Santa Teresa do Menino Jesus nasceu em Alençon,
França, em 1873. É a filha mais nova dos Beatos Luís Martin e Célia Guérin,
casal cristão exemplar. Aos 15 anos, Teresa entrou no Carmelo de Lisieux. A
vida de clausura e de contemplação, a vivência da infância espiritual, não a
impediram de ser missionária. Pelo contrário, viveu de modo extraordinário o
ideal de Santa Teresa de Ávila: “Vim para salvar almas e sobretudo a fim de
rogar pelos sacerdotes”. A entrega de amor fê-la vítima de amor. Faleceu aos 24
anos de idade, em 1897. Pio XI canonizou-a em 1925, proclamando-a Padroeira das
Missões.
O AMOR À BONDADE E À MISERICÓRDIA
Santa Teresinha foi escolhida por Deus para ensinar um
caminho de santificação a ser trilhado pelas almas fracas - a "pequena
via", a via da Confiança por excelência.
Escreveu ela nos Manuscritos: "Sempre desejei ser
uma santa (...) O bom Deus não inspira desejos irrealizáveis, eu posso,
portanto, aspirar à santidade apesar de minha pequenez. Tornar-me grande, é
impossível. Devo, pois, suportar- me tal como sou, com todas as minhas
imperfeições, mas quero procurar um meio de ir ao Céu por uma pequena via, bem
reta, bem curta (...) Eu quereria encontrar um elevador para subir até Jesus,
porque sou pequena demais para escalar a áspera escada da perfeição. (...) Ah!
o elevador que me fará subir ao Céu são vossos próprios braços, ó meu
Jesus!"
Essa grande Santa manteve intacta sua Inocência
batismal, nunca manchou sua alma por um único pecado grave sequer.
NINGUÉM TEM PRETEXTO PARA NÃO DESEJAR A SANTIDADE
O preceito do Divino Mestre, "sede perfeitos como
vosso Pai celeste é perfeito", é dirigido à humanidade inteira. O que para
qualquer ser humano é impossível, Ele tornou possível até para os mais débeis,
pelos méritos infinitos de sua Paixão e Morte na Cruz. As miríades de Santos do
Céu dão testemunho dessa verdade consoladora.
Santa Teresinha, porém, vai mais longe. Além de nos
ensinar pela doutrina e pelo exemplo, ela se põe à nossa disposição, como se pode
ver nas palavras ditas a suas irmãs de Vocação no dia 17 de julho, menos de
três meses antes de subir ao Céu:
"Sobretudo, sinto que minha missão vai começar,
minha missão de fazer amar o bom Deus como eu O amo, de comunicar às almas
minha "pequena via". Se o Bom Deus realiza meus desejos, meu Céu se
passará sobre a terra até o fim do mundo. Sim, quero passar meu Céu fazendo bem
à terra." "... minha missão de fazer amar o bom Deus como eu O
amo".
COM SEMBLANTE BELO E LUMINOSO, E DIZENDO
PALAVRAS QUE SOAVAM COMO UMA MELODIA
DE ANJO, SANTA TERESINHA APARECEU DIVERSAS VEZES PARA COMUNICAR AO MUNDO
INTEIRO ESTA ANIMADORA VERDADE: A SANTIDADE ESTÁ AO ALCANCE DE TODAS AS ALMAS, MESMO AS MAIS DÉBEIS.
DE ANJO, SANTA TERESINHA APARECEU DIVERSAS VEZES PARA COMUNICAR AO MUNDO
INTEIRO ESTA ANIMADORA VERDADE: A SANTIDADE ESTÁ AO ALCANCE DE TODAS AS ALMAS, MESMO AS MAIS DÉBEIS.
Estamos em 1897. Duas jovens carmelitas conversam no
Carmelo de Lisieux. Uma delas, Sor Teresinha do Menino Jesus, aproxima-se do
fim de sua vida e do cume da santidade. A outra, que nutre por ela verdadeira
admiração, é uma noviça vinda de Paris, Sor Maria da Trindade.
As duas conversam sobre a via espiritual que a Irmã
Teresinha ensinava: a "pequena via". Ante as insistentes perguntas da
noviça, a santa e doutora da Igreja afirma com absoluta segurança: - Se estou
te induzindo a erro com minha pequena via de amor, não temas que eu te deixe
seguindo-a durante muito tempo. Aparecerei logo para te dizer que tomes outro
rumo. Mas se eu não voltar, crê na verdade de minhas palavras: no bom Deus, tão
poderoso e misericordioso, nunca se confia demais. D'Ele se obtém tudo quanto
se espera.
UM ANGUSTIANTE PROBLEMA FINANCEIRO
Folheando as atas do processo de beatificação da Serva
de Deus, encontramos, além de seus escritos e das declarações das testemunhas,
também o relato de milagres realizados por ela post mortem.
Num desses, operado no mosteiro carmelita de Gallipoli
(Itália), Santa Teresinha confirma a segurança e a santidade de sua
"pequena via".
No mês de janeiro de 1910, o Carmelo de Gallipoli
encontrava-se numa situação econômica catastrófica: em matéria de alimentação,
as freiras estavam reduzidas a um quilo de pão para cada uma, por semana; havia
dias em que, nada havendo para comer, elas iam para a capela rezar, em vez de
ir para o refeitório.
Passou por lá nessa época uma religiosa da Congregação
das Marcelinas, de Milão, falou-lhes da jovem Serva de Deus Teresinha do Menino
Jesus e lhes deu de presente a tradução italiana da História de uma Alma.
As carmelitas de Gallipoli se entusiasmaram com essa
sua irmã de hábito morta em odor de santidade na França e iniciaram, por
intercessão dela, um tríduo à Santíssima Trindade, pedindo a solução de seu
angustiante problema financeiro.
No dia 16 desse mesmo mês de janeiro, a Madre Priora,
Sor Maria Carmela do Coração de Jesus, caiu doente com febre e mal-estar,
devido às preocupações pelas dívidas do seu mosteiro. Ela própria narra o que
aconteceu nessa noite.
"AQUI TENS 500 FRANCOS PARA PAGAR AS
DÍVIDAS"
Por volta de três horas da madrugada - conta ela -
senti que uma mão me cobria com muita ternura com o cobertor que havia caído.
Julgando ser uma religiosa do convento, disse-lhe sem abrir os olhos: -
Deixa-me, estou transpirando muito.
Ouvi então uma voz doce e desconhecida que me dizia:
- Não, o que estou fazendo é uma coisa boa. Escuta, o
bom Deus se serve dos habitantes do Céu, como dos da terra, para socorrer os
seus servidores. Toma, aqui tens 500 francos para pagar as dívidas da
comunidade.
- A dívida da comunidade é de apenas 300 francos.
- Pois bem, restarão 200. Agora, como não podes
guardar dinheiro na cela, vem comigo.
Eu, porém, pensei: "Como levantar- me? Estou
cheia de suores". Então a celeste visão me disse sorrindo: "A
bilocação nos ajudará".
Encontrei-me imediatamente fora da cela em companhia
de uma jovem carmelita cujo hábito e véu deixavam transparecer uma claridade
paradisíaca que nos iluminava o caminho.
Ela conduziu-me à sala onde guardávamos o dinheiro em
uma pequena caixa. Ali estava a anotação das dívidas da comunidade, e ali ela
depositou os 500 francos. Olhei-a com uma admiração cheia de alegria e me
prosternei para lhe agradecer, dizendo: "Oh! Minha Santa Madre!" (É
assim que as carmelitas se referem a Santa Teresa de Ávila). Ela, porém,
acariciando-me com muito afeto, disse: "Não, não sou nossa Santa Madre, sou
a Serva de Deus Sor Teresa de Lisieux".
Então a jovem religiosa, acariciando- me uma vez mais
com amor, afastou- se suavemente.
"MINHA VIA É SEGURA E NÃO ME ENGANEI
SEGUINDO-A"
Atônita pelo que acabava de suceder, e pensando que
Santa Teresinha não encontraria a porta de saída do Carmelo, a Priora disse-lhe
um tanto maquinalmente:
- Cuidado, poderia errar o caminho!
- Não, não, minha via é segura e não me enganei
seguindo-a - respondeu a Santa com um sorriso celestial.
Sor Maria Carmela levantou-se imediatamente e foi para
a Capela. As religiosas, notando nela algo diferente, lhe perguntaram o que
havia acontecido. Ela lhes narrou a maravilhosa visão e foram todas ver a caixa
onde se guardava o dinheiro do Carmelo, e lá encontraram a nota de 500 francos!
"ESSES OSSOS BENDITOS FARÃO MILAGRES
EXTRAORDINÁRIOS"
Em 5 de setembro desse ano - véspera da exumação de
seus restos mortais - a Serva de Deus apareceu mais uma vez.
"Depois de falar-me a respeito do bem espiritual
da comunidade - narra a Madre Carmela - ela me anunciou que na exumação só se
encontrariam ossos. Depois me fez compreender os prodígios que ela faria no
futuro. ‘Esteja segura, minha querida Madre, de que esses ossos benditos farão
milagres extraordinários e serão armas poderosas contra o demônio'."
A Priora observou que a Santa da "pequena
via" sempre aparecia na aurora, seu semblante era belo e luminoso, suas
vestes brilhavam como prata transparente e suas palavras soavam como melodia de
Anjo.
A SANTIDADE AO ALCANCE DAS PESSOAS COMUNS
A própria Santa Teresinha explica, nos Manuscritos
Autobiográficos, em que consiste a sua "pequena via" de santificação.
"Sempre desejei ser santa, mas - pobre de mim! -
sempre constatei, ao me comparar com os santos, que entre eles e eu existe a
mesma diferença que há entre uma montanha cujo cume se perde nos céus e o grão
de areia obscuro pisado pelos transeuntes. Longe de desanimar, disse a mim
mesma: ‘O bom Deus não pode inspirar desejos irrealizáveis. Logo, apesar de
minha pequenez, posso aspirar à santidade. Tornar-me grande, é impossível;
devo, pois, me suportar tal como sou, com todas as minhas imperfeições, mas
quero procurar um meio de ir ao Céu por uma pequena via bem direita, bem curta,
uma pequena via inteiramente nova'."
Com sua doutrina e, sobretudo, com seu exemplo, a
suave Carmelita de Lisieux demonstrou que a santidade é acessível a todos. Ela
"viveu a santidade pura e simples, com todo o encanto e sedução da alma
moderna, muito humana e muito próxima de nós", afirma um de seus mais
insignes biógrafos.
Ao canonizá-la - mais ainda, ao proclamá-la Doutora da
Igreja - a Santa Igreja oficializou sua "pequena via" como um
autêntico caminho de santidade. Isso foi afirmado claramente pelo Papa Bento
XV, em discurso de 14 de agosto de 1921: "No caminho da infância
espiritual está o segredo da santidade para os fiéis do mundo inteiro". E
a bula de canonização assinala que por meio de Santa Teresinha Deus propunha
aos homens um novo modelo de santidade, ao alcance não só de padres e freiras,
mas também dos leigos de todas as idades e condições sociais.
“NO CORAÇÃO DA IGREJA MINHA MÃE, EU
SEREI O AMOR”
(SANTA TERESA DO MENINO JESUS).
Ordem
Carmelita Descalça no Brasil
Sacerdotes
do Coração de Jesus
Santos
e Santas de Deus
Revista
Arautos do Evangelho
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