São Bernardo de Claraval dizia que existem quatro graus do amor humano:
1 – O homem ama a si próprio.
2 – Ao descobrir que não pode estar só e que Deus lhe é necessário, o homem começa a procurar o seu Criador e a amá-lo, mas como fonte de benefício.
3 – Como as necessidades o obrigam a recorrer a Deus com frequência, na meditação, na leitura, na oração e na obediência, o homem acaba compreendendo a doçura divina e atinge o terceiro grau: amar a Deus puramente e por Si próprio, mas ainda não com amor exclusivo.
4 – O homem ama somente a Deus e, em Deus e por causa de Deus, também ama o próximo e a si mesmo como filhos de Deus.
E Deus, como nos ama? São Bernardo passa a palavra:
“Deixemos que responda São João evangelista: ‘Tanto amou Deus o mundo que lhe deu o seu Filho Unigênito’”.
Ó doce Virgem Maria, minha augusta Soberana!
Minha amável Senhora!
Minha boníssima e amorosíssima Mãe!
Doce Virgem Maria, coloquei em Vós toda a minha esperança e não serei em nada confundido.
Doce Virgem Maria, creio tão firmemente que do alto do Céu Vós velais dia e noite por mim e por todos os que esperam em Vós, e estou tão intimamente convencido de que jamais faltará coisa alguma quando se espera tudo de Vós, que resolvi viver para o futuro sem nenhuma apreensão e descarregar inteiramente em Vós todas as minhas inquietações.
Doce Virgem Maria, Vós me estabelecestes na mais inabalável confiança. Mil vezes Vos agradeço por tão precioso favor!
Doravante habitarei em paz em vosso coração tão puro; não pensarei senão em Vos amar e Vos obedecer, enquanto Vós mesma, ó Mãe bondosa, gerireis os meus interesses mais queridos.
Doce Virgem Maria! Como, entre os filhos dos homens, uns esperam a felicidade da sua riqueza, outros a procuram nos talentos!
Outros se apóiam sobre a inocência de sua vida, ou sobre o rigor de sua penitência, ou sobre o fervor de suas preces, ou no grande número de suas boas obras.
Quanto a mim, minha Mãe, esperarei em Vós somente, depois de Deus;
e todo fundamento de minha esperança será sempre a minha confiança em vossas maternais bondades.
Doce Virgem Maria, os maus poderão roubar-me a reputação e o pouco de bem que possuo;
as doenças poderão tirar-me as forças e a faculdade exterior de Vos servir;
poderei eu mesmo — ai de mim, minha terna Mãe! — perder vossas boas graças pelo pecado;
mas a minha amorosa confiança em vossa maternal bondade, jamais — oh, não! — jamais a perderei!
Conservarei esta inabalável confiança até meu último suspiro.
Todos os esforços do inferno não a arrebatarão de mim.
Morrerei repetindo mil vezes o vosso nome bendito, fazendo repousar em vosso Coração toda a minha esperança.
E por que estou tão firmemente seguro de esperar sempre em Vós?
Não é senão porque Vós mesma me ensinastes, dulcíssima Virgem, que sois toda misericórdia e somente misericórdia.
Estou, pois, seguro, ó boníssima e amorosíssima Mãe!
Estou certo de que Vos invocarei sempre, porque Vós sempre me consolareis;
de que Vos agradecerei sempre, porque sempre me confortareis;
de que Vos servirei sempre, porque sempre me ajudareis;
de que Vos amarei sempre, porque sempre me amareis;
de que obterei sempre tudo de Vós, porque o vosso liberal amor sempre ultrapassará a minha esperança.
Sim, é de Vós somente, ó doce Virgem Maria, que, apesar de minhas faltas, espero e aguardo o único bem que desejo: a união a Jesus no tempo e na eternidade.
É de Vós somente, porque sois Vós aquela a quem meu Divino Salvador escolheu para me dispensar todos os Seus favores, para me conduzir a Ele com segurança.
Sim, sois Vós, minha Mãe, que, após me terdes ensinado a compartilhar as humilhações e sofrimentos de vosso Divino Filho, me introduzireis em Sua glória e em Suas delícias, para O louvar e bendizer, junto a Vós e convosco, pelos séculos dos séculos.
Assim seja.
São Bernardo de Claraval