEMORAÇÃO DOS 500 ANOS DA HISTÓRIA DO PAÍS
No ano de 2000, Dom Heitor de Araújo Sales,
Arcebispo de Natal, afirma que a beatificação dos Protomártires do Brasil chega
num momento oportuno para colocar em evidência o debate sobre ecumenismo,
tolerância e paz no mundo, a partir do diálogo religioso, ao mesmo tempo em que
questiona qualquer estrutura social injusta e pecaminosa. A Arquidiocese realizou romaria a Uruaçu, reunindo mais de 15 mil pessoas, com o
tema "Brasil, um filho teu não foge à luta", lembrando a coragem dos
mártires e o seu testemunho em defesa de um país justo e democrático.
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