A Igreja Ortodoxa Copta (em árabe: الكنيسة القبطية الأرثوذكسية, transl. Al-Kanīsah al-Qibṭiyyah al-ʾUrṯūḏuksiyyah; transl. Tiekklesia Nremnkhemi Northodoksos), de acordo com a tradição, foi estabelecida pelo evangelista Marcos no Egipto por volta do ano de 42 d.C.. É uma igreja ortodoxa oriental, isto é, uma igreja cristã que, por não aceitar o Concílio de Calcedónia, não está em comunhão com a Igreja Ortodoxa nem com a Igreja Católica. Pratica o rito alexandrino, a única grande igreja a executá-lo ao lado da Igreja Católica Copta.
É a igreja cristã nacional do Egito (copta significa egípcio) e uma das igrejas da Ortodoxia Oriental mais antigas do mundo. A maior igreja cristã do Norte da África, é governada pelo seu primaz, o Papa Tawadros II de Alexandria, juntamente com o seu Sínodo.
História
Um ponto definitivo da Igreja Copta se deu no Concílio de Calcedônia, no ano de 451. O Papa Dióscoro de Alexandria, protestando contra o que percebia como uma influência nestoriana na fórmula calcedoniana e contra a influência do Imperador Marciano, glorificado como santo pelos calcedonianos, convocou o Segundo Concílio de Éfeso, protegendo Eutiques como ortodoxo e separando-se do resto da Igreja. Como resultado, a maior parte da Igreja de Alexandria separou-se das restantes igrejas cristãs por causa das suas características miafisistas, com o remanescente diofisista subsistindo hoje na Igreja Ortodoxa Grega de Alexandria. Este cisma, subsistindo na chamada Ortodoxia Oriental, perdura até hoje.No século IV um presbítero vindo do que é hoje a Líbia, Ário, iniciou uma discussão teológica sobre a natureza de Jesus Cristo que se espalhou por toda a Cristandade. O Concílio de Niceia (325), convocado pelo imperador Constantino para resolver a questão levou à formulação do Credo de Niceia, ainda hoje recitado por todos os cristãos, e cujo autor é Santo Atanásio.
A Igreja Ortodoxa Copta teve hegemonia regional por algum tempo, hegemonia esta que foi mantida mesmo algum tempo após a conquista muçulmana do Egito no ano de 639. Gradualmente, no entanto, as conversões ao Islã, largamente influenciadas pelos abusos contra cristãos e pela jizya, transformaram o Egito em um país majoritariamente muçulmano ainda por volta do século XII.
Em 1741, o bispo copta Atanásio de Jerusalém converteu-se ao catolicismo romano, sendo subsequentemente apontado pelo Papa Bento XIV como vigário apostólico de menos de dois mil coptas. Este bispo acabaria retornando para a Igreja Ortodoxa, mas em 1824 foi estabelecido um Patriarca de Alexandria em união com Roma, que progressivamente construiria igrejas praticando o rito alexandrino até que o Papa Leão XIII fatalmente restabeleceu a Igreja Católica Copta em 1895, hoje com sede em Cairo.
No caso da Etiópia, desde o século IV até 1959, o Papa de Alexandria, como Patriarca de Toda a África, sempre indicou um egípcio para ser Abuna, ou Arcebispo da igreja local. Porém, em 1959, a Igreja Ortodoxa Etíope obteve finalmente o direito de ter o seu próprio Patriarca nativo, tornando-se assim autocéfala e independente da Igreja Ortodoxa Copta. Subsequentemente, em 1998 foi consagrado um patriarca para a Eritreia, devido à tensão da Guerra Eritreia-Etiópia, estabelecendo assim a Igreja Ortodoxa Eritreia.
Embora as igrejas copta, etíope e eritreia sejam independentes umas das outras, elas se mantêm em plena comunhão umas com as outras. No entanto, as igrejas Etíope e Eritreia ainda reconhecem a supremacia honorária do Papa de Alexandria, e, consequentemente, ainda têm seus respectivos Patriarcas, antes de sua entronização, necessariamente aprovados pelo sínodo da Igreja Copta, que é a Igreja-Mãe das igrejas etíope e eritreia.
Distribuição
Os coptas celebram o Natal em 7 de Janeiro, conforme o calendário juliano. Um costume curioso da Igreja Copta é que, em liturgias ordinárias, ainda se usa a copta, um descendente da língua egípcia, original do Antigo Egito. A Igreja funciona como uma das últimas comunidades preservando esta língua, sendo que, com os vários atentados contra a Biblioteca de Alexandria e a influência de outras línguas (principalmente a árabe) na antiguidade, a língua foi sendo esquecida aos poucos e, logo, tornou-se incompreensível, estando definitivamente extinta no máximo pelo século XVII. Porém, a Igreja Copta mantém viva a língua copta graças a seus ritos litúrgicos.
Há também um pequeno número de convertidos por esforços missionários, principalmente ao longo da África. No Brasil, os coptas são representados desde 2001 por uma catedral em Jabaquara, São Paulo, presidida pelo bispo Dom Aghason Anba Paul.