sábado, junho 04, 2016

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



Misericórdia e coração são duas palavras extremamente afinadas. O coração está dentro da misericórdia porque não pode haver misericórdia se o coração não for bondoso e amoroso. A misericórdia é uma daquelas virtudes que são cultivadas no coração a ponto de contagiar toda uma vida, direcionar olhares e mãos para erguer quem foi expulso e colocado à beira de caminhos. São os marginalizados pela sociedade. É o que percebemos ao ler a parábola do Bom Samaritano, mas também vemos no exemplo de pessoas que se santificaram pela misericórdia, como Madre Teresa de Calcutá, como Irmã Dulce, como tantos bons samaritanos escondidos de nossos olhos, presente em nossa comunidade e em tantas outras comunidades cristãs de toda a Igreja. É justo, portanto, que iluminemos a Solenidade do Coração de Jesus com as luzes da misericórdia, porque o Coração de Jesus é a manifestação viva da misericórdia divina diante de nossos olhos. Como diz Papa Francisco, Jesus é o rosto misericordioso de Deus em nosso meio. É o coração misericordioso de Deus entre nós.



A Palavra que ouvimos, hoje, mostra uma característica muito importante no conceito de misericórdia: a atividade. Ainda persiste aqui e ali a mentalidade de compreender a misericórdia como elemento sentimental ou emotivo diante do sofrimento do outro. Compreensão da misericórdia como ter dó de alguém. É isto também, mas este sentimento ou emoção é somente a primeira parte da misericórdia, aquela que vendo com os nossos olhos atinge nosso coração e, dependendo do coração que temos, somos capazes de nos encher de compaixão para com quem sofre através da atividade, isto é agindo. Assim aconteceu com Jesus diante da multidão faminta (Mt 9,36) ou diante da viúva de Naim (Lc 7,11-17). Assim acontece na parábola do Bom Samaritano (Lc 10,30-37). Em todas estas passagens da vida de Jesus, o movimento que segue ao quadro que toca nossos corações é a atividade misericordiosa, a tomada de atitude para se fazer algo, para mudar a realidade e favorecer a continuidade da vida, lá onde a vida está sendo machucada. A misericórdia nunca pára no sentimento; começa nele e termina na atividade transformadora da realidade.


Contemplando o Coração de Jesus como Bom Pastor, presente na Palavra que ouvimos, percebemos como nosso coração pode ser misericordioso a exemplo do Coração de Jesus. Primeiramente, sentindo falta daquela ovelha que desapareceu de nosso meio, que se perdeu em algum caminho. Depois, assumindo a atitude de sair em busca da ovelha perdida, de procurar a ovelha que deveria estar caminhando em caminhos seguros, como cantávamos no salmo responsorial, mas caminha em caminhos perigosos. Este preocupar-se por quem caminha em estradas promotoras de mortes, como é o caso da droga, do alcoolismo, do medo, da ansiedade, do desespero, da depressão... é uma atitude misericordiosa. A dimensão prática desta atitude é estender a mão e ajudar a pessoa a viver na casa do Bom Pastor, a participar da alegria pelo reencontro com a vida. Atitudes assim vão modelando nossos corações na misericórdia, e nos tornando semelhantes ao Coração de Jesus.