quarta-feira, agosto 09, 2017

FESTA DE SÃO LOURENÇO




Homilia para Festa

Nesta data , fazemos memória do diácono e mártir Lourenço, da Igreja primitiva, que viveu no Século II. Lourenço viveu a fé de um modo exemplar, dando testemunho de Cristo de modo bem humorado e com muita ousadia. Não teve medo do martírio, e encarou com irreverência a morte, vendo nela a coroação de seus trabalhos em prol da Igreja.

Toda vez que fazemos memória de um mártir , somos convidados a refletir sobre nosso agir cristão e a nossa fé no Cristo Jesus , mártir dos mártires, o primeiro a viver o martírio e mostrar que quem “faz pouca conta” de sua vida neste mundo conservá-la- á para a vida eterna. Fazer pouco conta da vida não significa banalizar a vida, pelo contrário, significa conferir à vida um valor supremo e defendê-la até as últimas consequências . Defender a vida com a própria vida , a vida dos nossos semelhantes com a nossa vida. Esse é um gesto extremado de amor ao próximo. Assim sendo, quem gasta a sua vida , se doando ao próximo , ganha a vida perante Deus e se torna semente na terra.

Por essa razão , a imagem da semente e da semeadura é apropriada para falar do martírio . Sabemos que se guardamos uma semente ela não germinará e , com o tempo, apodrecerá. Por outro lado , se a semeamos , ela germinará e dará outras sementes , que por sua vez se multiplicarão em outras plantas, num ciclo infinito de preservação da vida. Assim são aqueles que gastam a sua vida fazendo o bem .

A primeira leitura ( 2 Cor 9,6-10) fala exatamente disso , ao usar a expressão “quem semeia pouco colherá também pouco e quem semeia com largueza colherá também com largueza” Quanto mais fizermos o bem aos nossos semelhantes, mais vidas serão preservadas e , assim, nos tornaremos grandes diante de Deus. As nossas ações revelam o que vai dentro de nosso coração . Cada um faz e dá aquilo que tem dentro de si. Quando cultivamos coisas boas dentro de nós , em abundância, nossas ações serão boas abundantemente . Se fazemos pouco ou nada para o próximo é porque temos pouco ou nada dentro de nós . Paulo recorda que tudo o que fazemos de bom para os outros será recompensado por Deus. Portanto, vale a pena fazer da nossa vida uma constante doação , sendo uma semente colocada na terra .

O Evangelho de João (Jo 12, 24-26) , único a trazer esta parábola , mostra que não podemos querer preservar a vida no sentindo de nos furtar de ajudar o próximo , de não nos envolvermos para solucionar os problemas que atingem a humanidade. Se assim fizermos , seremos grãos de trigo que não caem na terra; estaremos ,portanto , fadados a morrer. Mas se nossa vida for uma constante doação , mesmo que venhamos a morrer por causa disso, teremos vida para sempre junto de Deus, e o sangue derramado irrigará outras sementes para que a missão continue .

São esses exemplos dos mártires . Eles alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro, eles são sementes de trigo caídas na terra e que estão produzindo frutos. Foi assim com o diácono Lourenço ; é assim com todos os mártires de ontem e de hoje . Que os exemplos dos mártires nos encorajem na missão .

Cf. Liturgia da Palavra II , Ed Paulus , Padre José Carlos Pereira