NAQUELE TEMPO, Jesus dirigiu-se a uma cidade chamada Naim. Com ele iam seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê- -la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: “Não chore!” Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo.” E a notícia do fato espalhou-se pela Judeia inteira, e por toda a redondeza.
(Lc 7,11-17)
Nós professamos a fé de que Deus é a fonte da vida. A vida vem de Deus, a vida nasce de Deus porque Deus é a vida plena e quer que nós participemos da sua vida. É por isso que ele tem poder para refazer a vida, mesmo onde esta tenha morrido. É assim que compreendemos o fundamento da doutrina católica que se coloca sempre a favor da vida e nunca permite e sequer admite atitudes que provoquem ou promovam a morte. Estou falando aqui da posição da Igreja, por exemplo, contra o aborto, contra a eutanásia, contra a violência que mata jovens e destrói famílias por causa da droga ou do alcoolismo. Se somos de Deus, se recebemos a vida de Deus, então não podemos agir contrariamente à proposta divina de salvar a vida em todas as circunstâncias.
Defender da vida, colocar-se ao lado da vida e a favor da vida é um gesto de misericórdia. Todas as obras de misericórdia são atitudes que defendem e promovem a vida. As narrativas da 1ª leitura e do Evangelho apresentam a compaixão de Jesus e de Elias diante do luto de duas mães viúvas. Uma compaixão que se transforma em atitude a favor da vida, regenerando a vida. Se não podemos fazer ressuscitamentos, podemos regenerar a vida através da nossa misericórdia. “Um grande profeta surgiu entre nós”, dizia o povo. É, pois, na linha do profetismo que podemos nos tornar misericordiosos promovendo a vida e impedindo tudo que possa favorecer a morte. A atitude compassiva de Deus se traduz em gestos de misericórdia a favor da vida. Volto a repetir: não podemos ressuscitar ninguém, mas podemos ter a misericórdia divina em nós para promover a vida, condenando tudo que produz morte ao nosso redor: drogas, violência, bebedeiras, agressividades... Contra tudo isso nos colocamos porque somos cristãos e como cristãos sempre somos a favor da vida.