segunda-feira, janeiro 30, 2017

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM



O pecado da presunção, muito cultivado em corações orgulhosos, é o grande empecilho para se viver as Bem-aventuranças. O antídoto da presunção encontra-se na profecia de Sofonias (1L), com o convite para se tornar humilde e buscar a simplicidade no coração divino. Um coração presunçoso jamais se encontra com o Coração divino, porque ele julga que se basta a si mesmo. É aqui que encontramos a raiz e as causas de tantos males de nossa sociedade. São os valores do mundanismo, as propostas do mundo, como chama Papa Francisco

A presunção, o querer bastar-se a si mesmo, o sentir-se acima de tudo e de todos, o considerar-se que não precisa de ninguém, nem mesmo de Deus, é irmã gêmea do orgulho. Todo orgulhoso é presunçoso e toda presunção é um canteiro apropriado para se cultivar as sementes do orgulho e da arrogância. Os mestres espirituais cristãos dizem tratar-se do “pior dos males”, porque o presunçoso não considera ninguém; ele é o maioral. Nenhum de nós está livre deste mal. Podemos ter uma semente da presunção e do orgulho dentro de nós. Quando nos encontramos com um presunçoso — aquela pessoa que se acha o maioral, o “the best” — nos sentimos mal, porque a presunção fede rejeição; não acolhe, rejeita.

As bem-aventuranças agem justamente como antídoto capaz de combater este mal em nossas vidas e na vida de toda a comunidade. A primeira das Bem-aventuranças é a chave para entender o que estou dizendo: feliz quem é pobre porque está vacinado contra o vírus do orgulho e da presunção. O pobre, do ponto de vista evangélico, não é um dependente e nem padece da síndrome da dependência. O pobre é uma pessoa livre, libertada por dentro, porque não se interessa em se mostrar melhor que os outros e nem coloca sua força naquilo que tem.

Pobre, no contexto das Bem-aventuranças, não tem o sentido de privação dos bens, mas de ser livre diante dos bens e das riquezas que o mundo propõe. Isto vale a pena ser pensado e considerado neste Domingo. Nenhum cristão é chamado a viver na pobreza material, nem mesmo na miséria e, muito menos a ter um espírito pobre, mas é sempre chamado a viver desapegado dos bens terrenos para não ser escravizado na presunção de se considerar o todo-poderoso, porque quem assim age e pensa não é livre.